04: Empty promises

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Promessas vazias

Acordo no "meu" quarto, minha cabeça martelava de dor e meu rosto parecia paralisado, cada centímetro da minha face me torturava.

Olhei para frente, havia um espelho pequeno e barato pendurado na parede, e um bilhete em cima.

"Para você se ver cada dia se tornando mais como sua amiga, um cadáver..."

Leio isso, incrédula, minhas lágrimas começaram a descer, molhando minhas bochechas machucadas.

Minha amiga?

Olho para trás e a vejo, seu corpo já sem vida...

Desespero consome meu corpo e mente, a sacudo, mas seus olhos não abriam.

— Por favor! Por favor... Acorda! — Eu imploro, em prantos.

Sua barriga não sangrava mais, provavelmente foi isso que a matou.

Eles a deixaram aqui, sangrando! Para morrer!

Ela teve que passar por isso sozinha, sem ninguém para ajudá-la, e eu estava... Eu estava...

Minha memória falhava, me levantei me dirigindo ao espelho, até que percebo a dor excruciante, minha intimidade parecia que havia sido rasgada e destruída.

Era uma dor insuportável, que começava no meio das minhas pernas e ia até meu estômago, uma sensação vazia, enojada.

Havia acontecido de novo, eu deixei com que acontecesse de novo, a culpa é toda minha!

Me violaram e me desrespeitaram, me usaram e me jogaram aqui!

A sensação de sujeira em todo meu corpo, mas não havia um banheiro para eu me lavar.

Encosto na parede ao lado do corpo e deslizo para baixo, sentando no chão.

Me deixo chorar e soluçar, aquele momento, o ponto mais baixo da minha vida se repetindo, de novo e de novo na minha cabeça, em um loop.

Eu havia sido dopada, e abusada enquanto estava fora de condições de me defender, mas mesmo que eu não lembre de nada depois dele destruir meu rosto, eu sabia de tudo que tinha acontecido.

Olho para o lado, para seu rosto cansado e sem vida, reparo em um colar.

May.

May, a garota que eu havia deixado para morrer, enquanto eu era usada de todas as formas.

— May, eu sinto muito... Eu a deixei aqui, e agora... É tudo minha culpa! Eu realmente sinto muito, não merecíamos passar por isso. — Eu digo para a garota de longos e negros cabelos.

Sua expressão estava paralisada em medo e angústia, sua pele pálida e sem brilho, seus olhos escuros e cansados, com olheiras fundas como a Fossa Das Marianas.

Meu reflexo no espelho estava cravado em minha memória, meu cérebro traiçoeiro estava me assimilando com a face morta de May.

Minha pele estava pálida e sem vida igual a sua, meus olhos azuis estavam escuros como o fundo de um oceano.

Meu rosto estava machucado em diversos lugares, embaixo do meu olho direito estava roxo, havia sangue em meu nariz e no canto de minha boca.

Minha cabeça martelava com dor e pensamentos errados.

Eu estava parecendo muito com o cadáver ao meu lado, e fazia jus ao que eu sentia, já que eu me sentia morta por dentro, apodrecendo...

TOM POV.

Bill entra em meu quarto, com uma feição triste, ou levemente amedrontada.

— O que aconteceu? — Perguntei, terminando de prender minha faixa na cabeça.

— Tom, sinto muito, mas... — Bill se interrompia e ficava olhando para baixo, com medo de falar.

— O que foi?! — Perguntei já irritado.

— Nós a perdemos de vista, um dia ela foi para o parque e... Depois não a vimos de novo, e
sua casa está silenciosa... — Meu irmão fala, sinto minha raiva crescendo.

Mas estava disfarçada com ansiedade, como eu iria a proteger se não tivesse olhos nela a cada segundo?!

Eu contratei aqueles imbecis para manter o olho nela o tempo todo!

— Como assim, Bill?! Eram para manter o olho nela a todos os custos! — Eu grito, irritado, Bill olhava para baixo e não me explicava nada!

Raiva e ansiedade crescia em mim, pensamentos errados invadiam minha mente, preocupações.

Eu não posso deixar que aconteça com ela o que aconteceu com Greta, eu jurei a mim mesmo que não a deixaria sozinha!

Sabe lá onde ela está agora, se está segura, ou sofrendo presa com Fritz e seus capangas, eu sei do que eles são capazes e sei que eles não tem piedade de ninguém!

Ela me pediu, ela havia me pedido para cuidar de Mabel, como eu cuidei dela, mas nem isso fui capaz de fazer.

Com preocupações e angústias sobre sua situação, pego o vaso da mesa e jogo brutalmente em minha janela, espalhando vidro para todos os lados.

— Que merda, Bill, que merda!! A única coisa que eu pedi para fazerem, falharam também! — Gritei com meu irmão, precisava esvaziar de alguma forma todas as preocupações, promessas vazias.

— Tom, promessa me, que irá cuidar de minha irmãzinha caso eu não sobrevive. — Greta falou com olhos tristes, havia dias que ela estava sentindo uma sensação ruim, que algo iria acontecer.

— Greta, nada irá acontecer! — Eu falo, sendo interrompida pela garota.

— Me prometa, Tom! — Sua voz falhava, tentando esconder seu medo.

— Eu prometo...

The devil is real... || Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora