Uma hora Tahira precisaria voltar para casa, então, após passar a tarde e início da noite com Iara — confabulando planos que certamente não colocaria em prática — resolveu partir. Antes, parou no Ramen Hashi para jantar — apesar de Nicholas ter lhe mandado uma mensagem avisando que era dia de pizza.
Ao chegar no apartamento a sala estava uma verdadeira zona, com todos os meninos em casa — inclusive Daniel — bebendo, comendo e assistindo alguma besteira na TV. Ela até pensou em parar para aproveitar a companhia animada do grupo, mas bastou encarar Kalu — meio deitado no sofá, de camisa e um short indecentemente revelador, cabelo preso num rabo de cavalo alto e um olhar que parecia querer devorar sua alma — para fazer com que mudasse de ideia, resolvendo ir tomar um banho e dormir cedo.
Porém, ao voltar para o quarto depois da tarefa feita, tomou um susto com Kaluanã parado próximo a cama. Ele mantinha os braços cruzados e ostentava uma incomum expressão de impaciência. Constrangida com a presença dele, mas também curiosa pela postura, a loira resolveu ignorá-lo — assim que estivesse pronto ele daria o primeiro passo.
Estendeu a toalha na guarda da cama, e foi organizar na cômoda os produtos que usou no banho.
— Precisamos conversar.
Ela respirou fundo com resignação, seu momento de paz havia acabado.
— Sobre a noite passada... — Kalu completou sem a menor necessidade.
Não queria ouvir aquela ladainha, conhecia o tipo dele, muito provavelmente viria com o papo de "foi um erro terrível, não podemos repetir blablabla, o problema não é você sou eu". Iara a havia alertado sobre a possibilidade de Kaluanã entrar em pânico e fazer merda, porém, naquela noite, ela não tinha paciência para aquilo. Por Deus, ele poderia esperar até o dia seguinte para rejeitá-la.
— Estou cansada, perdedor. — Começou. — Podemos ter essa conversa amanhã. — Não o fitou enquanto falava, apenas continuou arrumando os frascos de creme no armário. — É só sexo, não precisa agir como se fosse algo importante.
— Para mim foi! — ele rebateu, brutalmente honesto.
— O quê? — confusa com a resposta, obrigou-se a encará-lo.
Kalu estava levemente ruborizado, cada linha do seu corpo gritava desconforto, entretanto, ele tinha a cabeça erguida, os olhos castanhos a confrontavam com uma férrea determinação.
Aparentemente, o idiota havia tomado uma decisão.
— Foi algo importante pra mim, não só por ser minha primeira vez. — Vacilou por um instante. — E eu quero fazer de novo.
— Quer transar comigo? — deveria facilitar as coisas para o cara, ser legal e tudo, porém, a forma como Kalu se movia inquieto e seu rosto que ficava cada vez mais vermelho conforme a conversa se arrastava, imploravam para que o atormentasse.
Era prazeroso demais tirar a pose de impassível que ele fazia questão de carregar por aí.
— Vamos simplificar as coisas, podemos continuar sendo amigos, mas com benefícios.
— Benefícios? — repetiu lentamente, saboreando o significado da palavra.
— Sim, podemos ser colegas de quarto que, eventualmente, transam. — Ele respondeu de forma razoável, ainda que completamente sem jeito.
Tahira quase sorriu, não por humor, mas descrença. De todas as possibilidades que cogitou, aquela situação nunca passou por sua cabeça, pois não imaginava Kaluanã tratando sexo com esse tipo de descompromisso. Ele sempre lhe pareceu mais o estilo que levava a garota para o cinema, ou apresentava para a família no almoço de domingo — igual havia feito com Sheyla no aniversário de Kaleb.
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COLEGA DE QUARTO
RomanceKaluanã tinha a vida perfeita que todo preguiçoso sonhava: era professor universitário aos 21 anos, dividia seu apartamento com outros cinco amigos e mantinha uma rotina banal. Até que seu melhor amigo decide ir morar com a namorada. Agora, Kalu tem...