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Eu não me sentia orgulhosa de estar enganando o melhor amigo do meu irmão, mas primeiro, eu não estava propriamente o enganando porque ele nunca perguntou meu nome deverdade e dois, essa era a única forma de Matt conversar comigo sem me tratar com sua irmã mais nova, o que por acaso, eu tinha idade para ser. Mas, isso não era relevante.

Ri da foto que o loiro mandou. Ele estava no auditório, tendo aula e estava mais concentrado em nossa troca de mensagens do que naquilo que o professor dizia.

Matthew estava cursando direito, ele não gostava, mas seu pai tinha insistido, ele gostava de corridas de carro e jogar basquete, mas sendo filho de um diplomata, nenhuma dessas duas coisas era considerada uma profissão.

"Sua aula terminou?" perguntei assim que o loiro me mandou ums mensagem de voz contando como era ser filho único.

Ele se sentia meio solitário as vezes, mas felizmente tinha seu melhor amigo e a irmã dele, que era como uma irmã para ele.

Revirei meus olhos ao escutar a última parte, mas respirei fundo e voltei a ser a Cassy.

"Menos mal né"

Sua aula não tinha terminado, ele simplesmente tinha saído, no meio dela.

Ri, negando com a cabeça e continuamos a trocar mensagens sobre as coisas mais aleatórias do mundo.

O Matt era muito divertido e sempre me fazia rir. Eu ainda não sabia até onde estava disposta a levar aquilo tudo e pensar nisso me deixava mal disposta.

Pensar nisso me fazia sentir que eu era uma pessoa horrível e muito perturbada.

Larguei meu celular, que já estava sem carga e depois de quase uma hora resolvendo meus trabalhos de casa, eu decidi descer para comer qualquer coisa.

A sala de estar da minha casa ficava sempre vazia, a não ser que Matt e Harry estivessem em casa. Meus pais assistiam Tv em seu quarto e eu via meus seriados no laptop então não tinhamos porquê ficar na sala.

Mas era estranho, quando eu ia para casa das minhas amigas, eu sempre encontrava seus pais na sala de estar, conversando, mas isso raramente, quase nunca acontecia em minha casa.

O que por um lado era bom, pois sempre que meu pai e meu irmão estavam no mesmo ambiente, os dois acabavam brigando, sobre as notas do Harry, sobre meu pai estar sempre no trabalho, ou com sua outra família, ou até mesmo sobre a poluição do ar, eles sempre arranjavam algo para brigar.

Suspirei com um pedaço de maçã na boca e decidi sair para dar uma volta pela rua, o ar daquela casa, mesmo estando vazia, era pesado.

Só quando a brisa fria tocou minha pele é que eu me lembrei que estava de short e croppet. Só uma maluca para sair daquele jeito, de noite.

Olhei para trás, com preguiça de voltar para casa e caminhei até ao parque, que não era muito distante da minha rua.

Eu só precisava de silêncio, eu amava aquele parque, era calmo e bonito, o jardim era enorme.

Me sentei em um dos baloiços e respirei fundo, me balançando levemente.

Ser criança era incrível, eu ainda me lembrava bem da sensação. E estando ali, naquele baloiço, no meio da noite, a criança em mim estava mais viva que nunca.

Quando dei por mim, já estava me balançando mais alto, tanto que meus pés nem tocavam mais o chão, era incrível. Gargalhei para o vento, que batia em meu rosto e bagunçava meus cabelos.

Era surreal, balançar debaixo de um céu estrelado, era quase tão bom quanto tomar sorvete no inverno.

Uma mão segurou o baloiço o fazendo parar e eu pulei do mesmo, assustada.

-O que faz aqui uma hora dessas Jessy!

Sua voz me fez suspirar aliviada e logo me virei para encarar seus olhos negros.

-Fui para casa e não te achei!- meu irmão disse ainda segurando o baloiço e, sem pensar, me coloquei de pé no mesmo, para abraçá-lo.

-Eu te amo Harry!- deu vontade de dizer, então eu disse, sentido suas mãos em minhas costas.

-Também te amo sua louca!- disse perto de meu ouvido e beijou meu rosto.

Logo meu irmão se afastou de meu abraço e olhou para todos os lados, franzi meu cenho, fazendo como ele é me assustei quando o moreno assobiou, mas logo percebi, quando outro assobio soou, de longe.

-Estavam me procurando mesmo?!- perguntei ainda de pé no baloiço e meu irmão assentiu, segurando as correntes para que eu não me desiquilibasse.

-Sua maluca!- Matt disse assim que chegou perto e abraçou minhas pernas, me tirando do baloiço e me segurando no ar.

Ri alto e abri meus braços, era tão bom, ou até melhor que o baloiço, olhei para o céu, quase pareceu que as estrelas tinham se aproximado para contemplar o sorriso daquele loiro, que ria junto comigo.

-Não faz mais isso!- disse por fim e infelizmente me colocou no chão.

-Eu só saí para dar uma volta!- me defendi, olhando para os dois garotos enormes parados a minha frente.

-E cadê sua roupa?- meu irmão pegou meu braço e me fez dar uma volta, enquanto eu escutava o loiro rir.- Vamos para casa, para você se vestir!

-Nem começa Harry! E eu não quero ir para casa ainda, se quiserem podem ir!- dei de ombros e os dois ergueram suas sobrancelhas em minha direção.

-Eu não tenho tempo para isso Jessy, eu preciso estudar para uma prova!- meu irmão cruzou os braços.

-Então vai! Não te amarrei! Eu vim aqui por vontade própria então só saiu por vontade própria!- decretei, também cruzando meus braços e escutei, mais uma vez naquela noite, o loiro rir.

-Deixa que eu fico com ela Harry, pode ir, prometo trazer ela de volta, sã e salva!

Sorri com as palavras do Matt e o mesmo me olhou, logo piscando em minha direção.

Tentei segurar meu surto, e mais importante, tentei que eles não percebessem que minhas pernas estavam bamba. Para disfarçar me sentei no baloiço e esperei a discussão deles terminar.

-Okay!- meu irmão finalmente cedeu e eu agradeci as estrelas por isso.

-Viu, eu sou a pessoa mais incrível que você conhece, ou sou a pessoa mais incrível que você conhece?- Matthew sorriu para mim e eu sorri de volta.

-É a pessoa mais incrível que eu conheço!- afirmei. A mais linda também.

-Claramente!- riu ao passar para trás do baloiço para me dar impulso.

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