XXVI

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- Nós estamos juntos.

Não consigo pensar em mais nada além das palavras que acabei de ouvir.

Ela acabou de dizer que estamos juntos?

Eu não sei se eu olho incrédulo para ela, se sustento sua meia verdade, se pulo e comemoro.

O que diabos significou isso?

Não tenho reação diante da informação jogada na minha cara.

Um dia, ela ainda vai me matar do coração, vai vendo.

Sinto Clare segurar minha mão e continuar encarando minha velha amiga.

Eu claramente estou no meio de uma guerra que, eu definitivamente não pedi para estar.

Socorro Deus.

A cara da mesma está tão confusa que poderia facilmente se tornar meme na internet.

Se você não entendeu, que imagina eu.

Que bacana! Acabei de descobrir junto de uma pessoa que eu nem sabia que ainda existia, que eu tenho mulher!

Calma, EU TENHO MULHER?

Dou um sorrisinho e aperto a mão de Clare, observando a cena.

- Entendi! Prazer, eu sou a Diana. Conheço o Biel de muitos anos! Sempre fomos muito próximos, tomávamos banho juntos, dormíamos juntos, essas coisas, sabe? - Fala olhando nos olhos da minha garota. - Pena que não podemos mais ter essa intimidade, pelo que parece!

Primeiro, adorei mentalizar esse apelido.

Segundo, essa casa vai pegar fogo.

Clare poderia facilmente destruir não só essa casa, como também o bairro inteiro.

Isso é ciúmes?

Seguro outro sorriso.

- Sinto muito por acabar com a sua felicidade! - A garota em meu lado sorri com desgosto.

Diana se aproxima de mim e beija o canto da minha boca, demorando tempo o suficiente para que eu recitasse todo o alfabeto em minha cabeça.

Se Clare não está invocando algum ser maléfico para puxar Diana para bem, bem longe, ela está transbordando uma energia sinistra.

Aposto nas duas opções.

Quando minha antiga amiga se afasta, sorri e me encara, se dirigindo a saída.

- Amanhã a gente se vê na aula, Biel! - Ela sorri. - Como eu disse antes, me mudei para cá e irei estudar com você a partir de agora! - Seu olhar se demora na garota que segura minha mão.

A vejo encarar a mesma da cabeça aos pés.

Se eu fosse fazer uma aposta, diria que, em menos de um mês vai explodir uma briga entre essas duas que nem mesmo um ser divino pode separar.

Vou começar a fazer um bolão.

Diana se aproxima de novo e pega o celular do meu bolso, desbloqueando em sequência.

Sempre uso as mesmas senhas por possuir uma memória péssima.

Não imaginava que ela lembraria.

Olho para o lado e vejo o olhar incrédulo da menor.

Tenho a impressão de que vou receber o maior esporro da história.

Tão baixinha e tão estressada.

Volto meu olhar para o meu celular e vejo minha amiga salvando seu número.

Em seguida, ela me devolve e retoma à saída, dando um sorriso antes de se retirar e fechar a porta, deixando um silêncio no lugar.

Olho para Clare e encontro seus olhos tão enfurecidos que me pergunto de quantas vezes ela já imaginou a mão dela na cara de Diana.

Continuo em silêncio, esperando alguma fala.

Ela respira fundo.

- Por que diabos ela sabe a senha do seu celular? - Ela me pergunta em tom ameaçador.

Hoje eu percebi que já fudeu-

Nem temos nada e ela já está agindo assim? Adoro!

Amo uma surtada.

- Minha senha é a mesma de anos atrás. - Explico com calma. - Como éramos melhores amigos, ela tinha a senha.

Clare analisa minha resposta.

Quando vejo que ela não vai responder, decido falar.

- Por que agiu daquele jeito? - Encaro seus olhos.

Fala pra mim, fala!

Fala exatamente o que eu quero ouvir.

- Ela estava claramente dando em cima de você! - Bufa irritada. - Se seu amigo não pode dar em cima de mim, ela também não pode! - Conclui com um biquinho e o olhar cabisbaixo.

Sorrio com a resposta e me aproximo dela, a abraçando em sequência.

- Ciumentinha.

- Quantos apelidos você já me deu só nesse meio tempo? - Sinto seus braços entrelaçarem em minha cintura.

- Muitos e muitos. - Falo rindo. - Não precisa se sentir assim, ok? Não temos nada ainda e não faço ideia do que vai se tornar tudo isso, mas, não sou do tipo de homem que fica com várias e depois desaparece.

- Você tem uma carinha, viu? - Ela se afasta e encara meus olhos, estreitando olhar.

- Qual é! Você não cansa de me humilhar não? Todo dia uma coisa diferente! - Falo fazendo birra.

Recebo um cafuné como resposta.

Depois de um tempinho assim, nos deitamos no sofá.

Clare se apoia no encosto, abrindo um pouco as pernas e dando tapinhas.

Isso ficou tão errado, deus.

Caminho lentamente e me deito no lugar indicado, me aconchegando.

- Eu sei que você sempre sonhou em me ter entre suas pernas. - Falo sorrindo.

- Como sabia? - ouço uma risada abafada na sequência.

Sinto uma mão em minhas costas, fazendo pequenas carícias. Repouso meu rosto em sua barriga e fecho os olhos, aproveitando para sentir detalhadamente cada movimento.

- Sobre o que você falou, palmito, talvez eu queira viver essa loucura contigo.

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