- Não gostou, chocolate?
Eu vou matar essa garota!
Contenho toda a minha irritação e me endireito na carteira, começando a copiar a matéria.
Ouço uma risada do meu lado e, novamente me seguro para não jogar essa bruxa da janela.
O tempo passa de uma forma rápida. Quando volto a realidade, percebo que já são 11hrs.
Os professores foram bem simpáticos com a novata, exceto a professora de filosofia, que decidiu que Clare vai ser seu novo alvo.
Estamos na última aula do dia, geografia. O professor está explicando sobre globalização. Estudamos isso todos os anos, não aguento mais!
Deito minha cabeça na carteira, decido que minhas aulas já acabaram e agora é uma excelente hora para um cochilo.
Sinto meus olhos se fecharem e o corpo ficar mais pesado. Quando estou prestes a dormir sinto uma dor no pé. Alguém pisou no meu pé.
Ignoro com todas as forças que tenho e fecho os olhos com raiva. Ninguém vai atrapalhar o meu sono.
Era o que eu pensava.
Sinto a dor de novo, só que mais forte dessa vez. Abro os olhos indignado e vejo um rosto extremamente próximo ao meu.
O céus, eu vou me jogar daqui de cima.
Olhos acinzentados me encaravam com divertimento.
Vou enfiar esse divertimento no seu cu, praga.
Deus, me perdoa por xingar! O senhor ainda me ama, né?
Vejo a sombra de um sorriso em seus lábios.
- Tá me querendo e não tá sabendo pedir, palmito? - Falo encarando esse maldito sorriso.
Seu sorriso desaparece, fazendo o meu aparecer.
- Feio desse jeito, acha mesmo que eu vou querer ficar com você? - Da de ombros, virando seu corpo para o quadro.
NÃO ACREDITO QUE OUVI ISSO!
Levanto o rosto incrédulo e fuzilo ela com o olhar.
Como ela teve a audácia de dizer isso? Logo eu, cabelo cacheadinho, olhos dignos de um monumento, rosto extremamente bem desenhado, corpo extremamente definido graças ao vôlei e a academia e, para completar, sou um moreno gostoso!
- Para a sua informação, leite azedo, eu estou entre os mais bonitos da escola inteirinha - Despejo cada palavra com ódio e desgosto em cima da autora dessa barbaridade.
Ela se vira para mim e me encara dos pés a cabeça, se demorando em meus olhos e minha boca.
- De acordo com as fontes da sua cabeça, né? - Ela encara meus olhos.
Sem quebrar o contato visual, ameaço jogar ela na frente do primeiro carro que aparecer.
Quando consigo pensar em um argumento bom o suficiente para massacrar esse ser insignificante, o sinal soa, indicando o final das aulas.
Pego minhas coisas e vou andando o mais rápido que posso para a saída.
Meus melhores amigos me alcançam rapidamente.
- Você está em ótimas mãos, ein? - Dan fala enquanto tenta acompanhar meu ritmo.
- Todo mundo sentiu a tensão entre vocês. - Luise fala segurando a mão do namorado.
- Te afetou tanto que você nem veio ficar com a gente no intervalo, sentimos sua falta. - Meu melhor amigo fala com uma carinha de cachorrinho abandonado.
Ainda vai nascer alguém mais dramático que ele.
- Essa garota me estressou tanto que eu simplesmente esqueci que era intervalo e fiquei estudando em sala. - falo extremamente estressado.
- Pelo visto ela também ficou, ninguém viu ela sair da sala - Lu fala com um tom malicioso que me embrulha o estômago.
Maldita bruxa.
Me despeço dos dois e sigo meu caminho o mais rápido possível, evitando esbarrar com a abominação que conheci mais cedo.
Chego em casa todo soado, sentindo que eu simplesmente não possuo mais minhas pernas.
Abro a porta encarando a casa ao lado, pelo visto cheguei primeiro que ela.
Dou um sorriso vitorioso e entro em minha residência. Me dirijo até o banheiro do meu quarto e início um banho libertador.
Quando acabo, ouço a campainha tocar.
Acho estranho já que não converso com ninguém da rua e, não pedi nada para entregarem.
Desço as escadas de toalha e me dirijo até a porta. Quando abro, sinto que agora, além das pernas, também não possuo mais minha alma.
Vejo os olhos da pessoa em minha frente se arregalarem tanto quanto os meus.
- Minha casa está sem água por conta da mudança. Queria saber se posso tomar um banho aqui.
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Querida vizinha.
RomanceDizem por aí que um romance pode surgir até mesmo nos casos mais improváveis. Seria esse o caso da história de Gabriel e Clare, que, se conheceram de um jeito memorável e improvável? Seria possível que ele, um jovem intenso e romântico, porém sem at...