Vittoria Santoro sempre teve uma vida difícil, graças ao fato de ser filha do chefe de uma das máfias mais perigosas do mundo. Ela estava tentando levar uma vida normal, ficou até noiva de um homem maravilhoso, fez até novas amizades. Mas o passado...
"Oh coisa simples, para onde você foi? Estou envelhecendo e preciso de alguém para confiar" Somewhere Only We Know - Keane
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- 18 de junho de 2023 - - Domingo - - 17: 05 -
Fito o teto do meu próprio quarto, confusa sobre o que fazer.
Fazem apenas alguns meses, mas sinto como se aqui não fosse mais minha casa. O ar-condicionado esfria meu corpo, coberto pelos lençóis finos. As lâmpadas estão apagadas e as janelas, fechadas. O único som que ecoa pelo quarto é a minha respiração, calma. As paredes, em um tom beje, deixam o quarto mais sem-graça do que o normal, e o meu guarda-roupas, repleto de peças e conjuntos que talvez eu nunca use. As roupas de Vicenzzo ainda estão no chão, eu ainda não tive coragem de dar algum fim para elas. Mas quem liga? Ninguém quer a roupa de um assassino e traidor de merda.
Depois da conversa com meu pai, me sinto aérea, sem rumo, talvez. Lorenzo não quer falar comigo, e Gabrielle também. Ambos ignoram minhas chamadas ou pedidos de socorro, Leah não me deu o celular dela, ou melhor, deu, há anos atrás, e o mesmo foi queimado na minha casa. Ou seja, a única companhia que tenho tido é Fernanda, que está aproximadamente a 1.500 quilômetros de distância e a 16 horas de carro, em Milão.
Meu celular bipa, depois de meses sem mensagens, ou acesso às redes sociais, você se desacostuma, tenho me sentido uma velha. Estendo minha mão, apanhando o aparelho, que eu deixei na cabeceira por séculos. Tenho estado ansiosa para o caso de ser uma mensagem de Ethan, mas é só mais uma das mensagens fofas de bom dia de Fernanda.
Inventei a desculpa para ela que perdi meu celular e acabei ficando enterrada em um projeto profissional que comecei a trabalhar. Ela apenas concordou, não sei se acreditou ou está apenas fingindo para não me constranger, mas de qualquer forma, tem sido normal conversar com ela. Fernanda é a única coisa realmente normal na minha vida.
Na tela, um meme de um gatinho fofo todo listrado me deseja bom dia, com caligrafia colorida. Solto um sorriso, e jogo o telefone na cama, fechando meus olhos, afim de tentar dormir. Respiro fundo, e viro-me para o lado, finalmente sentindo a calmaria de uma boa noite de sono chegando.
Ao sentir mãos em minha cintura gelo, mas solto minha respiração quando lembro que provavelmente já dormi e esse é apenas um sonho. Rezo para que seja Ethan, que pelo menos, em meus sonhos, eu possa vê-lo.
As mãos dele acariciam minhas cintura, com calma e destreza. Mas não é a mesma coisa. Sei que Ethan não faria esse tipo de coisa, ele provavelmente sussurraria algo em meu ouvido que me faria suspirar. Viro-me ainda de olhos fechados, sentindo as mãos me acariciando.
- Eu disse que em breve você seria minha, mi amore... - Diz, e essa voz não é de Ethan. Na verdade eu a reconheço, reconheceria em qualquer lugar. O homem que apareceu na máfia Bernardi, meses atrás. Abro os olhos, franzindo as sobrancelhas. Minha boca forma um perfeito "O" ao assimilar a imagem que estou vendo, bem à minha frente, a centímetros de distância.
