01: The beggining of hell

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(Aparência da Mabel em cima!)

O começo do inferno

Havia dias em que eu me sentia observada, sentia que nenhum momento do dia poderia ter privacidade.

Incomodada com essa sensação, decidi dar uma caminhada pelo parque, o dia estava chuvoso e cinza, exatamente meu preferido.

Dias floridos e ensolarados são muito bonitos para o caos que o mundo é, são dias muito especiais para o mundo que ele ilumina.

Me sentei em um banco, na frente do parquinho infantil, sentindo a brisa gelada em meu rosto e braços.

— Mamãe! Olha para mim, eu estou voando! — Uma criança grita, balançando alto, sua mãe a olhava e sorria, com um brilho no olhar.

Fechei os olhos, meu coração doía ouvindo sua voz novamente...

— Mamãe! Olha aqui, eu vou pular do balanço! — Gritei para a mulher alta de cabelos loiros.

— Não! Mabel, você vai se machucar! — Ela falou com a feição preocupada.

Pulei enquanto o balanço ia para frente, caí de joelhos no chão, senti uma dor ardida na região, lágrimas surgiram no meu rosto.

— Mamãe! — Eu gritei chorando, minha bochecha vermelha e lágrimas escorrendo.

— Mabel... Eu falei para você, vem cá. — Minha mãe me envolveu em seus braços e me deu um beijo no topo da cabeça.

— Você quer ir para casa para tratar desse ralado? Podemos voltar ao parquinho amanhã. — Ela disse, e fácil assim eu esqueci da dor e voltei a brincar, não queria ir para a casa agora.

Sinto meu olho arder, a cada memória, a cada lembrança, eu sentia mais sua falta, eu queria sentir seu abraço aconchegante e seu beijo curador novamente.

Peguei meu celular e reparei que já eram quase sete da noite.

De novo aquela sensação, sinto olhares em mim, olho para trás, para os lados mas nada, essa sensação continuava presente mas não havia ninguém me observando.

Voltei para casa, que estava tão silenciosa que eu poderia ouvir uma agulha cair no chão.

Desde que meu tio havia sumido, provavelmente foi assassinado por perturbar alguém que não devia por estar bêbado, a casa estava vazia, mas eu agradeço por estar.

Eu sinto uma náusea e vontade de vomitar toda vez que o vejo, lembrando daquele dia, em que ele tirou minha inocência, com apenas quatorze anos.

Eu odeio o sistema de assistência social, todos os dias eu odeio a mulher que avaliou meu tio e sua casa e decidiu que ele seria a melhor pessoa para cuidar de nós.

Provavelmente é culpa dele, que minha irmã mais velha Greta fugiu de casa e me abandonou com ele, sozinha.

Entro no banheiro e me despi, deixei a água quente do chuveiro molhar todo meu corpo.

Até que ela se torna fria e todas as luzes da casa são apagadas, as contas de luz e água...

— Que merda. — Murmurei, sai do box e fui até a pia, pegando velas e as acendendo com os isqueiros que meu tio deixa em cada cômodo.

Observo no fundo do armário seu maço de cigarro, o deixei em cima da pia e fui para meu quarto, coloco minha roupa, uma legging preta e uma camiseta grande preta.

Calço minhas meias e pantufas.

Volto para o banheiro para pentear meus cabelos loiros, vejo o maço em cima da pia.

— Quer um? — Meu tio bêbado me perguntou, me oferecendo um cigarro.

— Não, obrigada. — Falei baixo, recusando educadamente.

— Pegue um, vai. — Ele insistia.

— Não, Ed, obrigada. — Eu recusei mais uma vez, começando a me irritar.

— Pegue um, Mabel!! — Ele gritou, me fazendo pular de susto.

Amedrontada, pego o cigarro e acendo.

Então com 13 anos, fumei pela primeira vez.

Nunca mais ousei colocar um desse em minha boca, foi horrível, o gosto era horrível, eu não conseguia respirar.

Decido pegar um, pelos velhos tempos, mas dessa vez, por conta própria.

Acendo e trago, soltando a fumaça devagar pela minha boca.

Vou em direção à minha janela, ao contrário do dia, a noite estava limpa, estrelada, e a lua iluminava a tudo e a todos.

Eu passava meu olhar em tudo, até que o prendi em algo que vi lá embaixo, uma mulher com cabelos longos e castanhos, olhos azuis vibrantes e pele branca como a neve.

Parecia muito minha irmã Greta, meu coração se encheu de esperança com a possibilidade dela estar de volta.

Forcei meu olhar e infelizmente, não era ela, ela ainda estava sumida, depois de dois anos, ela ainda não havia aparecido.

Quando de repente, sinto uma mão tapando minha boca com um pano.

— Shh! Shh... — Ouço uma voz masculina falar.

Comecei a gritar em desespero, mas minha cabeça começou a girar e minha visão começou a escurecer.

Até que desmaiei, senti o impacto do meu corpo contra o chão, e essa foi a última coisa que me lembrei antes de tudo ficar escuro e silencioso.

The devil is real... || Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora