- Você me trouxe em um parque?
Sorrio em resposta.
O parque em que estamos tem uma vista muito linda da cidade. É um dos melhores lugares para fazer um piquenique ,ou para ficar sozinho quando a cabeça tá cheia.
Não que eu tenha experiência.
Caminho até uma área gramada, coloco as coisas no chão e forro o lugar que vamos ficar.
Clare admira a vista e olha os arredores, explorando onde dá na telha.
Fico alegre com a cena.
Parece que eu trouxe uma criança que nunca saiu de casa.
Coloco os alimentos onde arrumei e me sento, apreciando a vista e a brisa fresca. Algum tempo depois, Clare se junta a mim.
Dou uma garrafinha de refri para a mesma e abro um salgadinho, me deliciando com o momento.
Pego meu celular e coloco em uma playlist de músicas antigas nacionais.
Vejo minha companhia rir da minha cara e olho para ela indignado.
- Vai me dizer que você não gosta desse tipo de música? - julgo a mesma com todo o meu ser.
- Eu gosto! Só não imaginei que você fosse gostar. Você tem cara de hétero top que escuta umas músicas de procedência duvidosa e dá em cima de toda mulher que vê!
Nunca fui tão insultado em toda a minha vida.
Como ela teve coragem de me comparar com um hétero top? Tipo, um HÉTERO TOP?!?
- Esse foi o maior insulto já dirigido a mim em toda a história. - Comento indignado.
Clare gargalha se divertindo com a situação.
Tá vendo? Eu não posso mostrar uma faísca de empatia com essa bruxa mal amada.
- Menti? - ela pergunta em tom de deboche, encarando meus olhos.
- É claro que mentiu! Como pode deduzir isso se me conhece a dois dias? - Faço uma carinha de choro. - Eu sou simplesmente o ser humano mais incrível da terra! E outra, eu nem sou hétero! - Falo em uma velocidade inacreditável.
O queixo de Clare quase toca o chão.
- EU SABIA QUE VOCÊ ERA GAY! EU SABIA! - Começa a gritar igual uma desmiolada.
DE ONDE DIABOS ELA TIROU QUE EU SOU GAY? ELA É CEGA?
- CALMA LÁ! EU DISSE QUE NÃO SOU HÉTERO, NÃO QUE SOU GAY! - Tento desesperadamente me explicar.
Em resposta, tenho uma risada que parece uma chaleira.
- Eu sou bissexual, corto pros dois lados. - Concluo.
Depois de enxugar as lágrimas ocasionadas pelas risadas desenfreadas, ela respira fundo e me encara.
- Fez sentido. O jeito que você olha pra mim desmente completamente a hipótese de você ser gay.
- Até parece! Eu ficar afim de você? Nem se o mundo dependesse disso! - corto um pedaço do bolo e começo a comer encarando a vista.
- Como você sabia que é o meu sabor favorito? - Vejo a mesma encarando o bolo com os olhos brilhando.
- Eu não fazia ideia, é o meu sabor favorito. - Dou de ombros e pego mais uma fatia.
Clare também pega uma fatia e começa a comer, me acompanhando. Ficamos em silêncio por um tempo, aproveitando a paisagem ao som de "aquela mesa".
Depois de um tempo, deito no chão e fecho os olhos, sentindo o vento refrescar a tarde quente.
Sinto uma mão encostar na minha e, quando abro os olhos, vejo Clare deitada do meu lado, imitando minha postura.
Não falo nada, apenas volto a apreciar o momento.
Não sei quanto tempo se passou, acordei com a menor deitada no meu braço.
Ela deve estar cansada, imagino que o dia não vem sendo fácil.
Me viro cuidadosamente, evitando acordar a garota em meu do meu lado. Me deito encarando sua feição.
Pelo menos ela dorme de um jeito fofo.
Faço um carinho em seu rosto e espero mais um tempo antes de acordar ela.
A acordo minutos antes do pôr do sol. Ela levanta mais perdida que eu.
Dou um sorriso meigo e olho pra frente, aguardando o momento mais lindo do dia.
Depois de um tempo raciocinando, Clare faz o mesmo.
Ficamos sem dizer uma palavra, apenas observamos o sol se por lentamente.
Quando acaba, recolhemos as coisas e voltamos para o carro.
Entramos e eu começo a dirigir de volta para casa.
No caminho, coloco outra música da Taylor Swift.
Eu sou apaixonado!
A música escolhida da vez foi Enchanted.
Dessa vez Claire canta comigo.
Seguimos o caminho todo cantando e curtindo as músicas. Minha playlist nunca decepciona.
Quando chegamos, guardo o carro e levo Clare até sua casa. A deixo na porta e me despeço, caminhando de volta para minha residência.
Sou surpreendido com um abraço em minhas costas.
(Desapareci por alguns meses, mas olha só quem voltou para dar continuidade? O próprio! Não desistam de mim!)
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Querida vizinha.
RomanceDizem por aí que um romance pode surgir até mesmo nos casos mais improváveis. Seria esse o caso da história de Gabriel e Clare, que, se conheceram de um jeito memorável e improvável? Seria possível que ele, um jovem intenso e romântico, porém sem at...