23 - Vermelho

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Luiza's Voice

Eu ainda estava assustada pela mensagem que tinha acabado de receber. A Valentina tinha comentado algo sobre a vó dela talvez ser homofóbica mas não esperava que fosse nesse nível. Será que ela descobriu o namoro e agora está sendo contra? Ok, eu preciso dormir para esquecer isso tudo.

Dia seguinte

Acordei com a sensação de que um caminhão tinha passado por cima de mim, eu estava em êxtase com o que tinha lido ontem a noite. Seria difícil superar aquilo ou até mesmo entender o motivo daquela mensagem. A vó da Valentina tinha me surpreendido como poucas me fizeram nesses anos de vida.

Ao chegar no trabalho, me encaminho até a minha sala e solicito a presença da Laura que já estava em seu lugar.

- Bom dia, Laura! Mande um convite do casamento de sábado pessoalmente para a Valentina. Peça para alguém levar, por gentileza. - Falei sem muita vontade.

- Bom dia, dona Luiza. A senhorita não vai levar o convite pessoalmente para a dona Valentina?

- Não. - Falei seca.

- Por que?

- Faça o que eu pedi, por favor, tenho muita coisa pra fazer.

Ela se encaminhou para sair da minha sala e eu não consegui disfarçar o meu mal humor hoje. Percebi que fui grossa mas dispenso tamanha curiosidade Por sorte, teria muito trabalho pra fazer e me distrair.

Bip de mensagem de celular

*V: Bom dia amor, apaguei ontem! Celular em mãos novamente. Bom trabalho.
L: Bom dia, linda. Isso é ótimo, bom trabalho pra nós!*

É óbvio que eu não iria sumir de cara e abandona-la num momento tão difícil mas eu precisava tirar essa estória a limpo nem que isso chegasse nela.

*L: Bom dia! Me encontre no Bouquet Café as 16h*

Resolvi me encontrar com a vó da Valentina e enfrentar essa situação cara a cara. Se ela fosse contra o nosso relacionamento devido a homofobia, ela iria ter que engolir. Bom, pelo menos da minha parte.

(...)

Cheguei no local combinado adiantada, não estava no horário, o que facilitou para que eu escolhesse o meu café e fatia de bolo em paz. Não demorou muito para que a senhora aparecesse e viesse em minha direção.

- Boa tarde. Que audácia a sua me chamar até aqui! - Disse em tom de deboche.

- Boa tarde, dona Vera. Não acha que audácia foi a senhora ter me mandado aquela mensagem ontem?

- Querida... - ela se sentou na cadeira em minha frente - Você é tão nova. Tem que aprender a ouvir os mais velhos.

- Tudo bem, a senhora é mais velha mas não significa que tenha que intervir na vida da sua neta. O que significou aquela mensagem ontem? - Falei apoiando meu queixo sobre minhas mãos e a encarando.

- O óbvio. Que você deve ficar longe da minha neta, Luiza!

- Por que eu deveria?

- Seria o melhor pra você, caso contrário, você pode se arrepender, querida... - O olhar dela me causava nojo.

- Você está me ameaçando? - Falei séria.

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