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Tem um pensador que disse uma vez, que quando alguém morre é nós que deixamos de existir. A dor permanece nas entrelinhas de tudo aquilo que nunca mais poderemos ser para aquela pessoa, em tudo que ainda vai acontecer sem a presença dela. É deixar de ser filho ou filha, deixar de ser irmão ou amigo, é sobre deixar de ser algo para alguém e nunca mais poder ser novamente.

A chuva tinha dado uma trégua na cidade na última semana, o céu estava azul e sem nenhum sinal de nuvens. O barulho do trânsito da rua invadia pela varanda, a sala do apartamento que se encontrava em completo silêncio.

Um tilintar de chaves e as unhas das patas do cachorro no assoalho são as únicas coisas que quebram o ambiente silencioso em que Eliza se encontrava.

Bucky entra segurando uma sacola de compras da mercearia que ficava na rua debaixo. Há duas semanas ele não ia mais longe do que um raio de 1km do apartamento e isso incluía os passeios de Chester, que ficaram restringidos a andar na calçada da frente do prédio nos últimos dias.

- Trouxe almoço. - Bucky anuncia colocando a sacola em cima da bancada na cozinha. - Está com fome?

Silêncio. Eliza continuava no mesmo lugar onde ele tinha à deixado antes de sair. Sentada no sofá ollhando para a porta da varanda, enrolada em uma fina coberta. Calada.

Depois de enterrar a mãe duas semanas atrás, Eliza mal abria a boca para dizer algo. Não comia direito, não dormia direito. Há duas semanas Bucky tentava à alimentar direito, trocava suas roupas e dava banho nela todos os dias.

Ele deixa um prato cheiroso de macarrão e um copo de suco de laranja em uma bandeja a frente dela no sofá, na esperança de que ela se alimente e sai da sala para atender a chamada no celular.

- Pode dizer que a resposta é não. Não importa mais se o céu estiver caindo. Não posso deixar ela sozinha. - Bucky fala no celular recusando talvez a terceira missão das duas últimas semanas.

Quando encerrou a ligação viu na tela as mensagens não respondidas de Sam, algumas ligações de Palmer, várias ligações dos irmãos de Eliza, Melanie e Benjamin. Enviou a todos a mesma mensagem que vinha enviando a dias já: "Ela está bem. Obrigado pela preocupação."

Voltando para a sala, viu o prato de comida intocado dela sobre a mesinha de centro.

- Eliza você precisa comer. Eu não posso te obrigar, mas precisa fazer isso. - ela nem mesmo olha em sua direção - Amor, olha para mim. - ele pede ficando em frente a ela - Por favor...

Muito contragosto ela puxa o prato para perto dando uma garfada, para o alívio de Bucky que sorri satisfeito com o esforço dela.

Antes de cair a noite Bucky pega a guia de Chester para um passeio.

- Que tal irmos lá embaixo um pouquinho? Dar uma caminhada com o Chester? - ele pergunta esperançoso, mas Eliza apenas sinaliza que não com a cabeça.

- Tudo bem então. Vou te deixar aqui na sacada para você nos ver daqui de cima. - ele diz a pegando no colo e a colocando no sofázinho de bamboo na sacada - Talvez da próxima vez você queira ir com a gente dar uma volta. 

- Já volto amor. - ele beija a testa dela e sai assoviando - Chester! Vamos lá garoto.

Bucky e o cachorro saem do prédio e ao cruzarem a rua ele olha para cima vendo ela na sacada acompanhando os dois com os olhos, eles caminham um pouco com Chester cheirando tudo e abanando a cola para cada pessoa que passa na calçada. Bucky decide dar uma volta rápida na quadra antes de entrar no prédio novamente. 

Quando voltam a calçada do prédio Bucky vê uma Mercedez preta estacionada e em um dos bancos da entrada do prédio Valentina de Fontaine, sentada a sua espera muito provávelmente.

Deriva - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora