Sou surpreendido com um abraço em minhas costas.
- Não acostuma com isso! É só minha forma de dizer obrigada. - ouço um sussurro.
Passo minha mão por cima da sua em resposta.
Ficamos assim por um tempo antes de nos separarmos e cada um seguir seu rumo.
Chegando em casa, tomei um banho e relembrei alguns acontecimentos enquanto comia minha fruta habitual.
O dia foi louco.
Nunca imaginei que eu teria a coragem de levar uma desconhecida pra minha casa e depois em um piquenique.
A vida da dessas, né?
Ainda não entendi o motivo de naquele momento ela ter me roubado o ar. Tá que ela é bonita, mas o que tem de mais?
Ando pela casa com esses pensamentos até parar em meu quarto, deito em minha cama e rapidamente adormeço.
Acordo mais animado que o normal, antes do despertador, inclusive.
Faço minha rotina habitual mas, quando saio de casa dessa vez, pego duas maçãs ao invés de uma.
Vou caminhando lentamente, devagar o suficiente para esperar que minha vizinha saia de sua casa e me alcance.
- Toma, pra você, palmito. - Jogo uma maçã em sua direção e continuo meu caminho.
- Tá achando que eu sou passa fome agora? - Ela retruca mas começa a comer logo em seguida.
Chegamos na escola mais rápido que o normal, para minha infelicidade.
As aulas correm bem, apenas copiamos algumas matérias e realizamos uma atividade bobinha de filosofia.
No intervalo, Clare começa a andar com meu grupo, mas, não interage. Ficou parecendo um fantasma, isso sim.
Mais um apelido pra lista.
- Dan, Lu, querem ver meu próximo jogo? Vai rolar daqui três semanas! Vai ser em uma sexta feira. - Falo dando um garfada na comida estranha que ainda não identifiquei o que é.
- A gente topa sim, Gab! - Daniel me responde com um sorriso e Luise me cutuca discretamente, apontando para Clare, que está claramente brisando.
- Fantasminha, vai com a gente? - Pergunto enquanto espero a mesma voltar pra realidade.
- Pode ser, não vou ter nada pra fazer mesmo! - Fixa seus olhos nos meus.
Mostro a língua como forma de provocar e em seguida dou mais uma garfada na gororoba ainda não identificada.
Desisto de identificar.
Clare belisca minha costela como resposta.
Antes que eu possa fazer o meu drama, o sinal toca somos obrigados a voltar para a sala.
As aulas continuam tranquilas até o encerramento do dia.
Volto para a casa na companhia de Clare. Não trocamos palavras no caminho, apenas aproveitamos o silêncio.
Chego em casa e tomo meu banho habitual. A água deve ter voltado na casa da minha vizinha, até agora ela não apareceu aqui pedindo pra tomar banho.
Dou de ombros, não sinto falta mesmo.
Faço meu almoço. Arroz, frango grelhado, feijão e salada.
Termino meu almoço e ouço a campainha tocar.
Dou um sorriso e me dirijo a porta.
Já sei quem é.
- Minha água só vai voltar mês que vem. - Ela fala cabisbaixa. - Se puder me deixar tomar banho aqui durante esse tempo, prometo te compensar depois!
Dou uma gargalhada e abro espaço para ela passar.
- Tem almoço na cozinha, caso queira! - Falo lavando meu prato.
- Você vai me deixar mal acostumada assim - Fala enquanto se dirige para o banheiro.
- Não posso fazer nada se sou perfeito demais! - Grito alto o suficiente para ela ouvir. Recebo um xingamento em resposta.
Os próximos dias foram exatamente iguais a esse.
Clare vinha depois da escola até minha casa, tomava banho, almoçava comigo e cada um seguia seu rumo.
Ela acabou se tornando uma amiga muito próxima da Lu e do Dan. Agora ela interage até mais do que eu, por sinal.
Não gostei nem um pouco.
Maldita hora que eu fui incluir esse leite estragado na minha rodinha.
Se passa as tão torturantes três semanas e sexta feira chega. Durante esse tempo, fizemos alguns trabalhos da escola e, eu e minha vizinha jogamos bastante conversa fora, o que nos aproximou ainda mais.
Faltam alguns dias para a água voltar na casa de Clare, se tudo correr como o planejado. Até que gosto da companhia dela aqui! A casa deixa de ser tão fria e parada.
Acordo atrasado. Isso me estressa já que tenho que arrumar três vezes mais rápido que o habitual.
Quando saio de casa com minha maçã extra, encontro uma Clare impaciente na porta.
Minha cara de surpresa com certeza assustou a pobre coitada.
- Achei que não ia mais, demorou uma eternidade. - Fala impaciente me puxando para a escola e pegando a maçã da minha mão.
- Não sabia que eu tinha um escolta, fiquei famoso rápido. - Brinco enquanto como a minha.
Clare me faz correr alegando que odeia chegar atrasada.
Eu odeio essa menina, isso sim.
Quando chegamos, o professor tinha acabado de entrar na sala. Entramos sorrateiramente e começamos a aula.
Os horários se passaram extremamente rápido.
Passamos o intervalo comentando sobre a última aula.
O professor simplesmente surtou e disse que ia se demitir só porque todo mundo da sala se fingiu de morto quando ele chegou.
Pobrezinho.
Quando as aulas chegam ao fim, todo mundo vai direto para minha casa.
O casal já está acostumado a ficar aqui. Como a casa é grande, eles ficam com um dos quartos de hóspedes.
O que eles não esperavam era ver Clare indo em direção ao banheiro como se fosse a atitude mais natural do mundo.
Eles me encaram ao verem ela entrando na casa e indo diretamente ao banheiro, sem nem ouvir uma explicação.
- Pode nos explicar isso, Gabriel?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querida vizinha.
Любовные романыDizem por aí que um romance pode surgir até mesmo nos casos mais improváveis. Seria esse o caso da história de Gabriel e Clare, que, se conheceram de um jeito memorável e improvável? Seria possível que ele, um jovem intenso e romântico, porém sem at...