Capítulo Dezesseis

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Eda Yildiz

Encarei meu reflexo no espelho uma última vez e desci do carro com a bolsa em mãos.

Ceren seguia animada alguns metros adiante com o cabelo ao vento, aproximando-se de Ferit e Efe. Ela era típica pessoa extrovertida e, dentre nossos companheiros da noite, minha irmã não havia trocado mais de duas palavras com Efe desde o dia que se conheceram. Mas, daqui para o fim da noite, não me surpreende que se tornem amigos.

Respirei fundo e aproximei-me deles com calma.

-Boa noite, minhas rainhas! - cumprimentou Ferit com um sorriso no rosto e com os braços abertos, passando um deles pelos ombros de Ceren e esperando-me para fazer o mesmo - Sentiram muito a minha falta?

Ceren respondeu sem pensar.

-Sempre, baby!

Revirei os olhos, divertida.

-Nos vemos não faz nem uma hora, Ferit.

Ele deu de ombros.

-Eu sei que sou incrível, Eda! Não precisa ficar com vergonha por sentir minha falta. Todos sentem.

Soltamos uma risada e o envolvi com os braços também.

Já me acostumei com a postura presunçosa natural de Ferit. Ele era assim quando nos conhecemos e, ao longo do tempo, não mudou muito. Continuou sendo o meu irmão de outra mãe. Meu Ferit.

Desvinculei-me dele e sorri educadamente para Efe. Ele me encarava, em silêncio, com os olhos atentos e as mãos escondidas nos bolsos da calça social clara. Analisei-o com cuidado. Era diferente vê-lo em trajes comuns, por mais que fossem um esporte fino. Eu já me acostumei a vê-lo em seu pijama hospitalar e o jaleco branco.

Efe sorriu de canto e estendeu uma das mãos em minha direção.

-Boa noite, dra Eda!

Aceitei sua mão, sentindo meu rosto corar ao vê-lo beijá-la cavalheiramente em seu dorso. Seus olhos encaravam-me com intensidade.

-Boa noite, dr Efe!

Ele voltou a esconder as mãos nos próprios bolsos e virou-me para minha irmã, cumprimentando-a com um par de palavras que não prestei atenção. Meus olhos estavam fixos nas letras iluminadas na base de madeira pólida sobre nossas cabeças.

Von Ille.

A imponência do nome chamava a atenção. A escrita do nome de forma legível era uma grande vantagem. Identificava o restaurante corretamente. Tentei espiar dentro pelas portas de vidro da entrada. Dali, o lugar parecia lindo. A iluminação era estratégica. Simples, elegante e pontual. O arquiteto que havia desenhado aquela entrada tinha talento. O contraste da madeira com a paleta de cores elegantes estavam impecáveis.

Efe indicou as portas de vidro com a mão.

-Podemos?

-Com certeza!

Ferit foi o primeiro a entrar, lado a lado com Ceren, conversando a sussurros. Suspirei e os segui, sentindo meu corpo se assustar com o toque inesperado e leve em minhas costas.

Sobre o ombro, pude ver Efe ao meu lado, conduzindo-me em direção à festa pelo tapete que desenhava o caminho.

A inauguração parecia estar sendo um sucesso. As mesas estavam quase todas ocupadas por pessoas risonhas e animadas. O bar estava movimentado. Drinks entravam e saiam em um ritmo frenético. Garçom iam de um lá a outro, ocupados, equilibrando as bandejas entre os clientes.

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