CAPÍTULO 15

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      Se meu pai sempre foi um idiota. Bom... Ele sempre foi duro e ríspido, mas, ele é um bom pai. Ou era... Eu já não sei o que pensar. Ele sempre buscava Nathália e eu na escola, todos os dias. As vezes até de viatura. Sempre parava na praça que tinha bem em frente e comprava pipoca para nós duas, a minha doce e a da minha irmã salgada.
      Tudo começou a piorar quando eu estava no quinto ano. Um bandido tentou me pegar como refém na saída da escola e meu pai o matou... Depois descobrimos que o bandido era irmão de um cara que meu pai tinha executado dois dias antes em uma troca de tiros. A partir daí ele ficou distante. Nunca mais buscou a gente na escola...

     Foi um soco no estômago ouvir ele dizendo que não iria mais pagar a minha faculdade. Já que ele sempre disse que não queria que eu trabalhasse até me formar, como foi com a Nathália. Mas tudo bem, fazendo isso eu finalmente vou poder fazer minhas escolhas e tomar minhas decisões em paz. Só preciso procurar uma faculdade mais barata e arrumar um emprego...

— Eu pago a sua faculdade! Assim você não precisa sair e perder o semestre inteiro! — Nathália fala pela décima vez.

— Nathi, vocês estão pagando o apartamento e o casamento! Eu vou dar um jeito.

— Eu vou voltar a dar aulas, aí posso te ajudar. — Minha mãe falou.

— Eu sei que vocês querem me ajudar. Mas está tudo bem! Não é o fim do mundo gente. — Sorri para elas. — Vou fazer isso sozinha.

    Passo o dia mandando currículos pela internet e olhando as redes sociais pra ver se acho alguma coisa. Acho que não vai ser tão fácil quanto eu pensei.

   Acordo cedo no dia seguinte e vou até um restaurante perto da academia que frequento. Vi no perfil deles que precisavam de uma balconista. Mas infelizmente o gerente diz que já acharam uma.

   Quando entro no carro, ouço meu celular tocar. É Guilherme.

— Bom dia linda...

— Bom dia.

— Tudo bem? Como foi a conversa com seu pai?

— Tranquila. — Minto. É melhor falar pessoalmente. — Quando você volta?

— Amanhã a noite. E você vai dormir comigo. — Sinto meu rosto ficar vermelho. — Preciso desligar. Até amanhã.

— Até amanhã.

    Se eu contar pra ele agora, ele vai querer me arrumar um emprego na empresa dele! Zero chances de eu aceitar isso, não iria aguentar nem um dia os olhares e comentários. Ele só vai saber quando eu já estiver trabalhando!

— Oi... — Tomo um susto ao ver Hugo batendo na janela do carro. — Veio treinar?

— Não... Na verdade eu vim ver uma vaga de emprego no restaurante, mas já foi preenchida.

— Bom, a academia tá precisando de uma recepcionista. Não sei se é o que você tá procurando...

— Eu tô procurando qualquer coisa, Hugo! — Sorrio empolgada. — Com quem preciso falar?

— Eu vou falar com o gerente. Vamos lá dentro.

    O gerente me fez algumas perguntas, me explicou sobre o salário e algumas outras coisas. Mas no fim, deu tudo certo. Estou contratada! Não é um salário alto, mas se eu conseguir uma faculdade mais barata, vai dar certo.

   Passo o resto do dia olhando na internet outras opções de faculdade. Eu sempre soube que direito era um curso caro, mas não imaginava que era tanto assim. A minha melhor opção fica a duas horas da minha casa, pra conciliar com o trabalho vai ser difícil.

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