O jeito que conheci o Gabriel foi icônico.
Naquele dia que ele se acidentou em frente a minha casa, o pobre deu o azar de coincidir com o momento em que eu estava saindo da mesma.
Foi um dos melhores momentos da minha vida!
Vi a cena e não sabia se começava a gargalhar incansavelmente ou se ia ajudar o necessitado.
Bom, acabei fazendo os dois!
Depois disso, nós acabamos criando um certo vínculo de amizade, até porquê eu precisei e ainda preciso tomar banho na casa dele, já que não tem água na minha casa devido a mudança.
Talvez a água tenha voltado na segunda semana.
Talvez eu não tenho tido vontade de falar.
Ele começou a se fazer presente em pequenos momentos do meu dia, o que pra mim, foi reconfortante, já que eu não conhecia ninguém.
É engraçado parar para pensar isso!
Quem diria que o bobão que tropeçou na rua e caiu da forma mais humilhante possível, seria a pessoa que mais me apoia.
Percebi que ele era diferente no aniversário de morte do meu irmão.
Geralmente passo essa data deprimida no meu quarto, sem contato externo além do necessário. Porém, esse ano foi completamente diferente.
Gabriel foi o primeiro e único a perceber que eu não estava bem e, do jeitinho dele, me deixou confortável e fez com que eu me sentisse segura.
Nunca tinha conseguido contar para outras pessoas sobre essa situação.
Nem sessões no psicólogo ajudaram muito.
Foi aí que eu vi que, ou eu estava muito bem, ou eu me fudi legal.
No dia que ele me levou ao parque e teve todo o esforço de montar aquele cenário para mim, sem que eu percebesse, ele ganhou um espacinho especial na minha vida.
Do tamanho do ego dele.
O cuidado que esse pestinha teve ao me acordar com um carinho no rosto e o fato de ter estado presente o dia inteiro para não permitir que eu desabasse, me mostrou um lado diferente dos momentos ruins.
Nem todos precisam ser 100% ruins.
Nunca fui de toque físico, porém, nesse fatídico dia, a melhor forma de demonstrar todo o meu agradecimento por tudo que ele fez foi dar um abraço sincero e repleto de sentimentos que ainda não identificava.
Pelo menos achava não ter identificado.
Meu vizinho acabou me incluindo em quase tudo na vida dele.
Ainda não sabemos o passado um do outro, mas, só de ter ganhado a oportunidade de fazer parte do círculo de amizades dele, me senti incluída, me senti parte de algo.
Senhor, que boiolagem é essa, Clare?
Acho que o Gabriel me passou a doença dele.
Acabei sendo chamada para o jogo de vôlei que o mesmo ia participar, o que levou eu e meus novos amigos a irmos para a casa dele.
Acabei me arrumando lá mesmo, já que "supostamente minha água ainda não tinha voltado".
Não é minha culpa você ser tão burro, querido vizinho.
Gabriel me emprestou uma de suas camisas para que eu fosse no "estilo torcedora fanática apaixonada".
O cheiro dele estava na camisa.
Era surpreendentemente gostoso.
Mentira, ele é todo esquisito.
Louise e Daniel me acolheram como parte da família e, com isso, percebi o quanto eles são unidos.
Confesso que me senti parte disso tudo que eles construíram.
No ginásio, vi que Gabriel estava tenso e estava errando quase tudo.
Provavelmente estava nervoso.
Eu sei que eu deixo ele nervoso aff!
Para, né! Olha pra mim!
Ps: ele que me deixou nervosa.
Não entendo nada de vôlei, confesso.
Mas percebi o quanto era importante para ele nas suas tentativas de compensar o time por algumas falhas.
Em um momento de emoção, acabei gritando por ele da arquibancada, dando força para que o último ponto fosse dele.
Seus olhos encontraram os meus e ali percebi que eu queria mais.
Queria ficar mais próxima, ser mais íntima, queria ser algo para ele.
Eu queria o Gabriel.
Quando aqueles olhinhos envoltos de felicidade e emoção encontram os meus, aquilo foi o suficiente para que ficasse mais do que nítido.
Então, eu vi o ciúmes escorrendo do mesmo no momento em que seu amigo deu em cima de mim e tive a confirmação de que talvez, fosse recíproco.
No jogo em sua casa, tive certeza.
Quando decidi dançar nele, foi uma resposta não só para ele, mas para mim também.
Eu aceitei a vontade que tinha e fiz um convite.
Pena que ele é burro e não percebeu.
Quando nos beijamos em seu quarto, senti como se toda aquela inquietação fosse substituída por uma paz indescritível.
Estar perto do Gabriel me gerava uma paz indescritível.
Ele é essa paz indescritível.
Dormir com seu corpo no meu foi a sensação de calmaria e conforto que eu precisava a tempos, só não sabia.
Seu cheiro, seu beijo, seu cuidado.
A forma como ele consegue ser perfeito em pequenos detalhes.
Quando ele me chamou para conversar e vi que em seus olhos havia vislumbre de medo, fiz questão de me abrir e deixar claro o que sentia.
Talvez não tão claro, mas, claro o suficiente para erradicar a possibilidade de um arrependimento.
Se ele for esperto, vai sacar!
Ele provavelmente não vai sacar.
Quando vi a cena daquela garota tocando o corpo da pessoa que eu desejava, senti uma necessidade enorme de mostrar que ele era meu.
Tudo bem que ele não era? Tudo bem!
Mas agora é!
Eu não sei se já comecei a sentir algo por ele.
Provavelmente é o começo de algo similar.
Eu só sei de uma coisa.
Eu não vou deixar ela tirar o Gabriel de mim.
(Deixo aqui o primeiro capítulo com o ponto de vista da nossa querida Clare! Bom, espero ter atingido as expectativas de vocês. Confesso que, fazer a cabeça da Clare foi absurdamente difícil pra mim, porque, particularmente, ela é um personagem que, por mais que eu tenha desenvolvido, eu não entendo totalmente. Eu vejo ela desse jeitinho! Bem mais boiola e mais séria que o Gabriel, mas, bem fechada. Não deixem de comentar pra me dar um norte dos próximos capítulos! Beijinho do Lu pra vocês!)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Querida vizinha.
RomanceDizem por aí que um romance pode surgir até mesmo nos casos mais improváveis. Seria esse o caso da história de Gabriel e Clare, que, se conheceram de um jeito memorável e improvável? Seria possível que ele, um jovem intenso e romântico, porém sem at...