CAPÍTULO 1

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    Já passa das três da manhã quando meu pai me arrasta para dentro da casa da minha mãe, que está parada no meio da sala, de camisola e com uma cara de poucos amigos.

— Tá maluco Paulo? Isso aqui não é a sua delegacia pra você entrar assim não! — Ela gritou pro meu pai, e eu me sentei no sofá, tirando meus saltos.

— Maluco? Sabe onde eu encontrei a sua filha? Em uma delegacia. Foi pega dentro de uma boate ilegal.

—  Isso é verdade Mayara?

— Quer mesmo que eu responda?

— E como ela ia saber se a boate era ou não legalizada? — Ela grita de volta para ele.

— Como ela ia saber? Olha só Marília, eu não pago faculdade cara pra filha minha ficar em porra de boate com marginal em plena quinta feira! — Se virou pra mim. — Foi a primeira e última vez ouviu, se você for parar em delegacia de novo, eu mesmo vou mandar prender você! Preste bem atenção em quem você chama de amigo.

   Depois de alguns sermões do Delegado Ferreira, subo as escadas até o meu quarto. Preciso dormir, daqui a pouco tenho uma prova pra fazer. Realmente foi uma besteira ter aceitado o convite da Débora pra sair.

  A luz invade o quarto, batendo no meu rosto e me fazendo despertar. Sinto uma dor de cabeça absurda, mas prefiro me levantar e sair logo do que ouvir minha mãe falando sobre ontem. Me levanto, tomo um banho e visto uma roupa qualquer, prendo meu cabelo em um coque, coloco meus óculos escuros no rosto, pego minha bolsa e saio de casa. Vou até a garagem e me recordo que ontem a polícia levou minha moto. Merda!

— Nathi, você pode me dar uma carona? — Perguntei assim que vi minha irmã sentada na cozinha tomando café.

— Levaram a moto de novo? — Ela perguntou rindo. — Já tô indo, me espera no carro pra mamãe não ficar falando na sua cabeça, ela já tá descendo.

  Voltei para o lado de fora e entrei no carro. Nathalia e eu sempre fomos muito unidas, mas hoje acabou de tornando um pouco mais complicado. Me lembro do dia que nossos pais se separaram e nós fomos parar em uma festa em outra cidade, éramos uma boa dupla até ela conhecer o Felipe, seu noivo, que também é um caso complicado, mas isso é outra história... Não que nós ainda não sejamos unidas, mas, não é mais a mesma coisa. Nossa última festa juntas foi um baile de debutante da nossa prima a uns oito meses. Agora ela está terminando a faculdade de marketing e até conseguiu um emprego em uma empresa famosa, se não me engano é a Empreendimentos Albuquerque, ela estudou e se dedicou muito pra conseguir esse estágio. Fico feliz por estar encontrando seu caminho.

— Você penteou o cabelo pelo menos? — Perguntou assim que entrou no carro

— Vai a merda Nathália. — Encostei minha cabeça no vidro. — Minha cabeça tá explodindo.

  Ela me deixou na porta da faculdade e seguiu pro trabalho. Quando entro, procuro pela Bianca, minha melhor amiga, que está parada no topo da escada se agarrando com o Lucas, seu namoradinho da vez.

— Foi atropelada Mayara? — Ele perguntou rindo e eu mostrei o dedo do meio pra ele.

— Vamos logo Bianca!

  Quando ela finalmente se desgarrou dele, nós fomos até a sala, onde metade da turma já estava. A prova foi um pouco mais fácil do que eu imaginei, se não tivesse saído ontem, tenho certeza que teria ido muito bem.

  Saímos da faculdade na hora do almoço, entramos em uma lanchonete próxima e pedimos o de sempre, hambúrguer.

— E aí? Quantos dias pra você enjoar do tal Lucas?

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