Kaluanã estava apreensivo, rezando em silencio para ter dado tempo de arrumar tudo.
— Não acredito que acabei de dirigir mais de duas horas por um bolo de mercado. — Tahira disse ao seu lado, ela não aparentava irritação, apenas uma indignação amistosa.
— Bem vianda ao poder de persuasão da Iara. — respondeu vagamente, sua mente no portão que levava a casa de praia.
O plano era simples, Iara havia arrumado um pretexto idiota para os dois irem até a cidade vizinha que ficava a uma hora de distância, nesse meio tempo, seus amigos iriam criar todo um clima "romântico" para Kalu fazer sua grande cena de filme.
Um clássico: rápido, coerente e fácil.
A caminhonete sapateou um pouco na alameda que levava a garagem, totalmente desacostumada ao chã de areia. Kaluanã se inclinou discretamente para a janela, observando para ver se pegava alguma sombra dos amigos, qualquer coisa fora do lugar que indicasse que era cedo demais.
O sol poente pintava o céu com tonalidades quentes de laranja e rosa, refletindo suavemente na superfície calma do mar. Uma brisa suave carregava consigo o cheiro salgado do oceano, enquanto o som das ondas quebrando na costa proporcionava uma trilha sonora serena para o momento. Mas Kalu não percebeu nada disso, seu coração retumbava dentro do peito.
Caminharam de mãos dadas pela trilha que os levava até a entrada, à medida que se aproximavam da mansão, uma visão surpreendente se desdobrou diante deles. Uma propriedade antes conhecida como um refúgio havia sido transformada em um cenário de romance: luzes de velas na beira da piscina lançavam reflexos dançantes na água, criando um ambiente mágico. Uma mesa elegantemente decorada foi colocada próxima, e a música Can't Take My Eyes Off Of You, Glória Gaynor, preenchia o ar — cortesia de Kaleb, Kalu deduziu.
— Uau, o que é tudo isso? — Tahira olhou ao redor, surpresa e encantada.
— Parece um jantar. — Kaluanã coçou a nuca, um sorriso envergonhado surgiu em seus lábios.
— E quem será que planejou? — entrando na brincadeira, a Lubandji o enlaçou pela cintura, aproximando seus corpos.
— Talvez tenha sido eu. — Pela resposta, recebeu um beijo dela, um roçar de lábios.
— Até a música?
— Não, isso foi coisa do Kaleb. — E como se zombasse dele, a playlist mudou para I Want It That Way, Backstreet Boys.
— Com toda a certeza! — ela concordou.
Rindo, caminharam até a mesa.
De acordo com as aulas exigentes que teve com Iara, ele cumpriu religiosamente seu papel: puxou a cadeira, serviu o vinho, tirou o cloche de prata que cobria a refeição para dar lugar a um prato principal extremamente elaborado — algo que só Nathaniel conseguiria executar com perfeição.
Ignorando completamente a etiqueta que ditava que deveriam sentar-se um de frente para o outro, Kalu acomodou-se ao lado de Tahira.
Tudo estava perfeito, a comida era boa, o vinho, caro, a Lubandji parecia muito satisfeita.
Podia sentir o olhar dela sobre si de vez em quando, e sempre que seus olhares se cruzavam, ela lhe dava um sorriso caloroso, como se lhe dissesse que estava feliz por estar ali.
Cada sorriso dela só aumentava a determinação dele, sabia que era hora de enfrentar seus sentimentos de uma vez por todas. No entanto, a ideia de se declarar para Tahira, especialmente quando ela estava prestes a partir, era assustadora.
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COLEGA DE QUARTO
RomanceKaluanã tinha a vida perfeita que todo preguiçoso sonhava: era professor universitário aos 21 anos, dividia seu apartamento com outros cinco amigos e mantinha uma rotina banal. Até que seu melhor amigo decide ir morar com a namorada. Agora, Kalu tem...