Narrador
Helen havia estranhado ao saber que teria alguém que queria vê-la. Que visita seria essa? A Luiza? A Vera? Passava diversos nomes em sua cabeça exceto o que ela menos esperava, o da sua nora.
Quando avistou Valentina, seus olhos arregalaram e seu sangue esfriou ao ver a moça em sua frente. Ela poderia imaginar qualquer pessoa ali. Menos a Valentina.
- Surpresa em me ver, Helen Pacheco? - Os olhos de Valentina transmitiam asco, raiva.
- De fato, não esperava uma visita como essa - Helen tentava disfarçar o nervosismo em sua voz - A minha norinha querida veio me visitar. Estou lisonjeada! - Debochou.
- Me poupe do seu deboche, Helen! Eu não vim aqui pra isso e você sabe muito bem que essa conversa já deveria ter acontecido há muito tempo.
Valentina sentou sobre a cadeira de frente para a loira, suas pernas estavam inquietas, balançavam incessantemente sem conseguir disfarçar o seu nervosismo. A mulher responsável por destruir sua família estava ali, na sua frente. E o pior: era mãe de sua namorada.
- Não entendo porque tenho que ter uma conversa com você. Você já não teve o que quis? Estou presa nessa ESPELUNCA - Helen se exaltou chamando atenção de quem estava ao redor - E a sua mãe está livre! O que mais você quer?
- Você sabe muito bem, Helen. Por que o meu pai ainda não voltou? Isso tem cheiro de coisa sua!
Valentina tinha sua respiração pesada, os poros do seu corpo agora suavam e a sensação de raiva agora a consumia ainda mais. Helen não demonstrava compaixão, por um momento pensava na saudade que sentia do Marcos mas isso não fez com que a loira se compadecesse com a situação dele e da família dele.
- Valentina... - revirou os olhos - Houve um imprevisto e não consegui trazer seu pai de volta, só isso.
- Que imprevisto?
- O César preso... Vocês... Tudo atrapalhou.
- Abre o jogo, Helen! Conta logo! - Valentina alterava o seu tom de voz.
Helen procurava palavras em sua mente mas não conseguia processá-las. De fato, ela não queria colocar as cartas na mesa principalmente pra menina que tinha sido responsável por ajudar a descobrir tudo que ela tinha feito. Em compensação, a loira pensou no quanto isso faria a sua filha ficar aliviada. Helen estaria agora pensando na Luiza como uma mãe?
- Olha... vou fazer isso pela minha filha e porque... eu ainda gosto dele.
Valentina revirou os olhos e não escondeu sua cara de nojo ao ouvir aquilo, mas permaneceu calada e atenta.
- O Marcos foi pra Portugal pra um congresso de...
- Eu sei! - Helen foi interrompida e se assustou.
- Bom... - pigarreou - ele realmente foi pra lá com esse intuito e eu aproveitei, convenci ele a continuar lá enquanto eu "dava um jeito" de arrumar o divórcio já que ele tava sem coragem. Ele não queria mas, eu obriguei. - Helen disse seca.
- Você obrigou ele a ficar em Portugal? - Valentina sentiu seu sangue esquentar ao ouvir aquilo.
- Sim, obriguei - ela deu de ombros - pedi pra que o César cuidasse disso lá em Portugal e um representante deu conta de manter ele por lá até eu resolver as coisas. Mas você e a minha filha fizeram questão de estragar tudo!
- Que você não tem coração eu já sabia. Mas, o que mais me surpreende é você ser tão... desprezível com a sua filha. A Luiza não merece isso! - Valentina desabafou deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto.
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ACASO
General FictionLuiza e Valentina se conhecem no momento mais difícil da vida delas. Cada uma em uma fase diferente da vida, e o que elas menos precisam é de pessoas ao redor dificultando esse momento. O que não acontece. O que será que o acaso reserva pro destino...