Mansão Alonso

18 2 0
                                    

Localizada na Barra da Tijuca, a mansão dos Alonsos era a terceira maior da cidade. Em algum momento pertenceu a um Duque ou alguém da nobreza portuguesa, o que dava ao lugar um preço exorbitante. Enfim, o importante era que a propriedade havia sido dividida em três departamentos. No lado oeste estava a casa de Tessa, ao leste morava Cecilia com os filhos e bem ao centro, ocupando uma parte significativa, estava Pedro com seus muitos empregados e filho.

— Bom, aqui mora o Sr. Alonso e, no momento, só o caçula está residindo na casa.  — Stella apresentava o ambiente para a Ada. Ela não pediu e trabalharia apenas para cobrir as férias de uma das empregadas, mas qual era a graça de morar em um palacete se não pudesse se gabar um pouco? — Contudo, todos tomam café e jantam juntos.

— São quantos?

Ada perguntou, tentando absorver as informações. Não estava acostumada a lugares tão grandiosos, e sentia-se como se estivesse em um dos castelos que sua sobrinha costumava desenhar.

— Cecilia é a mais velha e tem dois filhos, Ângela e Marcus. — Stella sabia mais sobre os patrões do que sobre si mesma. — Depois vem a Tessa, casada com. Enzo. Você não vai anotar?

— É necessário? — O semblante preocupado da governanta lhe respondeu. — Tudo bem.

— A Tessa é mãe de Pietra e Jacques. A casa deles é aquela. — Apontou para uma residência que parecia grande o suficiente para acomodar todos os irmãos e sobrinhos de Ada confortavelmente. — Ficará encarregada de limpar os quartos e o escritório dela e do marido, mas não se preocupe, peça a uma das meninas para te acompanhar auxiliar. Me acompanha?

Pararam em frente às escadas, que levavam para o segundo andar. De lá, era possível ver as salas e a mesa onde todos se reuniam para comer e ocasionalmente brigar. Ada se impressionou com o tamanho do casarão e com os detalhes. Os quadros da parede pareciam ter sido inspirados a partir de álbuns de música. Ela queria não conhecer os desenhos dos discos de Tom Jobim ou o de Elis Regina. 

— Alguém aqui é músico?

— Não conhece os negócios da família? — Ada negou e outra vez recebeu um cenho confuso. — Todos são envolvidos com a universidade médica e o hospital Samuel Lucas Alonso.

— Oh, minha irmã trabalha lá, é um emprego bom. — Por um momento, pensou que seria demitida antes mesmo de começar a trabalhar. — Desculpa.

— A Cecília é chefe da cardiologia e Tessa atua na administração. Todos foram criados para assumir as empresas. — Stella apontou para uma foto emoldurada atrás delas. — Essa é antiga, faltam as crianças e o Rafah. Não sei por que ele nunca troca esse quadro.

Emendou um pensamento em outro. 

— Espera, mencionou duas filhas, mas e as outras?

Apontou para as outras pessoas na foto.

— A Liz chega hoje. Está maior agora. — O sorriso de Stella denunciava sua patroa favorita. — Foi para a Alemanha terminar os estudos, e depois tem a Bel, aqui ela tinha quatro anos, hoje é uma mulher linda, independente, mas não mora aqui. — Passou as mãos na fotografia.

— Stella!

O grito vinha do cômodo no final do corredor. 

— Esse é o Pedro. Um velho rabugento, reclamão e gosta de tomar café sem açúcar. — Riu, resumindo bem o patrão. — Vou ver o que ele precisa. Pode ajudar Marta com a limpeza para a recepção.

— Sim, senhora. — As festas de que Ada participava geralmente envolviam somente os vizinhos e a churrasqueira. Era novo para seus olhos ver um evento tão grande e luxuoso. — Bom dia, Marta?

Os AlonsosOnde histórias criam vida. Descubra agora