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FOGO


Arregalei meus olhos junto e tomei o celular da mão de Christopher. Li a mensagem que tia Lisa havia mandado:


Mãe ❤

Christian, aconteceu um 

acidente na nossa casa, estou indo

te buscar. Spark está a salvo.

Nossa casa está pegando fogo!


Sem nem sequer pensar, corri para o banheiro masculino do restaurante e bati bruscamente na porta.

— Christian! Abre a porta, rápido! 

Christian abriu a porta enquanto ainda abotoava sua calça, me senti meio constrangida mas não era hora de sentir vergonha alheia agora.

— O que foi? Ficou maluca?

— Sua mãe acabou de enviar uma mensagem para o seu celular dizendo que aconteceu um acidente na sua casa! Ela está pegando fogo! Tia Lisa está vindo de carro te buscar junto com Spark, a gente vai junto com você.

Christian arregalou os olhos e pude sentir seu coração bater mais forte.

— Fogo?!


* * *

Quando tia Lisa foi buscar nós todos no restaurante, chegamos à casa de Christian e era realmente verdade, a casa dele estava pegando fogo. Quando saímos do carro, ficamos simplesmente assistindo a casa dele pegar fogo e ser destruída. O cachorrinho de Christian estava no colo de tia Lisa, enquanto ela abraçava o filho com o braço esquerdo.

Minha mãe me cobria com uma toalha e eu estava abraçada com Hannah. Christopher estava junto de sua tia e de seu primo. Várias perguntas estavam correndo pela minha mente: como esse fogo foi parar aí? Quem tentou colocar fogo na casa do Christian? E se eles não tivessem conseguido se salvar?

Quando o bombeiro chegou, já era tarde demais. A casa já estava toda destruída e só depois de um longo tempo, tive coragem de falar alguma coisa:

— Mãe, como isso aconteceu? — falei, ainda trêmula por ver um incêndio de perto.

— Eu não sei, querida. Quando vimos, a casa já estava assim.

Fiquei imaginando se o fogo se alastrasse mais ainda e fosse parar em minha casa. Fiquei grata por meus pais terem saído de lá antes que isso pudesse acontecer.

— Coitado dos Convery — mamãe falou — Olha a carinha triste do Christian.

Reparei que ele estava realmente triste. Na verdade, quem não ficaria vendo sua casa pegando fogo? Os olhos dele estavam rasos d'água. 

— Vai lá falar com ele, Aurora — mamãe disse — Eu sei que vocês brigaram, mas não é uma boa hora para pensar em brigas agora, né?

Sem nem mesmo questionar, me aproximei de Christian e peguei no ombro dele. Ele olhou para mim e não excitou em me abraçar e começar a chorar. Nessa hora, me deu um arrependimento tão grande sobre as coisas que eu havia dito para ele, sobre as coisas que eu culpei ele sem ele nem mesmo ter feito.

— Calma, vai ficar tudo bem — eu acariciava seus cabelos — Vai ficar tudo bem.

Hannah e Christopher se juntaram à nós e abraçaram o loiro que não conseguia parar de chorar.


* * *

Depois que todos foram embora, meus pais convidaram Christian e Lisa a passarem um tempo na nossa casa enquanto a casa deles ainda estava ficando pronta. Eles acabaram aceitando depois de muita enrolação, até porque eles não tinham para onde ir, a família inteira deles morava no Canadá.

Na nossa casa tinha dois quartos de hóspedes, tia Lisa ficaria em um e Christian ficaria em outro. Lisa conseguiu pegar algumas coisas enquanto o fogo ainda estava fraco e trouxe para nossa casa. Spark (o cachorrinho) iria ficar no quarto de Christian. Lisa conseguiu pegar os celulares, o computador, algumas roupas dela e de Christian, mas só isso.

As roupas eram suficientes para uma semana. Lisa iria entrar com um processo na justiça porque tinha certeza de que alguém quis incendiar a casa deles. Os bombeiros informaram para Lisa mais tarde que encontraram três fósforos jogados na sala da casa deles.

Já estava tarde da noite e Christian não saíra do quarto desde que havia entrado. Resolvi ir fazer uma pequena visita para ele. Já que tecnicamente moraríamos juntos agora, eu teria que fazer de tudo para criar um clima favorável para nós dois. Decidi consertar o que eu mesma tinha feito, não podíamos permanecer assim. Bati duas vezes na porta do quarto que ele ficaria e entrei.

Andei nas pontas do pé e me sentei na sua cama. Ele estava virado para o lado oposto e estava de costas para mim.

— Dia chato, né? — perguntei, olhando para seus cabelos.

Ele deu uma risadinha.

— Você já disse isso antes — ele se virou para mim — Acho que tive um déja-vu.

Dessa vez, foi minha vez de soltar a mesma risadinha.

— Eu sinto muito pelo o que aconteceu.

— Não tem que sentir — ele falou — Você não tem culpa de nada.

Sorri.

— Eu só queria me certificar de que você estava bem.

Ele sorriu forçado.

— Não precisa. Não precisa fingir que se preocupa comigo, estou bem.

— Mas eu me preocupo, de verdade.

Ele pareceu surpreso, mas logo voltou ao normal e se sentou na cama. 

— Eu estou feliz que pelo menos minha mãe e o Spark conseguiram sair de lá.

— Eu também estou muito feliz — comentei — Essa casa pode não ser a mesma coisa da sua, mas eu te garanto, vou fazer com que sua estadia aqui seja a melhor.

— Você está parecendo aquelas moças de hotel.

Nós dois demos risada.

— Olha, Christian — comecei a falar, mas nem sabia direito o que eu iria dizer — Eu sinto muito por aquele dia também. Você sabe... aquele dia. Eu acredito que você não teve a intenção.

— Fico muito feliz em ouvir isso.

Me deitei ao seu lado e ele deitou também. Esticamos nossas pernas e olhamos para o teto.

— Talvez esse possa ser um novo recomeço. 

— É. Talvez.

— Talvez possamos virar amigos de novo.

— Sim, com certeza.

— Sua casa vai ser consertada logo, confia em mim.

— Eu espero.

Virei meu rosto para ele e na mesma hora, ele virou também. Nossos rostos estavam colados. Estávamos a centímetros de nos beijarmos novamente. 




𝐌𝐘 𝐁𝐑𝐀𝐙𝐈𝐋𝐈𝐀𝐍, christian convery.Onde histórias criam vida. Descubra agora