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Point of view — Ayla Morel

Quando você é serva do Rei, você não tem tempo pra saídas. A minha calça jeans estava empoeirada, de tanto tempo que eu não a usava. A jaqueta, nem tanto, já que muitas vezes eu ia ao mercado para comprar tecidos.

Ou máscaras.

Faz quase uma semana desde o último bale e o último encontro que tive com Addamus sem ser eu. Não tenho esperanças que lembre dela (ou eu, disfarçada), pois faz um tempo que não escreve a ela, mas por algum motivo, me sinto segura com isso.

Addamus chega em uma moto preta, usando uma calça jeans escura, uma blusa moderna branca, e uma jaqueta de couro preta. Quando tira o capacete, penteia o cabelo com os dedos de uma forma sexy, deixando-o bagunçado.

Por impulso, me aproximo e beijo ele, pegando nos dois lado de seu rosto com as mãos. Surpreso, ele demora um pouco para processar, mas logo em seguida pega na minha cintura com a mão livre. O beijo vai ficando mais ardente, e ele se levanta da moto, jogando o capacete no chão como se fosse nada. Ele me agarra com as duas mãos, e pressiona meu corpo no seu.

-Acho que mudei de ideia — ele diz, e me dá um selinho — vamos para o meu quarto. Prometo que valerá a pena — ele fala com malícia na voz, o sorriso malicioso e preguiçoso nascendo facilmente nos lábios avermelhados e levemente inchados, pelo beijo.

-Nem pensar! — eu digo, o afastando — me deixou o dia todo curiosa, você não irá cancelar logo agora de forma alguma — falo — agora, onde está meu capacete? — digo animada, olhando para a moto.

-Você soa como uma rainha — ele diz enquanto abre o assento e tira o capacete de lá, e me assusto com a declaração.

-Não teve graça — resmungo, colocando o capacete na cabeça, e sentando na moto logo depois dele.

[...]

Addamus dirige serenamente, me permitindo admirar a cidade. O castelo não fica no centro, por motivos de segurança, e como eu moro perto do castelo, eu não saio para o centro. Tudo que preciso fica perto de casa, para o conforto da família real e os servos; a única vez que fui ao centro, eu tinha 6 anos e meu pai havia me levado para comprar temperos específico. O irmão de Addamus havia nascido naquele dia, e haveria um baita banquete.

Addamus deixa a moto em um beco escuro, e quando saímos dele, consigo admirar a cidade melhor. Há uma grande mistura de prédios antigos e novos, comércios modernos e barracas simples.

-E então? — Addamus corta o silêncio agradável — o que achou?

-É tudo tão... lindo — digo admirada, olhando para tudo — barulhento e muito iluminado, mas lindo — completo, finalmente olhando para ele.

-feche os olhos — ele pede. Contesto com o olhar — confie em mim, valerá a pena — ele diz, e então fecho os meus olhos.

Addamus me guia com a mão nas minhas costas, tomando cuidado, e quando finalmente chegamos ao lugar, ele me vira de forma que eu provavelmente fique de frente.

-Pronto. Pode abrir — ele diz, e assim faço. A minha frente há uma sorveteria enorme e muito brilhante, não está cheia, e provavelmente fechará logo, mas me deixa ainda mais animada.

[...]

Acredito estar dopada de açúcar. Não, na verdade, acho que se tornou um fato. Ao mesmo tempo que estou animada e elétrica, estou meio tonta. Addamus se diverte com a minha diversão, é claro. Talvez por isso ele goste tanto de assistir bailes.

-Devemos ir? — pergunto, tentando recuperar meu fôlego após rir o suficiente para que lágrimas brotassem em meus olhos

-Somente se for a sua vontade — Addamus responde com um resto de sorriso.

-Já deve estar tarde, e eu acordo cedo amanhã. Vamos — eu digo.

Caminhamos em um silêncio agradeço até o lugar onde ele estacionou sua moto.

-Você se tornará Rei somente quando se casar? — pergunto de repente. Addamus pensa um pouco antes de responder

- Bom, é o comum. Normalmente, herdeiros jovens como eu gostam de esperar, para ter mais liberdade e menos deveres enquanto podem. Eu, por outro lado, espero por um motivo mais particular, por assim dizer — ele diz, olhando para o nada

-Que seria? — eu pergunto

-Gostaria de governar com a Rainha ao meu lado, literalmente. Meus pais sempre foram assim; minha mãe sempre esteve ao lado do meu pai nos tempos bons e ruins, ajudando ele a tomar decisões difíceis, o aconselhando, o discordando, quando necessário, e principalmente, o apoiando. Além do amor, é a qualidade que mais admiro no casamento e reinado deles — ele diz com sinceridade, me olhando enquanto fala.

-Você será um bom Rei — eu digo, em tom baixo — Você é completo por compaixão e amor. É decidido e esforçado, e resistente até o último fio de cabelo. Mas acima de tudo, é forte. A pessoa mais forte que eu conheço — eu falo.

-Eu espero que eu seja — ele diz — tudo parece ser tão difícil, complicado. Coisas que parecem ser simples precisam ser planejadas meticulosamente, urgente ou não. Como um ataque, ou ajuda ao povo. Eu sei que nasci pra isso, sou um bom líder, mas ainda assim, tudo parece ser fora do meu alcance — ele diz repleto de sinceridade — acho que por isso anseio por casar por amor. Ou pelo menos por companheirismo. Preciso de uma pessoa ao meu lado que me compreenda e me apoie sempre, mesmo que eu esteja errado, mesmo que ela não concorde. — ele diz, olhando para o chão.

-Isso parece ser difícil de se lidar — eu digo, pegando em sua mão em forma de apoio.

-E é. Por tanto, não quero mais falar disso. Preciso relaxar — ele diz, se aproximando de mim sugestivamente.

-Você sempre diz que andar de moto te ajuda s relaxar, então que bom que estamos voltando! — desvio de sua investida, me virando para a moto cujo acabamos de encontrar.

-Foi por tão pouco — ele murmurou, me fazendo rir.

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⏰ Última atualização: Jul 12 ⏰

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