Preparação para o show

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O Rio de Janeiro se curva ao seu próprio, Met Gala. — Sol leu o título da postagem. — Comemorando os 20 anos do Hospital Samuel Lucas Alonso, o criador e acionista majoritário Pedro Alonso celebra o sucesso de seu hospital com um grande baile para a elite carioca.

O mundo assiste e conhece os grandes eventos em Nova York, Paris, Oscar, Met Gala, Paris Fashion Week, mas o Brasil reside muito mais que o Carnaval. Há grandes festas ao redor deste país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, e uma delas é o baile proporcionado por Pedro. A celebração no Copacabana Palace tinha o luxo das maiores metrópoles, transformando a Avenida Atlântica em um reduto reservado para os seletos convidados da nata carioca.

— Sabia que nunca fui?

Liz confessou casualmente, interrompendo a leitura de Sol, que a olhou surpresa.

— Você, a filha do anfitrião, nunca foi a esse baile?

Sol, surpresa, arqueou as sobrancelhas. 

— Papai estava começando a construção do hospital quando me mudei para Berlim.

— É o evento do ano. Roupas deslumbrantes, celebridades, políticos e até ex-BBBs, todos no mesmo salão.

Sol tentou soar casual, mas a oportunidade de se aproximar da filha de Pedro não era nada acidental. Sabia que, naquela noite, Liz poderia ser um nome anunciado e queria estar ao seu lado quando isso acontecesse.

— Uau! — Liz parecia levemente intimidada. — Acho que não tenho vestido para isso.

— Tem um shopping por aqui. Podemos ir.

— Está falando sério?

Liz riu de surpresa. Em tão pouco tempo de volta ao Brasil, recebera mais atenção de Sol do que das próprias irmãs.

— Sim, vamos.

Nenhum movimento é dado em vão e todos sabiam disso. Longe dali, na casa da Barra o evento chique também chamava atenção de outros.

Esse é o evento mais esperado do ano. Desde a inauguração, Pedro Alonso brinda o Rio com uma festa de gala. O que será que o milionário reserva para nós esse ano?

— Achei que ele não faria esse ano. — Fabricio comentou com a mãe após ouvir a reportagem no telejornal. — A morte do reitor continua repercutindo.

— Ada, outro prato frio.

A voz fria de Stella cortou o ar, jogando mais pratos sobre a bancada.

— Desculpe, irei melhorar.

Ada, que estava com os braços descansando sobre a mesa, se sobressaltou e desligou o celular rapidamente.

— Não, não irá. — O coração dos funcionários gelaram a espera da continuidade da fala. — É melhor ir para seu intervalo e voltar depois do almoço.

— Obrigada.

Desta vez estava mesmo profundamente grata. Abandonou o uniforme e caminhou para fora da mansão. Tentou se concentrar no trabalho, mas seu campo neural estava sendo exposto a cargas altas de pensamentos acelerados desde que saiu de casa.

Unicamente pensava em novos meios de proteger a família. Para si não importava papéis ou sangue. Nada do que um juiz falasse mudaria o que sentia, porém, uma palavra errada poderia separar irmãos, levaria os mais novos para abrigos e tudo seria diferente.

Ela sabia o que era crescer em um abrigo. O que deveria proteger, feriu. O que deveria acolher, machucou. E agora, não permitiria que os que estavam sob seu cuidado experimentassem aquilo que a marcou tão profundamente. O medo era um velho conhecido e, naquela tarde, parecia ter se tornado exaustivo. Ela se sentou na quadra de tênis, os pensamentos em espiral, até ser despertada por uma bola que rolou silenciosamente até seus pés. Do outro lado da rede, a figura de Rafah se materializou, com um sorriso despreocupado que interrompeu seus devaneios.

Os AlonsosOnde histórias criam vida. Descubra agora