Querida vizinha.

III

- Curtiu seu caminho até aqui, Sra. Vizinha?

Ela acabou de imaginar inúmeros cenários onde ela me assassina brutalmente, tenho certeza.

Seu olhar percorre por todo o meu rosto, se demorando nos meus olhos.

Sei que eles são de cores diferentes mas não significa que virei atração turística!

Tenho uma doença que afeta a cor dos meus olhos, fazendo as iris terem cores diferentes. Por isso, um dos meus olhos é castanho claro e o outro verde.

Mas não um verde normal, é O VERDE! Se eu fosse comparar a algo no mundo, definitivamente eu escolheria uma pedrinha de jade como primeira opção.

Lanço um sorriso brincalhão e me sento na cadeira da secretaria, esperando o segundo horário.

Depois de me olhar desacreditada, a vizinha, cujo nome desconheço, senta o mais longe que conseguiu. Pobre.

O tempo passa em uma lentidão torturante. Olho o relógio, 7:30.

Ótimo, mais vinte minutos.

JA SE PASSARAM UMA HORA E OS NÚMEROS NO RELÓGIO SIMPLESMENTE NÃO MUDAM!

Respiro fundo e acalmo todos os nervos que essa praga recém descoberta me causou mais cedo.

- Qual o seu nome? - Pergunto olhando para meus pés.

Percebo que vim com os pares de meia trocados. Ignoro e espero muito que todos façam o mesmo.

- Agora ficou interessado? - Olho para ela incrédulo.

Percebo que era exatamente isso que ela esperava quando vejo seu sorriso descarado aumentar.

Corna.

Toda a sanidade mental que eu acumulei durante esses 18 anos vai ser completamente extinguida por essa garota.

- Gabriel LeBlanc - Dou de ombros.

- Clare Gutierrez - Fala com um tom estranhamente orgulhoso.

- Branca, rica e de origem espanhola? - Provoco.

Essa secretaria vai pegar fogo em uma velocidade absurda.

- Preto não fala! - Eu vou matar essa garota e esse sorrisinho insuportável que ela tem! Ah se vou!

Levanto da minha cadeira e sigo em direção ao demônio que conseguiu infernizar a minha vida em menos de 24 horas.

Vejo seu olhar indo de um tom de divertimento, para um de confusão.

Com certeza eu estou parecendo uma chaleira de tanto ódio acumulado.

Seguro o queixo de Clare trazendo seus olhos aos meus, vejo um lampejo de medo nos mesmos.

Abro um sorriso diabólico.

Se eu fosse ela, eu teria desmaiado de tão horrendo que foi.

- Toma cuidado, palmito.

(Sim, galera, eu sei que os capítulos não tem uma média de tamanho, eu escrevo o que dá na telha e o que eu acho sufIciente. Tem uns vinte capítulos guardados então eu estou postando quando eu acho uma boa hora. Não briguem comigo.)

:)