XXV

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- Sentiu saudade, Biel?

Eu não consigo pensar em nada.

Pelo visto, nem eu, nem a Clare.

Sinto a mesma me fuzilar com o olhar, mas ignoro.

A pessoa que vejo na minha frente, faz com que toda a existência perto de mim desapareça.

Céus.

Diana.

Ela era minha melhor amiga desde os quatro anos.

A mesma simplesmente desapareceu com a família a uns anos atrás, sem dar nenhuma satisfação para mim ou algo do tipo.

Éramos próximos o suficiente para ela ter me contato pelo menos que ia se mudar.

Alguns anos depois, eu me mudei e vim morar sozinho.

Eu acabei perdendo completamente o contato e não tive mais notícias sobre nada da minha antiga vida.

Bom, não tinha.

Quando a vejo, não consigo explicar a sensação que me invadiu.

Não achei que veria ela novamente. Na verdade, não sabia nem que ela lembrava da minha humilde existência.

Diana é dona de cachos volumosos e castanhos escuros. Sua pele morena se encaixa perfeitamente em seus olhos cor de mel. Seu sorriso tem um brilho caloroso e seu corpo é bem definido. Diana já era modelo na época em que conversámos. Ela veste uma blusa preta justa e uma calça de couro acompanha de botas marrons.

Bem do jeito que eu ainda me lembrava.

Essa pestinha gosta de chamar atenção.

Ela vem em minha direção e me abraça com força.

Tenho a impressão de que eu estou sendo ameaçado silenciosamente em algum canto da casa.

- Diana, o que você está fazendo aqui? - As palavras saem emboladas.

- Vou finalizar o ensino médio com você, acredita? Perguntei sua mãe onde você estava morando e depois de muita insistência, acabei chegando até aqui! Demorei a vir porque precisei esperar meus 18 anos para morar sozinha, além de juntar dinheiro. - Revela ainda no meu abraço.

Não tenho forças para responder.

Minha cabeça se encontra em um turbilhão de pensamentos.

Não sei se fico feliz, nervoso, ansioso ou preocupado.

Bela hora para aparecer, querida amiga!

Eu e Diana nos gostávamos no ensino fundamental.

Era algo bobo, inocente e infantil. Nada mais que declarações e mãos dadas.

Durante esse tempo que fiquei longe, esse sentimento diminuiu o suficiente para não passar de uma admiração por alguém especial.

Espero que seja o mesmo para ela.

Diana me solta do abraço e olha em volta, examinando minha casa.

- Demorei quase um mês para te encontrar aqui! Seus pais não sabem seu endereço. - Ela continua olhando ao redor. - Você conquistou uma casa digna da sua presença! - Seus olhos caem sobre Clare.

Meu deus, a conversa com a Clare.

Se antes eu achava que o universo estava ao meu favor, não acho mais.

- Quem é essa? - Diana pergunta encarando a menor com uma expressão que não sei definir.

Minha vizinha devolve o olhar.

Eu queria muito saber de onde veio essa tensão toda que se instalou no ambiente.

Por algum motivo, minha mente fica em alerta e concluo que uma amizade entre as duas não daria certo.

Pelo clima maravilhoso que ficou, acho que eu também não vou poder manter as duas na minha humilde vida.

Não que eu faça questão de manter a empata foda da minha frente aqui.

- Ela é minha.. - faço uma pausa longa, procurando palavras para definir o que éramos.

Nesse momento, Diana se aproxima e toca o meu corpo com certa proximidade.

Não consigo entender ao certo o que isso significou.

Clare, pelo visto, entendeu muito bem. Consigo ver ódio transbordando do seu olhar.

Pobrezinha, tão cedo.

Sinto seu corpo se aproximar do meu em algum tipo de abraço.

Encaro Clare, procurando uma resposta.

Ela poderia assassinar metade do mundo só com o olhar que possui nesse momento.

Seus olhos estão fixados nas mãos da minha amiga que se encontram na minha barriga.

Como se ela pudesse me ouvir, caminha até minha direção, afastando Diana com uma força que me pergunto se era necessária.

Por que eu prevejo caos e destruição entre essas duas?

Agora que eu tenho uma pequeno vislumbre de ficar com Clare, minha amiga de infância reaparece depois de anos.

Minha vizinha se aproxima e segura minha mão, depositando um beijo na mesma.

Sinto minhas pernas fraquejarem.

Se antes eu já estava chocado o suficiente, agora, eu estou claramente pálido, alcançando a cor da própria Clare.

- Nós estamos juntos.



(Agora, eu vos apresento a Diana! Confesso que, essa foi a personagem que mais me estressou pra fazer! Ela e mais um carinha que, logo em breve, será introduzido. Espero que gostem hehe)

Querida vizinha.Onde histórias criam vida. Descubra agora