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Acordei, por motivo nenhum e franzi meu cenho quando o som do ronco do meu irmão mais velho chegou a meus ouvidos.

Revirei meus olhos, percebendo que estava de noite ainda, e me levantei,  saindo do quarto.

A casa do Matt era enorme e tinha fotografias espalhadas por todos os cantos,  todos em sua família eram bonitos.

Sua mãe era a mais linda de todos, mesmo quando o câncer dela estava em sua melhor fase, ela continuava linda.

Desci as escadas devagar, olhando atentamente cada fotografia e quando cheguei ao último degrau, andei até a cozinha.

-Devia parar de fumar!- falei depois que meu pequeno susto, por ver o loiro na cozinha, passou.

-Minha mãe não fumava e no entanto...
Não terminou sua frase, não precisou terminar, já estava tudo dito.

Matthew desceu de cima da ilha e me olhou, entornando em seu corpo tudo que havia sobrado em seu copo de whisky.

-O que faz acordada?- perguntou calmo e eu suspirei dando de ombros.

-Vem!- foi tudo que ele disse antes de estender sua mão em minha direção.

Sem pensar sequer uma vez, eu a segurei e o loiro sorriu um pouco para mim, me levando até a porta de correr que dava acesso direto à piscina.

Tremi um pouco por conta do gramado frio por baixo de meus pés, mas logo me acostumei.

-Não vamos mais pensar em coisas tristes!- disse sorridente e eu franzi meu cenho em sua direção.

-O que vamos fazer então, porque eu acho o céu estrelado bem triste!- falei seria e fiz alto. Era lindo.

Franzi minha testa, quando uma voz que eu amava chegou a meus ouvidos, sorri para o nada e reconheci a melodia da música "come out and play".

Matt sorriu para meu sorriso segurou uma de minhas mãos e me fez girar por baixo de seu braço.

O vi colocar seu iphone no relva, sem soltar minha mão.

Juntos dançamos, em plena madrugada, debaixo de um céu que não podia ser mais estrelado, cantarolando a música da Deusa Divina que era a Billie Eilish.

Mas por um momento, eu me calei, assim como ele fizera e olhando no fundo do oceano que o loiro carregava em seu olhar, me afoguei em um sonho que eu queria sonhar, um sonho que eu escolhi, eu poderia jurar que a cada segundo que passava, seu rosto se aproximava o mínimo que fosse do meu.

Matt parecia hesitar, mas seu olhar nunca se desviava do meu.

Ele chegou tão perto, que eu consegui sentir sua respiração, carregada de whisky, bater contra minha pele.

Senti meu coração acelerar e todos os meus sentidos entraram em alerta quando nossos lábios quase se tocaram, mas de repente, ele não estava mais a meu alcance, a música terminou, junto com meu sonho.

Matthew não olhar para mim, pegou seu celular do chão e respirou fundo.

-Tá quase de manhã, acho melhor você ir dormir!- disse e seguiu até a cozinha, sem esperar por minha eventual resposta.

Mas no fim das contas, eu nem mesmo pensava em respondê-lo, estava focada demais na batalha silenciosa que travava contra mim mesma.

Ainda tentando decidir, se ficava contente por quase ter sido beijada por ele, ou triste por ele ter recuado.

Era um dilema que eu preferia deixar para o travesseiro.

Caminhei pela relva fria até dentro de casa e franzi meu cenho, ao me deparar com a figura do loiro que era dono da casa.

Eu não esperava que ele continuasse lá e parecia que o mesmo não pretendia sair, antes de acabar com a garrafa de whisky que tinha em suas mãos.

Nada falei, somente passei pelo comodo e andei, escada acima, até ao quarto onde meu irmão ainda dormia.

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