45 - Caminhos cruzados

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Narrador

Marcos Albuquerque havia conseguido o aval que precisava para voltar ao Brasil. Depois de 12 horas de viagem, o empresário não pensou duas vezes em ir diretamente ver os seus filhos. Marcos sabia que era um desafio, mas ele estava disposto a tentar.

- Boa noite pessoal, espero não atrapalhar... - Engoliu a seco e o seu olhar procurou os seus filhos - Valentina, Igor! Eu vim pra ver vocês!

Um silêncio foi tomado pelos convidados incluindo os filhos. Valentina estava incrédula ao ver o seu pai na sua frente, completamente diferente do que era antes de partir pra Portugal. Marcos estava magro, com barba grande coberto de pêlos grisalhos, vestia uma bermuda e uma camisa simples, bem diferente do que costumava usar. E nos seus pés um tênis velho.

- Pai! Meu Deus! O que aconteceu com você? - Igor perguntou assustado.

- Eu... Posso conversar com vocês? Desculpa atrapalhar o jantar, pessoal. Oi, Catarina. - Marcos avistou Catarina que não esboçou nenhuma reação.

Luiza se levantou, pegou a mão da sua namorada, chamou o Igor e a Catarina para acompanha-la. A chefe levou os três para a área externa da casa e voltou pra dentro afim de deixa-los a sós para aquela conversa.

- Por que eu tenho que participar da conversa? - Catarina questionou séria.

- Porque você ainda é minha esposa. Desculpa, Catarina. Desculpa por tudo! Desculpa Igor, desculpa Valentina. Eu vou contar tudo se vocês me permitirem!

- Fala logo. - Valentina não conseguia disfarçar sua impaciência.

- Eu conheci a Helen numa festa lá no hotel dela, eu e o Afonso fomos contratados como seus contadores e estávamos radiantes porque era um contrato muito grande pra nós. Depois dessa festa, a Helen não parava de me procurar, eu ignorava mas não adiantou. Ela foi até o escritório e me convenceu a sair com ela. Eu aceitei e foi aí que tudo começou - Marcos desviava o seu olhar de Catarina e dessa vez olhava para o chão - Helen ficou vidrada em mim, queria que eu me separasse da Catarina o mais rápido possível. Eu não queria separar apesar do nosso relacionamento não estar dos melhores na época. Eu queria a minha família! Eu fiz de tudo pra que pudesse ficar com vocês... - O empresário agora chorava incessantemente.

- Continua, pai. - Igor sugeriu e colocou a mão no ombro do pai em forma de apoio.

- Surgiu o congresso de contabilidade em Portugal e era uma oportunidade muito boa pra mim, o Afonso não pôde ir já que a sogra dele estava hospitalizada então eu fui, lá encontraria amigos da época da faculdade e até então seria só isso - Os três ouviam atentamente a fala de Marcos - Até que a Helen começou a me ligar e falar em um tom estranho, me ameaçando a ficar lá enquanto ela não resolvesse o divórcio, se eu não ficasse... ela faria algo contra vocês.

- Desgraçada! - Valentina exalava ódio em seus olhos esverdeados - E onde você ficou esse tempo todo?

- Ela tem um "capanga" dela lá, ele tem uma casa com uma família. Eu era obrigado a capinar seu quintal, a fazer compras, lavar carro, consertar coisas de casa... ficava num quartinho pequeno sem celular, sem nada. A única vez que consegui contato com ela foi pra enviar um e-mail e foi por muito custo. Claro que era pra eu entrar em contato com vocês mas eu tinha medo do que ela poderia fazer contra vocês e eu não estava aqui pra proteger vocês.

- Caralho, pai! Que pesado. Achei muita sacanagem da sua parte sumir quando a mamãe foi presa...

- Eu não sabia, meu filho! A Helen ocultou tudo de mim, lá em Portugal eu não consegui trocar o chip porque logo fui perseguido por esse cara. O Luiz me contou até que inventaram pra vocês que eu estava namorando um homem, isso é verdade? - Marcos não escondia suas lágrimas caindo em seu rosto.

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