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Ela olhou bem para o rosto de Zemo, ele a encarava fundo nos olhos, quase podia ver algum resquício de arrependimento por tudo que tinha feito. O jatinho estava a poucos metros de onde o carro estava estacionado, esperando os dois ou somente ela.

Eliza olhou para suas mãos mais uma vez, arma carregada e destravada, de repente ela tinha 15 anos de novo pegando uma arma pela primeira vez, as imagens se repetindo na sua cabeça de como o Soldado tinha a ensinado a ser precisa em atirar, de relance seu pai de longe com um olhar de aprovação. Então ela fez o que tinha ido fazer e saiu do carro, entrou no jatinho e voltou para Nova York, tinha acabado.

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- E então? Você resolveu suas pendências Eliza? - o psicólogo perguntou a ela anotando algo em um bloquinho.

- Sim.

- Sim? - o homem parou de anotar e a olhou incrédulo - E como você se sentiu sobre isso?

- Em paz. Eu estou em paz. 

- E o que vai fazer agora? 

- Vou seguir em frente.

Assim que voltou a Nova York, Eliza tinha viajado até Cleaveland onde seu pai estava morando antes de ser assassinado por Zemo. Ela passou pela casa onde ele morava, tinha uma família muito simpática morando lá agora, ficou encarando a casa por uma meia hora talvez, depois foi até onde seu pai estava enterrado. Não havia uma lápide bonita e estava localizado num canto quase abandonado do cemitério da cidade, tinha apenas uma placa com o nome "Vasily Karpov 1965 - 2016 ". Sem fotos ou menção honrosa, sem grandes coroas de flores e sem dedicação de saudades. Vasily tinha sido enterrado ali sozinho, ninguém tinha chorado por ele enquanto a terra cobria seu caixão.

Eliza se abaixou e deixou os lírios brancos que tinha na mão sobre a pequena placa que tinha ali e pode então chorar por seu pai.

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- Ela não é uma assassina, por mais que você tenha ensinado quase todas as maneiras de matar alguém e apesar de ser filha de um General da HYDRA, ela não chegou nem perto do que eu fui por vingança. - Zemo faz uma pausa e se vira para encarar Bucky - Talvez seja porque ela é uma Rogers afinal, mas nomes não definem ninguém, no fundo ela é apenas uma sobrevivente como você James. 

Bucky repassava aquelas palavras de Zemo na cabeça por uma semana já, estava em casa  encarando a televisão passando o julgamento de Walker mas seus pensamentos pareciam estar em um volume mais alto que o mundo real. Levantou do chão e deu de mão na jaqueta de couro e no boné azul marinho, passou pela porta, chaveou e seguiu seu caminho.

O céu estava nublado anunciando a chuva que viria a seguir e Eliza tinha descido do apartamento com Chester para um passeio antes da chuva, o cachorro estava solto da guia e andava livre pela calçada, farejando em zigue zague enquanto Eliza ia logo atrás de cabeça baixa observando seus próprios pés andarem. Bucky viu de longe os dois e assim que o cachorro o reconheu pelo cheiro, saiu correndo em sua direção assustando a dona.

- Chester onde você... - ela parou no meio da frase ao ver Bucky agachado afagando as orelhas do cachorro.

- Oi. - Bucky disse se levantando e vendo ela se aproximar devagar com a guia de Chester na mão.

- Oi. 

Os dois ficaram se encarando sem saber o que dizer, Bucky não sabia o que exatamente tinha ido fazer ali e Eliza não sabia se devia perguntar.

- O Walker está em julgamento. - Bucky diz enfiando as mão nos bolsos da jaqueta.

- Eu vi na televisão. - ela segura Chester e prende a guia na coleira do cachorro - Ele deu muito trabalho para vocês aquele dia?

Deriva - Bucky BarnesOnde histórias criam vida. Descubra agora