XII

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- Você me trouxe em um parque?

Sorrio em resposta. 

O parque em que estamos tem uma vista muito linda da cidade. É um dos melhores lugares para fazer um piquenique ,ou para ficar sozinho quando a cabeça tá cheia.

Não que eu tenha experiência.

Caminho até uma área gramada, coloco as coisas no chão e forro o lugar que vamos ficar.

Clare admira a vista e olha os arredores, explorando onde dá na telha.

Fico alegre com a cena.

Parece que eu trouxe uma criança que nunca saiu de casa.

Coloco os alimentos onde arrumei e me sento, apreciando a vista e a brisa fresca. Algum tempo depois, Clare se junta a mim.

Dou uma garrafinha de refri para a mesma e abro um salgadinho, me deliciando com o momento.

Pego meu celular e coloco em uma playlist de músicas antigas nacionais.

Vejo minha companhia rir da minha cara e olho para ela indignado.

- Vai me dizer que você não gosta desse tipo de música? - julgo a mesma com todo o meu ser.

- Eu gosto! Só não imaginei que você fosse gostar. Você tem cara de hétero top que escuta umas músicas de procedência duvidosa e dá em cima de toda mulher que vê!

Nunca fui tão insultado em toda a minha vida.

Como ela teve coragem de me comparar com um hétero top? Tipo, um HÉTERO TOP?!?

- Esse foi o maior insulto já dirigido a mim em toda a história. - Comento indignado.

Clare gargalha se divertindo com a situação.

Tá vendo? Eu não posso mostrar uma faísca de empatia com essa bruxa mal amada.

- Menti? - ela pergunta em tom de deboche, encarando meus olhos.

- É claro que mentiu! Como pode deduzir isso se me conhece a dois dias? - Faço uma carinha de choro. - Eu sou simplesmente o ser humano mais incrível da terra! E outra, eu nem sou hétero! - Falo em uma velocidade inacreditável.

O queixo de Clare quase toca o chão.

- EU SABIA QUE VOCÊ ERA GAY! EU SABIA! - Começa a gritar igual uma desmiolada.

DE ONDE DIABOS ELA TIROU QUE EU SOU GAY? ELA É CEGA?

- CALMA LÁ! EU DISSE QUE NÃO SOU HÉTERO, NÃO QUE SOU GAY! - Tento desesperadamente me explicar.

Em resposta, tenho uma risada que parece uma chaleira.

- Eu sou bissexual, corto pros dois lados. - Concluo.

Depois de enxugar as lágrimas ocasionadas pelas risadas desenfreadas, ela respira fundo e me encara.

- Fez sentido. O jeito que você olha pra mim desmente completamente a hipótese de você ser gay.

- Até parece! Eu ficar afim de você? Nem se o mundo dependesse disso! - corto um pedaço do bolo e começo a comer encarando a vista.

- Como você sabia que é o meu sabor favorito? - Vejo a mesma encarando o bolo com os olhos brilhando.

- Eu não fazia ideia, é o meu sabor favorito. - Dou de ombros e pego mais uma fatia.

Clare também pega uma fatia e começa a comer, me acompanhando. Ficamos em silêncio por um tempo, aproveitando a paisagem ao som de "aquela mesa".

Depois de um tempo, deito no chão e fecho os olhos, sentindo o vento refrescar a tarde quente.

Sinto uma mão encostar na minha e, quando abro os olhos, vejo Clare deitada do meu lado, imitando minha postura.

Não falo nada, apenas volto a apreciar o momento.

Não sei quanto tempo se passou, acordei com a menor deitada no meu braço.

Ela deve estar cansada, imagino que o dia não vem sendo fácil.

Me viro cuidadosamente, evitando acordar a garota em meu do meu lado. Me deito encarando sua feição.

Pelo menos ela dorme de um jeito fofo.

Faço um carinho em seu rosto e espero mais um tempo antes de acordar ela.

A acordo minutos antes do pôr do sol. Ela levanta mais perdida que eu.

Dou um sorriso meigo e olho pra frente, aguardando o momento mais lindo do dia.

Depois de um tempo raciocinando, Clare faz o mesmo.

Ficamos sem dizer uma palavra, apenas observamos o sol se por lentamente.

Quando acaba, recolhemos as coisas e voltamos para o carro.

Entramos e eu começo a dirigir de volta para casa.

No caminho, coloco outra música da Taylor Swift.

Eu sou apaixonado!

A música escolhida da vez foi Enchanted.

Dessa vez Claire canta comigo.

Seguimos o caminho todo cantando e curtindo as músicas. Minha playlist nunca decepciona.

Quando chegamos, guardo o carro e levo Clare até sua casa. A deixo na porta e me despeço, caminhando de volta para minha residência.

Sou surpreendido com um abraço em minhas costas.


(Desapareci por alguns meses, mas olha só quem voltou para dar continuidade? O próprio! Não desistam de mim!)

Querida vizinha.Onde histórias criam vida. Descubra agora