Tahira acordou lentamente, a sensação de aconchego era tão gostosa que tentou prolongar o momento o máximo possível. Porém, conforme o sono deslizava por sua consciência se deu conta de onde estava, pior, com quem:
Deitada de conchinha com Kaluanã.
Ele tinha as pernas entrelaçadas com as dela, e uma das mãos segurando seu seio com possessividade. Era uma posição tão íntima que, além de sentir a respiração compassada dele no seu ombro, ela teve certeza absoluta que Kalu não usava uma peça de roupa se quer.
Sem deixar o pânico tomar conta da situação, demorou alguns minutos para que conseguisse se desvencilhar ao ponto de sair da cama — isso é claro, porque cada vez que ganhava um pouco de terreno, ele voltava a segurá-la firmemente contra si, como se mesmo inconsciente não quisesse se afastar dela. Quando — enfim — conseguiu se levantar, Kalu continuou passando a mão pelos lençóis — procurando por ela.
Isso foi estranhamente fofo, tinha que admitir.
Não caia nessa, foi só uma transa casual. Ordenou para si mesma.
Odiava o "dia seguinte", pois na fria luz da manhã era obrigada a lidar com as consequências das próprias ações. E diferente das vezes que fez sexo com estranhos, agora não existia a menor possibilidade de partir sorrateiramente sem olhar para traz, já que aquele estranho em especial era seu colega de quarto.
Droga!
Xingando mentalmente pela estupidez da noite anterior, entrou no banheiro. Não sabia exatamente o que fazer, mas enfrentar uma conversa super constrangedora — que não faria bem para nenhum dos dois — dificilmente seria uma opção. Pelo amor de Deus, nem sabia onde estava sua calcinha, tinha o direito de ser covarde.
Lavou tudo com água escaldante, deixando escorrer pelo ralo o arrependimento, recriminação e insegurança. Fechou os olhos para enxaguar o cabelo, entretanto, voltou a abri-los — assustada — ao lembrar de um fato muito importante.
Não tinham usado preservativo.
Merda, merda, merda.
Claro que pegar uma IST era uma preocupação, já que apesar de classificá-lo como "inexperiente", Kalu podia muito bem estar transando com outras garotas — os quietinhos geralmente são os piores. Mas sua mente girou em torno de uma gravidez acidental, afinal, seu ciclo não era dos mais regulares — ou confiáveis — seu período fértil poderia ter sido ontem, hoje ou dali a uma semana, e se recusava terminantemente a ter um bebê nos próximos 10 anos, talvez 20.
— Calma! — recitou o mantra enquanto se secava. — Não precisa surtar atoa.
Ao terminar o banho, quis se chutou por não ter levado a roupa para o maldito banheiro. Pé ante pé, foi até o armário. Com cautela, meteu-se dentro de uma calça jeans e um cropped azul — que era basicamente uma camisa de manga que havia cortado. Colocou o all star de cano longo na sala — um lugar seguro.
Graças a Deus — ou qualquer outra divindade disponível — todos ainda estavam dormindo. Pegando a chave do carro, partiu para o centro da cidade.
Já passavam das 10h, porém, as ruas permaneciam vazias e as poucas pessoas que transitavam pela calçada ainda estavam em marcha lenta. Domingos eram tranquilos, sendo uma área universitária, muitos dos moradores ainda descansavam, ou tentavam sobreviver à ressaca das saídas do sábado à noite.
Quando estacionou a picape na frente da farmácia ficou feliz por ser uma das únicas clientes. O sino da porta anunciou sua entrada para o garoto — ou talvez fosse uma garota — atrás do balcão. Enquanto andava pelos corredores excessivamente iluminados, tirou o celular do bolso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
COLEGA DE QUARTO
RomanceKaluanã tinha a vida perfeita que todo preguiçoso sonhava: era professor universitário aos 21 anos, dividia seu apartamento com outros cinco amigos e mantinha uma rotina banal. Até que seu melhor amigo decide ir morar com a namorada. Agora, Kalu tem...