O barulho da porta se fechando o acordou.
Kalu espreguiçou-se enfiando a cabeça debaixo das cobertas, e quando sentiu o cheiro dos cabelos de Tahira no seu travesseiro, sua mente fez uma retrospectiva alucinante da noite anterior.
Sorriu — satisfeito.
A parte racional dele salientou que aquela situação era muito complicada. Um simples beijo tinha levado a relação que tinha com ela ao inferno, imagina o que o sexo faria... Porém, não estava arrependido — por Kami, se fechasse bem os olhos, podia lembrar perfeitamente da sensação maravilhosa de estar dentro dela.
Era estranho, nunca ligou muito para sexo. Na época em que seus colegas estavam correndo atrás de meninas — ou meninos — ele procurava por um lugar tranquilo para matar aula e dormir, jogava xadrez com seu mentor ou estudava a contragosto. Iara gostava de rótulos e o havia definido como assexual, ela tinha feito questão de explicar todos os aspectos da coisa, inclusive, a importância do autodescobrimento, mas Kaluanã, por sua vez, apenas ouvia pacientemente.
Veja bem, admitia que a melhor amiga tinha certa razão, entretanto para ele a coisa era completamente banal. Gostava de meninas, suas formas e tudo mais, se masturbava como qualquer cara normal e tinha fantasias. Mas ao colocar na ponta do lápis o trabalhão que teria até chegar nos finalmente — conhecer alguém, se apaixonar, ou convencê-la a aceitar uma transa casual — só parecia muito esforço para algo tão... pequeno.
Naquela manhã, no entanto, Kalu mudou de ideia, participaria de bom grado da maldita Odisseia se pudesse ter Tahira na sua cama novamente.
Com a decisão tomada, começou a pensar no seu plano de ação, antes de tudo precisava de um conselho, pois experiências anteriores provaram que era uma verdadeira ameba no que se tratava de uma loira mandona e problemática, não podia cometer erros. Talvez devesse ligar para o pai, ele era muito sábio, porém existia um problema chamado "mãe" — assim que ele contasse para Jandira que estava "envolvido" com uma garota, a mulher apareceria na sua porta com um sorriso e planos para o casamento.
Caio veio na sua mente, o amigo — quando bem alimentado — era bem inteligente, sem falar que conseguiu tirar Anna de letra, um feito que até hoje surpreendia Kalu, mas — também — havia um problema: seu melhor amigo era um romântico incurável, criado desde cedo por doramas clichês.
Alexandre era o próximo da lista. Além de ter experiência com as mulheres, o conhecer tão bem quanto os anteriores e ser bem sagaz, seu ex-mentor não ficaria enchendo seu saco sobre coisas que não queria falar. O problema dessa vez? O professor de matemática estava participando de um congresso especial onde não tinha meios de comunicação e só voltaria para a cidade no fim do mês.
Não tinha tanto tempo.
Seu estômago roncou ruidosamente, o tirando de seus devaneios. Precisava recuperar com urgência as energias gastas durante a noite.
Levantou com toda sua preguiça característica e rumou para o banheiro. O cheiro dela estava por todo o lugar, o que ativou na sua mente imagens vivazes de tudo que haviam feito. Enquanto esfregava o cabelo na água fria, ponderou se todo mundo tinha aquela fixação por sexo depois da primeira vez, ou ele que estava dando importância demais ao fato.
Ela tinha partido sorrateiramente e, apesar da inexperiência, sabia que aquilo não podia ser considerado um bom sinal.
Será que ela teve um orgasmo? Ele achava que sim, mas não tinha certeza, afinal, já havia escutado mais de uma vez — até mesmo de Iara — que mulheres eram boas em fingir essas coisas. Definitivamente não era a primeira vez dela, e bem, se a boate lhe provou algo era que Tahira estava acostumada com caras como Miguel.
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COLEGA DE QUARTO
RomanceKaluanã tinha a vida perfeita que todo preguiçoso sonhava: era professor universitário aos 21 anos, dividia seu apartamento com outros cinco amigos e mantinha uma rotina banal. Até que seu melhor amigo decide ir morar com a namorada. Agora, Kalu tem...