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Sᴏғɪᴀ POV
Dᴇᴢᴇᴍʙʀᴏ ᴅᴇ 2023
Mɪᴀᴍɪ, Fʟᴏ́ʀɪᴅᴀ

Chegamos à delegacia, logo recebi uma mensagem da minha irmã, dizendo que havia acabado de pousar e estava indo direto para casa. A delegada conversou conosco, a sua alegria em ter prendido aquele monstro era nítida.

- Delegada, eu gostaria de vê-lo – franzi o cenho.

- Talvez não seja uma boa ideia – me olhou.

- Preciso disso, eu preciso olhar aquele infeliz nos olhos – eu a entendia, mas ainda assim, achava imprudente.

- Então irei com você. Tem como, delegada? - nos analisou por alguns segundos.

- Tudo bem, deixarei, mas não façam nada imprudente – acenei em positivo. Saímos de sua sala e fomos para a área das celas. Quando chegamos na última, o vimos sentando no chão. Ele estava de cabeça baixa, o ombro estava imobilizado e as roupas sujas de terra e sangue. Toda a pompa que ele ostentava o abandonou.

A satisfação em vê-lo daquela forma aflorou...

- Finalmente, você está no lugar que merece – levantou a cabeça.

- Filha... – ficou de pé, vindo até a grade - Que bom te ver... - franzi o cenho.

- Não me chame de filha, seu bandido – usava de um tom agressivo.

- Eu posso explicar, filha, você leu a minha carta? Eu ia voltar para vocês, só precisa de um pouco mais de tempo - proferiu.

- Voltar para nós? Você é louco, por acaso? Não tem mais para onde você voltar. Acabou, agora você vai morrer em um presídio e pagar por tudo de ruim que fez - advertiu - Tem noção da porra que fez? A minha mãe e a minha irmã...

- Aquela bastarda não é a sua irmã. Ela foi a porra de um erro, erro esse que eu iria consertar – ele parecia a beira da loucura.

Eu quase senti pena...

- NUNCA MAIS A CHAME ASSIM! – Claire enfiou o braço na grade, o puxou pelo ombro imobilizado, fazendo ele gemer em dor - Você sim é um bastardo. Um bandido, assassino... Eu sei das coisas que fez e tenho nojo, asco de você!

- Claire, se acalme – a afastei - Não vale a pena!

- Eu fiz tudo isso por nós, filha, por sua vó. O seu avô, aquele infeliz, nos deixou na beira da ruína e eu precisava fazer alguma coisa - disse - Foi tudo por nós, meu amor...

- De que merda você tá falando? - perguntou - Responde!

- Estávamos falidos, iriam tomar a casa da sua vó e todo o nosso prestígio iria pelo ralo. O bêbedo do seu avô, aquele infeliz... - respirou profundamente - Filha, eu já tinha consertado tudo, iríamos nos erguer...

- Com dinheiro de tráfico e roubo, papai? - questionou - Você só pode estar brincando

- Você é um doente – me olhou.

- Era para você estar morta agora, sua vagabunda. Morta! Você e a bastarda, enterradas lado a lado - vi a foto raiva em seus olhos - As amantes juntas para sempre no inferno... Eu tenho nojo de você

- CALADO! CALADO! Você me dá asco - indagou Claire.

- Vamos sair daqui – coloquei meu braço sobre o ombro dela.

- Espera, minha filha... Não me deixa aqui - pediu - Eu sou o seu pai! - saímos daquela área direto para os fundos, onde o ar era fresco. Logo ela sentou em um banco de concreto, colocou a mão entre os dentes e abafou o grito agoniado que estava preso em seu peito.

We Go Down Together - Dofia (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora