Eda Yildiz
Encarei meu reflexo no espelho uma última vez e desci do carro com a bolsa em mãos.
Ceren seguia animada alguns metros adiante com o cabelo ao vento, aproximando-se de Ferit e Efe. Ela era típica pessoa extrovertida e, dentre nossos companheiros da noite, minha irmã não havia trocado mais de duas palavras com Efe desde o dia que se conheceram. Mas, daqui para o fim da noite, não me surpreende que se tornem amigos.
Respirei fundo e aproximei-me deles com calma.
-Boa noite, minhas rainhas! - cumprimentou Ferit com um sorriso no rosto e com os braços abertos, passando um deles pelos ombros de Ceren e esperando-me para fazer o mesmo - Sentiram muito a minha falta?
Ceren respondeu sem pensar.
-Sempre, baby!
Revirei os olhos, divertida.
-Nos vemos não faz nem uma hora, Ferit.
Ele deu de ombros.
-Eu sei que sou incrível, Eda! Não precisa ficar com vergonha por sentir minha falta. Todos sentem.
Soltamos uma risada e o envolvi com os braços também.
Já me acostumei com a postura presunçosa natural de Ferit. Ele era assim quando nos conhecemos e, ao longo do tempo, não mudou muito. Continuou sendo o meu irmão de outra mãe. Meu Ferit.
Desvinculei-me dele e sorri educadamente para Efe. Ele me encarava, em silêncio, com os olhos atentos e as mãos escondidas nos bolsos da calça social clara. Analisei-o com cuidado. Era diferente vê-lo em trajes comuns, por mais que fossem um esporte fino. Eu já me acostumei a vê-lo em seu pijama hospitalar e o jaleco branco.
Efe sorriu de canto e estendeu uma das mãos em minha direção.
-Boa noite, dra Eda!
Aceitei sua mão, sentindo meu rosto corar ao vê-lo beijá-la cavalheiramente em seu dorso. Seus olhos encaravam-me com intensidade.
-Boa noite, dr Efe!
Ele voltou a esconder as mãos nos próprios bolsos e virou-me para minha irmã, cumprimentando-a com um par de palavras que não prestei atenção. Meus olhos estavam fixos nas letras iluminadas na base de madeira pólida sobre nossas cabeças.
Von Ille.
A imponência do nome chamava a atenção. A escrita do nome de forma legível era uma grande vantagem. Identificava o restaurante corretamente. Tentei espiar dentro pelas portas de vidro da entrada. Dali, o lugar parecia lindo. A iluminação era estratégica. Simples, elegante e pontual. O arquiteto que havia desenhado aquela entrada tinha talento. O contraste da madeira com a paleta de cores elegantes estavam impecáveis.
Efe indicou as portas de vidro com a mão.
-Podemos?
-Com certeza!
Ferit foi o primeiro a entrar, lado a lado com Ceren, conversando a sussurros. Suspirei e os segui, sentindo meu corpo se assustar com o toque inesperado e leve em minhas costas.
Sobre o ombro, pude ver Efe ao meu lado, conduzindo-me em direção à festa pelo tapete que desenhava o caminho.
A inauguração parecia estar sendo um sucesso. As mesas estavam quase todas ocupadas por pessoas risonhas e animadas. O bar estava movimentado. Drinks entravam e saiam em um ritmo frenético. Garçom iam de um lá a outro, ocupados, equilibrando as bandejas entre os clientes.
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Reticências
Rastgele"Em qual momento, ao longo da vida, devemos por um ponto final? Em quais, uma simples reticências já seria o suficiente? Desconhecidos diante de todos. Amantes às escondidas. Um amor desgastado por tantas despedidas é levado ao limite. Apreensiva pe...