Desencontros.

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***Lena*** 

Depois que li aquela carta da Kara, eu não conseguia pensar em nada. Se antes comer era difícil agora então. Minha vida tava apática, o meu brilho era Kara.

Tentei procurá-la, "mas onde?". Só tinha uma pessoa que saberia onde Kara estava. "Alex". Fui pro bar, tentei de todas as formas, mas ela sempre se esquivava dizendo que não sabia. Então mudei de tática, fiquei escondida esperando ela sair. Não demorou muito e ela entrou no carro, eu fui seguindo-a. Ela pegou um dos acessos a rua principal e continuei atrás, mas num determinado momento ela passou e o sinal fechou, não pude avançar.

Ainda tentei ficar olhando pra onde ela estava indo, mas ela entrou numa rua. Quando o sinal abriu ainda tentei procurá-la. Mas seria impossível, não sabia pra onde ela tinha ido. Eu tinha certeza que ela foi encontrar a Kara.

Voltei pra casa, não sabia mais o que fazer. A Kara tava sendo tão infantil, a gente tinha que conversar, queria saber por que ela estava fugindo. Falei com Kiara, mas ela também estava procurando pela Kara, ninguém da família sabia onde ela estava. Ela tinha ligado pro Clark avisando que estava bem e que depois ligaria.

Os dias que passaram foram um horror, meu humor estava péssimo. Minha mãe me obrigando a comer. A fazer coisas com ela, queria saber pra onde fui com quem eu estava. Ela nunca tinha feito isso. Ficava em cima o tempo todo. Aquilo me irritava mais ainda. 

Algumas noites alguém ligava pro meu celular, mas era um numero restrito. Eu atendia e escutava uma respiração do outro lado, sabia que era ela. Mas logo desligava.

Já tinham se passado quase duas semanas, os telefonemas a noite pararam. Meu coração ficava mais apertado a cada dia. A saudade dela era muito grande. Eu deitava na cama todos os dias pensando no que aconteceu o que eu fiz de errado pra ela ir embora.

Meus pais sempre me perguntavam o que estava acontecendo, mas eu sempre desconversava. Então numa noite, nós estávamos jantando e minha mãe começou:

-como foi seu dia? – olhou seria pra mim

-bom! – só disse isso e voltei pro meu prato

-convidei o James pra vir jantar aqui amanhã. Ta bom! – aquilo foi mais uma intimação do que um comunicado.

-ta – eu não estava muito afim de discutir. 

O James depois do que ocorrido no dia em que nós brigamos, ele tinha ido pra uma clinica de reabilitação fazer tratamento contra o álcool. Ficou por lá uns três meses, ai quando ele saiu, veio pedir desculpa pelo que tinha acontecido. Eu aceitei, porque sabia que no dia, aquele que me agrediu não era ele. A Kara sabia, mas não gostava que eu falasse no nome dele, acho que ela ainda sentia ciúmes.

No dia seguinte, trabalhei normalmente. Por mim ficaria lá no trabalho pra sempre, por que era o único modo de eu esquecer de Kara, era me envolver nos problemas dos outro. Cheguei em casa um pouco tarde, o James já estava lá. Tomei um banho rápido e voltei pra sala.

Realmente ele estava mudado, até o jeito de falar, estava mais calmo. Ele contou que estava terminando a faculdade de direto que tinha largado, e que conseguiu um estagio em um escritório. Fiquei muito feliz por ele, que estava se mostrando um rapaz muito diferente do que eu tinha conhecido.

O jantar correu normalmente, a não ser pelas insinuações da minha mãe pra que eu o namorasse. Aquilo já estava me dando nos nervos. Mas contava até mil, pra não explodir. Minha vida já estava partida em mil pedaços e mais essa agora, minha mãe me empurrando pra ele, não, nem pensar. Depois que ele foi embora minha mãe ainda tentou conversar, mas eu disse que estava cansada e fui pro quarto.

O mês passou rápido, o trabalho estava me consumindo um pouco, o que me ajudava a passar o dia, a noite decidi fazer um curso de aprimoramento na minha área, que era na vara de família. Minha vida tava uma correria, só ia pra casa pra dormi, que era o único momento em que pensava em Kara, e sonhava com ela, nos momentos que passamos na Bahia, tudo que tínhamos vivido. Eu e o James nos tornamos amigos, claro que não contei a ele sobre Kara.

Era uma sexta-feira, tinha conseguido sair cedo do trabalho. Meus pais tinham planejado passar o final de semana na casa dos meus avós, e eu esta precisando de um descanso, aproveitei pra acompanhá-los. Nossa o final de semana foi incrível, minha avó fez todas as minhas vontades como sempre. Voltamos no domingo a noite, na verdade de madrugada.

No dia seguinte estava me sentindo tão leve, não sabia por que. Uma felicidade, até Helena estranhou.

-menina que passarinho você viu na fazenda? – falou rindo

-não sei, hoje acordei feliz, só isso! – falei rindo

-e a felicidade tem nome.

-você só pensa nisso ein! – dei um tapa no braço dela – não! Não tem nome nenhum não.

-pensei que tivesse um tal de James envolvido nisso! 

-você mais do que ninguém sabe que somos só amigos. – falei seria

-é mais os olhares dele pra você, não são nem um pouquinho amigo. – falou rindo e fazendo uma careta.

-boba! Deixa eu ir, que tenho mais o que fazer.

Passei o resto da tarde tranquila, o mais engraçado é que aquela sensação não sai do peito. Estava sentindo que alguma coisa boa iria acontecer.

Na saída do trabalho encontrei com Helena, eu não conseguia parar de sorrir e ela sempre implicando comigo. Já estávamos perto do portão, quando do nada o James parou na minha frente com um buque de rosas, dizendo que me amava e me pediu em namoro. Fiquei sem reação, ele então passou a mão na minha nuca e me beijou.

Um beijo áspero, não correspondi, coloquei a mão em seu ombro e o afastei. Não acreditei no que ele fez, quando ia soltar os cachorros em cima dele. Desvie os olhos um instante e a vi. Era Kara com um buque de Plumérias, pisquei varias vezes pra ter certeza, ela estava chorando, ela viu o beijo. Entrei em desespero, empurrei James pro lado e fui em sua direção, mas ao mesmo tempo tinha varias pessoas saindo e me atrapalharam um pouco e a perdi de vista. Quando cheguei ao local onde ela estava só encontrei as flores jogada no lixo. 

-o que aconteceu? – Bia perguntou preocupada

-ela tava aqui. – falei, as lagrimas corriam em meu rosto. – e ela viu o beijo.

-aqui a onde? Cadê ela? – falou procurando-a

-eu não sei! – olhei pra todos os lados – ela estava aqui eu sei que estava ela é a única que sabe que eu gosto de Plumérias. – falei mostrando o buque.

Eu não podia esta imaginando coisas, só tinha uma pessoa que podia me ajudar "Nia". Peguei o telefone e liguei rápido pra ela. Que me disse que Kara estava na cidade e que hoje ela iria me fazer uma surpresa, e que queria muito conversar comigo.

Helena me levou pra casa. James, sei lá o que foi feito dele. 

"Meu Deus por que nada ta dando certo pra gente?" era a única coisa pergunta que eu me fazia sempre. Todas as vezes que estávamos juntas alguma coisa acontecia pra nos separar. 

Adormeci com esse pensamento.

Minhas paixões, muitas loucuras.Onde histórias criam vida. Descubra agora