Férias

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Kalu estava bastante satisfeito com sua vida. Gostava do emprego, tinha uma boa relação com os amigos e morava num lugar legal. Porém, as semanas que antecedem o Natal eram sua época preferida, pois uma vez que os rapazes voltavam para suas cidades — para aproveitar uma temporada com a família, seja por obrigação como Nathaniel ou puro amor, como Kaleb — durante 15 dias, Kaluanã tinha a casa só para si.

Ou quase isso.

Esse ano, graças a uma invenção humana maravilhosa chamada "amizade colorida", ele passou suas manhãs dormindo preguiçosamente, por vezes sendo acordado pelos toques, beijos e mordidas da sua colega de quarto. As tardes se resumiam a algum filme na TV ou um passeio por aí — okay, na maior parte do tempo nem mesmo saiam da cama. E as noites eram preenchidas pelos gemidos, suspiros e desejos de Tahira.

Aparentemente, ele tinha muito tesão acumulado e com uma parceira tão... disposta, Kalu estava compensando todo o tempo perdido. Na prática isso significava que transavam várias vezes ao dia, em tudo que é lugar: sala, cozinha, nos quartos — sim, no plural, pois descobriram que a cama Kingsize de Samuel justificava seu alto preço.

Não existia um código ou palavra-chave, bastava um olhar mais demorado, um comentário malicioso, até mesmo um roçar de mão inocente e pronto, no minuto seguinte os dois estavam nus e suados fazendo a coisa acontecer.

Pela primeira vez na sua vida dormir não era uma prioridade.

É claro que nas primeiras vezes tiveram momentos constrangedores — como a ocasião em que comprou por acidente uma caixa de camisinha neon, que tecnicamente brilhava no escuro, e Tahira passou um tempo considerável rindo da sua cara sem nenhum pudor ou respeito — e ele não sabia exatamente o que fazer. Mas prontamente ela tomava o controle — não que se importasse com isso, o jeito mandão dela de certa forma aumentava sua excitação. Porém, no decorrer dos dias acabou aprendendo seus segredos: tinha melhorado consideravelmente no oral, e a loira delirava quando usava os dedos além da língua.

Ela não ficava muito atrás, já que como uma provocadora conseguia deixá-lo de joelhos — literalmente — com alguns movimentos. Seu corpo tinha mais áreas erógenas do que podia imaginar, por exemplo, seu pescoço. Toda vez que Tahira o mordia naquele lugar específico, Kaluanã implorava por coisas que nem eram fisicamente possíveis.

No entanto, em certas ocasiões Tahira conseguia tirar o melhor dele com muito pouco esforço, naquela noite, tudo que bastou para acendê-lo foi um olhar através do espelho.

Kalu havia acabado de tomar banho e escovava os dentes — mantiveram uma certa rotina para fingir que não estavam só dormindo, comendo e transando. Ele a sentiu as suas costas, encostou o corpo contra o seu e o abraçou pela cintura.

Se fosse alguns dias atrás, tiraria a ação como uma demonstração incomum de afeto — um carinho — entretanto, a conhecia bem o bastante para perceber suas segundas intenções. O que só foi confirmado quando a mão da loira desceu da sua barriga vagarosamente até encontrar a barra da sua camisa.

Sem querer entregar o jogo, Kalu a ignorou. Passou a escova pelos dentes e depois cuspiu na pia. A mão que repousava novamente na sua barriga — agora pele com pele — deslizou para baixo, ultrapassando os limites da calça do pijama. Ele não pôde se impedir de estremecer, afinal, ela sabia exatamente como e onde tocar para tê-lo nas mãos.

Na posição em que encontrava-se, tudo que Kalu fez foi encarar seu próprio rosto através do espelho. E estava tudo lá, as pupilas dilatadas, os lábios entreabertos com a respiração cortada, seu cabelo soltou caia toda vez que pendia a cabeça para frente, por conta da intensidade das sensações. Pior, sua pele ficava cada vez mais corada pela excitação.

Ele queria dizer que aquela cena o envergonhava em algum nível, mas tudo só servia para fazer seu sangue correr mais rápido nas veias.

Quando Tahira aumentou o aperto sobre seu pau — ao passo que acelerava o ritmo — Kaluanã largou a escova para agarrar-se à pia. Com um gemido dolorido, quase derreteu na mão dela, porém, precisava de mais. Precisava de tudo.

Como se entendesse sua mensagem não totalmente verbalizada — ambos haviam se tornado extremamente conscientes sobre a necessidade do outro — ela parou. Sem pensar duas vezes, ele se virou para encará-la.

Foi uma bela visão.

Provavelmente ela havia mordido os lábios enquanto o atormentava, pois eles estavam vermelhos, também tinha a pele corada e os olhos verdes tinham adquirido uma tonalidade profunda que beirava ao negro. Kalu registrou a camisola azul de seda, mas se prendeu mesmo a alça caída no ombro esquerdo e a do direito, que se mantinha heroicamente no lugar.

Com uma mão trêmula, ele a deslizou, o que fez com que a peça flutuasse ao redor do seu corpo perfeito até cair de forma graciosa no chão. A mulher diabólica não usava calcinha.

Ela o beijou. A diferença de tamanho entre os dois era considerável, então ele sentiu as mãos dela em seu pescoço, inclinando sua cabeça na sua direção. Ela estava faminta e, prontamente, Kalu permitiu que invadisse sua boca com a língua. Explorando, mordendo e provocando como bem queria.

Em certo momento, Tahira fez uma trilha por seu pescoço, deixando um rastro vermelho e muitos gemidos por parte de Kaluanã, afinal, era seu ponto fraco. Segurando a cintura dela com firmeza, ele inverteu as posições, mais precisamente, a levantou até que estivesse sentada na pia.

A primeira investida levou um ofego dos dois, como se estivessem satisfeitos só por voltar ao lar. A segunda foi pontuada pelas unhas não tão gentis dela nas suas costas — de alguma forma que não sabia bem como explicar, a pincelada de dor tinha o poder de deixá-lo mais... selvagem. Depois da terceira, ele parou de pensar a respeito, já que foi quando ela puxou seu cabelo para trás e mordeu seu pescoço.

O ar no pequeno cômodo era denso, gotas de suor desciam por suas costas. Provavelmente precisaria de outro banho, mas ele não poderia se importar menos.

O ritmo se tornou frenético e forte. Em determinado instante, segurou a perna dela pela coxa — uma ação que tornou-se sua preferida — aumentando assim a profundidade das estocadas.

Kalu sentia o ápice chegando, o prazer construindo seu caminho e por mais que parte de si quisesse prolongar tudo aquilo, ele era completamente incapaz de manter o controle. Mas — como se ainda precisasse da permissão — só deixou-se levar quando a ouviu dizer:

— Eu vou gozar.

Horas depois, ou talvez só minutos. Com o corpo inclinado sobre o dela, a testa apoiada entre os seios da loira, ainda respirando com dificuldade, Kalu constatou:

Existia uma coisa no mundo que era melhor que dormir.

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