Fim de festa

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A noite que deveria ser marcada por uma celebração se transformou em um turbilhão de emoções. Pedro abraçava Liz como se temesse que ela desaparecesse novamente, enquanto comentários discretos e olhares desconfiados circulavam pelos pequenos grupos espalhados pelo salão. O cenário não era estranho para ninguém ali: as celebrações dos Alonsos sempre vinham acompanhadas de um brilho superficial. Contudo, para que a noite fosse verdadeiramente uma festa Alonso, faltava aquele toque inesperado, o elemento imprevisível.

— O que está acontecendo?

Mabel, que acreditava ter perdido o costume com as grandes festas da alta sociedade, sentiu algo mudar. Observando os convidados, percebeu que muitos desviavam a atenção da anfitriã para olhar atentamente seus celulares, com expressões de surpresa ou preocupação.

— Caramba! — Danilo se juntou aos outros e pegou o celular se deparando com vídeo perturbador. — Olha isso, tia Bel.

— Vou atrás da minha mãe.

Pietra deixou de lado suas diferenças com Tessa e correu por entre os convidados.

— Deixa eu ver isso — Mabel pegou o celular de Danilo, e o que viu a deixou sem palavras. O vídeo curto mostrava um carro em chamas no estacionamento da universidade médica. — Mais um escândalo para a nossa coleção — murmurou, tentando manter a compostura.

— Mãe?

Pietra encontrou a mulher na varanda de casa com o cenho fechado completamente enraivecida.

— O que foi Pietra? Não estou com ânimo para brigas. — Suspirou cansada.

— Aconteceu algo. — Mediu as palavras. — Você precisa ir para o hospital agora.

— O que houve? — O coração de Tessa começou a bater mais rápido, uma onda de calor e depois frio percorreu seu corpo.

— Houve uma explosão... o reitor... Maurício... — A frase ficou presa, mas foi o suficiente.

O vidro da taça que Tessa segurava escorregou de suas mãos, caindo no chão e se espatifando em mil pedaços, enquanto os olhares ao redor da sala se voltavam para ela. Sempre tão composta e cheia de controle, sentiu um tremor percorrer seus braços.

— Estou a caminho.

— Tessa, o que aconteceu? — Perguntou Enzo, vendo o rosto pálido e os olhos arregalados da esposa.

— Preciso ir... — respondeu ela, a voz embargada pelo choque. Sem esperar por qualquer reação ou questionamento, se apressou em sair, passando por entre os convidados que cochichavam.

Pela primeira vez em muito tempo, a família chegou a um consenso rapidamente. Todos se reuniram e decidiram uma coisa: Pedro não poderia saber o que havia ocorrido na universidade. Tessa e Enzo partiram para o hospital, enquanto os outros se mobilizaram para manter a encenação e a aparente alegria pelo retorno de Liz.

— Não posso acreditar que está aqui.

Pedro, alheio ao que acontecia, concentrou-se em Liz. O olhar emocionado do pai não deixava espaço para pensar em outra coisa que não fosse o reencontro.

— Nem eu. Senti sua falta.

Emocionada, estava concentrada somente nele.

— Stella?

Liz olhou em volta, em dúvida. Ela não via a governanta há anos.

— Olhe para você, não acredito que é aquela garotinha que corria na hora de dormir.

Abraçou a menininha que também vira nascer.

— Minhas irmãs? Quero vê-las. — Enxugando o rosto, procurou os outros membros da família. — Cecília? — Foi fácil reconhecer a mais velha.

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