- Quer passar o intervalo com a gente?
Vejo um brilho fraco no olhar de Clare, mas, tenho um balançar de cabeça negativamente como resposta.
Saio da sala com os meus melhores amigos, sem entender o que está acontecendo.
- Você devia ficar com ela. Deve estar acontecendo alguma coisa e ela só conversa com você - Dan fala colocando a mão no meu ombro.
- Não somos amigos, não tenho nada a ver com a vida dela. - concluo enquanto pego um prato de comida.
Macarrão.
Respiro fundo antes de encarar o casal na minha frente.
- Como foi o jogo ontem? - Lu pergunta comendo a merenda e fazendo uma cara boa.
Deve estar bom. Não toco da comida.
- Não foi tão bom quando precisava ser, recebi um destaque ,mas se continuar assim, não vou ser selecionado pro jogo principal - respondo calmamente enquanto confiro se Clare não saiu da sala.
Ela não saiu.
- Calma, meu amor, você vai conseguir dar a volta por cima! Sabemos que você joga ridiculamente bem. - Louise fala enquanto dá tapinhas nas minhas costas.
Típico de mãe.
Respiro fundo e olho para os meus amigos, que entendem o recado e então, retorno para a sala.
Encontro minha vizinha sentada no mesmo lugar, com a cabeça baixa.
Me aproximo calmamente e repouso minha mão em seu ombro. Ela assusta com o toque e levanta de uma vez, me assustando junto.
- Calma, só te trouxe comida. Parecia estar bom e, como você não tem água na sua casa, não deve ter comido antes de sair - deixo o prato na mesa e me sento ao lado dela.
- Obrigada - Clare responde antes de começar a comer.
O silêncio permanece.
Ela continua comendo sem trocar uma palavra sequer.
Começo a ficar preocupado.
Não que eu me preocupe com ela, só estou com medo da minha dupla morrer e eu acabar ficando sem nota no final.
- quer me contar o que aconteceu? Você é encapetada, não quieta - arrisco perguntar, encarando seus olhos.
Estavam marejados.
Sinto um desconforto no peito.
Ela respira fundo.
- Hoje é aniversário de morte do meu irmão. Faz dois anos que perdi ele. Quando éramos mais novos, ele acabou indo buscar o brinquedinho dele que caiu no meio da rua e infelizmente não vimos o carro. Quando voltei a realidade, já era tarde. - Uma lágrima escorre em seu rosto, puxando todas as outras.
Não sei o que fazer, apenas faço.
A puxo para um abraço, deixando que fique confortável em meu peito, afago seus cabelos e deixo que se acalme.
Passamos longos minutos assim.
Quando ela se estabiliza de novo, me afasto e levanto. Caminho até a porta e coloco o prato na cantina.
Volto com um copo de água.
Entrego a Clare, que encara o copo.
Dou o primeiro gole.
Ela sorri e em seguida começa a beber a água.
- Está melhor? - Me sento que seu lado de novo.
- Sim, obrigada. - Sorri de forma simpática.
Não acredito que ela sabe sorrir. Meu deus.
Permanecemos calados até o final das aulas.
Procuro fazer todos as atividades que foram direcionadas a nós, tentando de alguma forma aliviar a barra.
Quando o sinal toca, Clare se levanta e sai na mesma hora.
Me despeço rapidamente dos meus amigos, dando um beijo na bochecha de cada um e corro para alcançar minha vizinha.
Descobri que ela é atleta, só pode.
Depois de muito esforço, consigo alcançar Clare.
A mesma percebe minha presença mas não faz menção de agir, sigo suas ações e apenas a acompanho silenciosamente até sua casa.
Deixo ela na porta. Quando a vejo entrar, sigo meu caminho até minha residência.
Volto até minha vizinha.
Eu com certeza vou me arrepender disso.
Toco a campainha.
Céus, o que diabos eu estou fazendo?
Sou recebido por uma Clare confusa, com os olhos marejados.
- Quer passar o dia comigo?
(Dois de uma vez para a felicidade do jovem trabalhador!)
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Querida vizinha.
Любовные романыDizem por aí que um romance pode surgir até mesmo nos casos mais improváveis. Seria esse o caso da história de Gabriel e Clare, que, se conheceram de um jeito memorável e improvável? Seria possível que ele, um jovem intenso e romântico, porém sem at...