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Suspirei exausta e olhei o loiro que estava sentado em minha cama, mexendo meu celular.

-O que está fazendo?- perguntei me preparando para tomar banho e o garoto somente mostrou a tela para mim.

Revirei meus olhos e ele riu. Ken tinha, não sei por qual motivo, decidido baixar em meu celular o jogo Candy crush, que eu pessoalmente odiava.

-Seu aniversário é semana que vem né!?- o loiro se lembrou e eu assenti, indo finalmente até ao banheiro.

Eram 15 anos. Oficialmente. Era suposto ter uma quincinhera enorme, com vestido de baile e tudo mais  mas, por alguma razão, aniversários não eram assim tão importantes em minha família.

O máximo que eu esperava era um bolo encomendado de última hora.

-Quer que eu te ensine a dirigir, como presente?- perguntou assim que saí do banheiro e eu assenti sem nem pensar.

-Tá bom!- sorriu e eu andei até meu closet.

Depois do dia em que meu irmão nos interrompeu, nós nunca mais tentamos fazer sexo, nem ao menos nos tocar, nunca mais houve brecha, mas naquele dia, houve, eu estava sozinha em casa, e tinha total certeza que meus pais apenas voltariam para casa no começo da semana seguinte  dias antes do meu aniversário, pois um dos meus tios estava doente.

Porém, mesmo sabendo que estávamos completamente sozinhos, eu não senti vontade de perder minha virgindade. Estava cansada, mentalmente e com saudades do meu irmão.

Saí do closet e franzi meu cenho para o loiro que encarava meu celular.

-O que foi?- perguntei por causa de seu cenho franzido e levou alguns segundos que o garoto erguesse seu olhar e me encarasse.

-Porquê tirou essas fotos?- perguntou com o cenho franzido e eu imitei seu gesto.

-Que fotos?- perguntei, sem entender, mas logo a breve memória de eu me esquecendo de apagar os nuds da Cassy me veio a cabeça, mas tentei me manter calma, ele não podia perceber.- O que tem?- tentei soar o mais natural possível, mas estava apavorada.

-Para quem mandou essas fotos Jessy?- Ken se levantou e eu fiz minha melhor cara de ofendida.

-Eu não posso tirar fotos do meu corpo para mim? Acha que eu sou uma puta oferecida que não valoriza o próprio corpo Kennedy, é isso que pensa de mim?- se eu não estivesse tão concentrada em meu papel, aplaudiria minha própria encenação.

-Eu não qu...

-Por favor vai embora!- cruzei meus braços, com lágrimas nos olhos e o vi chegar perto, mas me afastei.

-Barb...

-Agora, Kennedy!- mandei e o garoto baixou sua cabeça, saindo do meu quarto.

Engoli seco e me sentei contra as costas da cama. Minha lágrimas caíram e eu não conseguir conter meu choro.

Uma puta oferecida que não valoriza o próprio corpo, era isso que eu era, ou até pior, eu era uma puta oferecida que não valoriza o próprio corpo e que constantemente implorava pela atenção de quem estava pouco se lixando para mim. Eu tinha pisado de todos os limites.

Deitei meu corpo no chão frio e abracei a mim mesma, aquele corpo não era mais meu, eu não o merecia, mas ele também não, fechei meus olhos com força e pensei na dezenas de meninas cujos nudes foram vazados na net e naquele momento, nada daquilo me pareceu valer a pena.

A que ponto eu tinha chegado. Tudo para chamar a atenção de alguém que claramente nunca corresponderia meus sentimentos.

Me senti suja e minha cabeça latejou fortemente.

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