Hospital Samuel Lucas Alonso
Atravessando as avenidas e pegando o trânsito caótico de um típico dia de semana para entrar em um dos prédios mais grandiosos da cidade. Não era um hotel de luxo nem um novo shopping reluzente; os 21 andares daquele edifício pertenciam a um grupo poderoso de acionistas, dominado há mais de duas décadas pelos Alonsos.
— Senhora, a festa já começou. — A assistente entrou no escritório do andar principal. — E antes que vá, preciso que assine os papéis para o fechamento da matrícula do seu irmão.
— Com prazer. — Tessa pegou a caneta com suas iniciais gravadas e assinou o documento com um sorriso vitorioso. Agora, apenas ela brigaria para ter o controle da universidade médica, pelo menos assim pensava. — Por isso que Pietra faz terapia desde criança. Pode ter as crises dela, enquanto se prepara para o sucesso. — Não à toa a comparam com Pedro. — Vamos.
Caminhou pelos corredores sabendo que, ao mesmo tempo, tinha tudo e nada. O hospital era dela e das irmãs, contudo, ao momento sua autoridade existia somente na sua sala com a assistente. Ela era a advogada responsável por tudo dentro da universidade que era ao lado do prédio hospitalar, contudo, mesmo fazendo tanto, seu poder era mínimo.
— Desculpa-me pelo atraso. — Cecília entrou apressada no evento, claramente estressada. — Tive uma cirurgia de emergência.
— Claro, você mal entra numa sala de cirurgia há meses e justamente hoje precisou ajudar aqueles internos.
Alfinetou, sem perder a oportunidade de provocar a irmã.
— Ah, Tessa, tenha paciência — Cecília revirou os olhos, cansada das provocações. — Já basta o papai.
— Desculpa, estou com a cabeça cheia. — Suspirou tentando conter sua irritação. Aprendeu na infância que suas aliadas eram suas irmãs. Dependendo do dia isso era verdade. — Papai escolheu ele. — Apontou para o homem do outro lado sala conversando e rindo com outros professores. — Um professorzinho pobretão.
— Maurício? — A cabeça de Cecilia era focada no trabalho e nos filhos. Ensinava residentes e se preocupava com Danilo e Anjinha. — Achei que dava aulas para o primeiro ano.
— Exatamente. Há 15 anos está em sala de aula.
— Senhora, podemos servir os aperitivos?
A inocente secretária perguntou.
— Já deveriam estar servidos.
Tessa não tinha problemas com o jogo, ela sabia lidar com ele como poucos. Conseguiu reunir professores, médicos e parte dos empresários em plena terça-feira a tarde, algo que poucos poderiam realizar.
— Não gosto desse olhar.
A irmã que a conhecia bem falou com um riso preocupado.— Não há olhar.
— Não está chateada? Achei que quisesse ser reitora.
— Estou bem, papai sabe quais decisões tomar, principalmente para um velho que nem trabalha mais.
Apertou sua taça de champanhe e conteve o sentimento por trás da risada amigável.— Ele está vindo, seja gentil.
Cecilia viu a aproximação do professor e saiu antes de um interrogatório, que não gostava começar.
— Tessa! — O professor de Medicina veio em sua direção de braços abertos. — É bom ver um Alonso aqui.
— Por quê? Tem mais da minha família aqui do que em casa.
Respondeu, soltando uma risada ensaiada.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Os Alonsos
RomansaA família Alonso controla mais do que uma espantosa fortuna - eles têm nas mãos o poder e a influência sobre a elite carioca. Pedro Alonso é um dos homens mais poderosos do Rio. Sua família carrega uma influência assustadora dentro dos limites estab...