19 - Me namora?

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Luiza's Voice

Eu estava ansiosa, disfarçava vez ou outra a minha ansiedade cantando, dançando e a Valentina só fazia rir ao me ver daquele jeito. Na Bahia, eu era outra Luiza. Conseguia ser eu mesma principalmente sem a presença da minha mãe me cobrando aqui.

A Valentina estava encantada com tudo e o melhor: ela estava mais linda ainda, ou eu talvez estivesse tão apaixonada ao ponto de achar ela linda de qualquer jeito. Mas aqueles olhos verdes encarando a brisa do mar e soltando um sorriso lindo, estava irresistível.

Conversamos bastante sobre a minha vida aqui em Salvador, a Luiza estava gostando bastante dessa minha versão e eu estava aliviada por ela poder conhecê-la. Aqui, no estado onde eu nasci, eu me sinto eu, me sinto leve, me sinto livre, sem pressão de trabalho, de mãe, sem martirizar o que aconteceu com o meu pai. Apenas eu sendo eu.

Até o meu estilo aqui mudava porque eu me sentia menos "chefe" aqui, me sentia apenas uma garota pós-formada sem emprego e curtindo a vida adoidada.

Até o meu estilo aqui mudava porque eu me sentia menos "chefe" aqui, me sentia apenas uma garota pós-formada sem emprego e curtindo a vida adoidada

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Decidi chamar a Valentina para comer algo e depois voltarmos ao nosso luau. Na Orla, existiam diversos restaurantes com muitas opções de comida inclusive típicas aqui da Bahia. Mas hoje, queria começar oferecendo o básico para ela: um combo de batata fritas com cheddar e carne do sol. Ela pediu uma caipirinha e eu me surpreendi.

- Olhaaa, isso já é o efeito da viagem no corpo da Valentina Albuquerque? - Falei imitando o sotaque carioca que ela tinha.

- Oxe, claro! Tô aqui pra aproveitar, mulher. - Ela falou imitando o sotaque baiano e nós caímos no riso.

Não demorou muito para que a nossa caipirinha chegasse e a gente brindasse.

- A vida! - Ela falou animada estendendo o seu copo para o meu.

- A vida e a nós! - Falei com firmeza e ela sorriu.

- Uau! Como ela está romântica.

- Efeito Bahia, efeito você em mim...

Me perdi olhando para aquele rosto, eu desejava fazer o que eu planejei ali, naquele exato momento. Mas não era a hora.

A comida chegou e estávamos famintas, enquanto estávamos comendo eu mostrava a Valentina o movimento da Orla, tinha cachorros passeando, criança brincando, ciclistas andando livremente, pessoas com roupa de praia ainda no corpo. Essa bagunça me animava, e eu estava revigorada já no primeiro dia de viagem.

Comemos e marcava 22h10 no relógio, chamei a Valentina para voltarmos ao luau porque eu já sabia que terminaria logo mais. Queria aproveitar cada momento com ela. Eu estava completamente nervosa, não tinha jeito para essas coisas e claramente ela poderia desistir de aceitar só em ver o meu desastre.

Fiz sinal disfarçadamente para o músico que conduzia o violão e após ele terminar a música que estava tocando, começou a entrada da música "Me Namora - Natiruts". Ali eu já sabia que era o momento. Valentina estava distraída então não percebeu o meu sinal nem mesmo o meu quase desespero e nervosismo para aquele momento. Aproveitei para cantar junto com ela e esperar a hora certa.

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