CAPÍTULO 7

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  Eu nunca fui o tipo de garota que se apaixona fácil. Tive só um namorado na minha vida, Gabriel. Ficamos juntos por um ano quando eu tinha dezesseis, e o motivo do término? Ele me pediu em casamento! E não, não foi um " Vamos casar amanhã ", a intenção dele era um noivado longo e romântico, como os casais eram antigamente, mas, só a idéia de dividir a minha vida com alguém, me dá dor de cabeça! A forma como eu penso hoje, não me dá espaço para relacionamento. Eu quero me formar, quero conquistar as coisas por mérito meu, pra ninguém me dizer que eu não seria ninguém se não fosse casada daqui a vinte anos, como o meu pai disse pra minha mãe um dia.

Com poucos dias eu pude perceber que o segundo nome do Guilherme é intensidade. E eu não o culpo. É só olhar as referências de homem que ele tem. Ele não sabe ser de outra forma! A família dele parece um comercial de margarina, as mulheres parecem ter vindo da realeza, e eu não me encaixo em nenhum desses contextos.
  Eu nunca tinha sentido o que eu senti quando chorei por ele. Ver ele com outra pessoa partiu meu coração de uma forma tão rápida, eu nunca imaginei que poderia ser tão frágil! E eu nunca mais quero sentir isso.

  Chegamos no rio de madrugada. Minha mãe e minha irmã obviamente estão dormindo, e eu desfiz minhas malas já que dormi o dia inteiro e não tô com sono agora. Desfiz minhas malas, coloquei roupas pra lavar, tomei um banho, fiz um chá e fiquei deitada até sentir sono...

|| GUILHERME ALBUQUERQUE||

   Eu cresci ouvindo que eu sou igual ao meu pai fisicamente, e até os meus dezesseis anos a minha maior vontade era ser como ele em tudo, mas isso mudou no dia que ouvi uma conversa da minha mãe com a minha tia Duda sobre como era no começo do relacionamento deles. O mundo desabou na minha cabeça quando eu ouvi tudo que ele já fez com ela, ciúmes, brigas, discussões e até agressões físicas! Eu o via dando presentes e a enchendo de jóias, e achava que era simplesmente por ele ser o homem perfeito que eu achava que ele era. Mas, na verdade, era um tipo de reparação, de desculpa. Ele não ser mais assim hoje, não apaga o fato dele ter sido um dia! Desde então eu sinto alguém falando na minha cabeça que eu não posso ser igual a ele, e a cada relacionamento eu via como eu era igual... Então resolvi me fechar. Eu não podia fazer ninguém viver como a minha mãe viveu antes de finalmente ser feliz com o meu pai. Acho que, na verdade, o meu maior medo não é ser igual a ele, e sim ser pior que ele.

  Todos esses sete anos que passei tentando não ser como ele deixaram de valer no dia que eu conheci uma garota. Longos cabelos pretos e um par de olhos incrivelmente azuis. Quieta, tímida, e linda. Mayara. Quando a vi na empresa, achei que era só tesão, afinal, quem nunca viu uma pessoa que achou bonita na rua e depois viveu como se nada tivesse acontecido? Era o que eu pensava, até chegar em casa nesse mesmo dia e sonhar com ela. Morta e gelada em meus braços. Acordei sentindo uma culpa me corroendo, e desde então não consigo mais tirar meus olhos dela.

   Como se já não bastasse tudo que minha família está enfrentando, meus pais exilados do nosso próprio país, a empresa de um dia pra noite virou responsabilidade minha e do meu cunhado, Henrique. E como se já não bastasse tudo isso, não consigo tirar essa maldita garota da minha cabeça!

— Alice pediu pra te lembrar pela quinta vez da despedida da Cinthya hoje. — Henrique falou entrando na minha sala.

— Pode deixar. — Respondi tentando afastar meus pensamentos sobre ela. — Vocês já se mudaram?

— Ontem.

— Que bom... Conseguiu resolver o problema dos seguranças da Cinthya?

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