"Eu sou mais cruel que meus demônios"
Control - HalseyPisco duas vezes assim que ouço Leah pronunciar aquelas palavras. Solto um sorrisinho incrédulo, sem poder acreditar que ela faria isso com o próprio irmão.
- Oi? - Sussurro, por um fio, fraca.
- Você o matou... - Assimila, Ethan, sussurrando baixinho. Sinto sua raiva, e aperto sua mão por baixo da mesa, quero que ele dê a oportunidade para que ela explique como realmente tudo isso aconteceu.
Alguns olhares das mesas ao lado passeiam sobre nós, observando-nos e me fazendo arrepiar. Está tudo girando e as perguntas brotam em minha cabeça, à medida que meus olhos buscam algum conforto no restaurante. De repente está tudo frio, e escuro, é como se a vela na mesa de madeira coberta pela toalha branca estivesse mais fraca, assim como os lustres no teto. Leah engole em seco, e olha para os pés por alguns segundos, cerrando os punhos, com medo, incerteza, talvez.
- Por favor... - Pede chorosa com os olhos cheios de lágrimas - Apenas deixem-me explicar. - Há mágoa, mas nem um pingo de arrependimento. Ela segura a mão de Chris com força, que apenas a olha afim de encorajá-la.
- Você sabia? - Ethan olha o amigo incrédulo - Você sabia e me deixou sequestrar Vittoria? Deixou que eu ficasse vagando no escuro completo?
- Não o culpe... Eu praticamente implorei para que fizesse isso. - Sussurra, baixo, por um fio minha cunhada.
- Por que? - Ele arqueia as sobrancelhas, com lágrimas nos olhos. Meu marido enfole em seco, olhando para a irmã, que ainda está em pé. Há amargura e desgosto em cada palavra, dor e arrependimento por acreditar nela. Ele está machucado, mais que tudo, sente como se facadas fossem dadas em todo o seu coração frágil simultaneamente.
- Ele me abusava, Ethan... - Revela Leah - Por isso que eu fui para a Bélgica, eu tinha que fugir, e meu pai me ameaçou, disse que se eu não saísse da Itália o quanto antes, ele mataria Chris, você, Dylan, e Emily. Vocês eram a única coisa boa na minha vida, eu não podia perder meu único milagre, entendem? - Balbucia, à medida que as lágrimas escorrem pelo rosto inchado e vermelho da minha amiga. - Ano passado, eu voltei, voltei para ver vocês, mas assim que soube que Arthur pretendia assassinar Vicenzzo, o noivo de Vittoria, eu não pude deixar de me sentir como aquela garotinha indefesa que se escondia em meio das cobertas à meia-noite, imaginando uma vida melhor, a corrida em Las Vegas, o dinheiro e a felicidade, eu não podia deixar que ele estragasse mais alguma vida, e saísse em pune.
- Como você sabia? - Os olhos de Ethan agora estão secos, e ainda com ódio
- Eu era uma Vindicta. E das melhores. O braço direito do chefe da organização. - Agora, seu tom é sério, como se não estivesse chorando há segundos atrás. - Saí de lá para voltar, eu precisava vingar aquela garotinha. Quem garante que Arthur não fazia isso com outras jovens? Quem garante que ele não destruiu milhares de garotinhas que tinham sonhos? E agora, elas conseguem mal se olhar no espelho sem se sentir sujas, usadas, descartadas. Chris não contou nada para você, Ethan, porque eu sabia que ia suspeitar de Vittoria, eu sabia que ia sequestrá-la, e eu sabia quem ela realmente era, sempre soube, que essa coisa de Emily não passava de invenção. - Agora é minha vez de ficar surpresa, minha boca forma um perfeito "O" ao ouvir essa parte da grande declaração de Leah. - Mamãe me contava que tinha uma amiga no Brasil, o nome dela era Miranda, elas cresceram juntas, e fugiram juntas para Itália. Conheceram numa festa os mafiosos, nossos pais. Eles ficaram obcecados por elas, mas Miranda voltou para o Brasil. Aurora nunca mais telefonou, muito menos mandou uma carta sequer. Sua mãe, Vittoria, ficou desesperada, sabia que tinha alguma coisa a ver com o nosso pai, Ethan. Ela trabalhou incansavelmente por dois anos e finalmente comprou duas passagens, duas de volta, e uma de ida, ela estava determinada a voltar com Aurora. Até, que ela viu um bebê em seus braços, junto a alguns roxos. Miranda implorou para que voltassem juntas, fugissem para o Brasil, mas o pai de Vittoria a encontrou, e a engravidou.
Não havia qualquer chance de duas mulheres solteiras, uma grávida e outra com um bebê conseguirem a vida sozinhas no meio do nada, principalmente com dois mafiosos importantes as procurando. Mesmo assim, elas planejavam fugir, ficaram alguns anos aqui na Itália, economizando. Elas haviam marcado de se encontrar num trem com data e hora marcada, assim poderiam fugir para Roma e pegar um voo para o Brasil. Mas quando nossos pais descobriram, apenas uma amiga voltou, sua mãe, Vittoria, e com você. - Percebo apenas agora que estou chorando, chorando por minha mãe nunca ter me contado tudo isso, ou pelo menos, eu não me lembrar da história inteira.
- 20 de setembro de 2022 -
- Terça-feira -
- 12: 40 -Já apaguei Vittoria, agora, olho para Chris, que mata meu irmão lentamente. Arthur se engasga com o próprio veneno, e é um deleite para mim, mas ao mesmo tempo, sei que eu preciso fazer isso.
- Pare! - Digo alto, olhando para meu herói, meu amor, minha vida toda, os cabelos pretos cobertos com o suor, e as bochechas sujas de sangue, eu o amo, mais que tudo, mais que a mim mesma, amo Christopher Diaz e quero gritar para o mundo o que sinto. - Chris... Deixe-me terminar isso.
- De uma vez por todas - Falamos simultaneamente, e há alívio em sua expressão. Tiro do coldre um revólver e uma adaga. Enfio-a entre as pernas do meu meio-irmão, com força. Tiro e coloco com força, assim como ele fazia comigo, todas as noites.
Esfolo toda a extensão de sua pele suja, ele ainda está vivo, não sei como, talvez por algum milagre, mas seus olhos estão bem abertos, e há um mínimo sorriso no rosto de Arthur. Não tenho coragem de perguntar o porquê de ele estar sorrindo, tenho medo da resposta que posso receber, sinto que ele sorri como se estivesse finalmente cumprido sua missão, é aterrorizante, mas tem um mínimo conforto em seus olhos.
Meu peito pulsa dizendo o quão errado é, ao mesmo tempo que a adrenalina não me deixa parar, eu apenas quero matá-lo, assim como ele fez comigo.
"Pare! Pare!" Ouço a pequena e doce Leah gritar na minha cabeça, mas eu não posso, eu não posso, eu não quero.
- Atualmente -
- Eu o matei, mas não foi em vão. Ele merecia isso, merecia pela desgraçada vida que viveu e destruiu. - É só isso que consigo dizer, com a voz baixa.
Pois, é... Estamos chegando ao fim de
Sequestrada pelo Amor, agora
faltam 3, 4 capítulos para acabar 🥹
Já de antemão quero agradecer
aqueles que votam e comentam. É muito
importante para nós, escritores
que estão no "comecinho". Enfim, um beijo
enorme para vocês e até o próximo capítulo 🫶🏻Votemm
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Sequestrada pelo Amor
RomanceVittoria Santoro sempre teve uma vida difícil, graças ao fato de ser filha do chefe de uma das máfias mais perigosas do mundo. Ela estava tentando levar uma vida normal, ficou até noiva de um homem maravilhoso, fez até novas amizades. Mas o passado...