CAPÍTULO 17

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    Guilherme alcança o controle remoto e liga a televisão. Uma reportagem fala sobre o ocorrido hoje na academia. O rosto do Guilherme, o meu rosto, o rosto do tal André. Estamos na televisão. Droga, droga, droga!

    No momento seguinte, um vídeo das câmeras da academia do momento onde Guilherme acerta André com um soco.

“ Como se já não bastasse tudo o que a família Albuquerque vem enfrentando, Guilherme Albuquerque perde a cabeça por causa da possível namorada e agride um estudante dentro de academia. ” Diz a repórter na televisão.

— Quando finalmente entender o que significa estar em um relacionamento comigo, vai parar de se colocar em risco. — Ele fala enquanto ainda olha a televisão.

— Você quer que eu vá embora?

— Não conseguiria passar pela portaria nem se você quisesse, os repórteres não deixariam.

   Vou para o andar de cima e tomo um banho demorado. Quando termino, visto uma camisa de botões azul clara do Guilherme e me deito em sua cama.

   Porque tudo entre nós precisa ser tão complicado? Como se já não bastasse tudo que estou enfrentando, agora mais uma briga. E o pior, eu sei que estou errada desta vez.
   Nada da o direito dele me arrastar daquela forma e socar a cara de outra pessoa, mas se eu tivesse contado sobre tudo o que aconteceu com meu pai e sobre o trabalho, talvez não teria sido desse jeito. Droga...

   A chuva não dá uma trégua se quer do lado de fora, e pelo que eu estou acompanhando pela internet, os repórteres também não. Parece que estão esperando um pronunciamento do Guilherme sobre o que aconteceu. Tudo por minha culpa...

— Quero saber o que aconteceu. Do início. — Tomo um susto ao vê-lo de pé encostado na porta.

— A essa altura achei que você já sabia de tudo...

— Sei que estava trabalhando na academia, e sei que pediu uma transferência para outra faculdade. Só quero entender o porquê. — Me sento na cama e o encaro.

— Na primeira vez que nós... Bom, você sabe. Assim que cheguei em casa no dia seguinte, meu pai estava lá. Ele sabia que estávamos juntos. Ele bloqueou meu cartão de crédito, disse que não pagaria mais a minha faculdade, fora as outras coisas horríveis. — Respiro fundo sentindo meus olhos marejados. — As aulas estão voltando e eu precisava agir rápido pra não perder o resto do semestre, abracei a primeira oportunidade que apareceu.

— Porque simplesmente não me contou?

— Você não tem obrigação de pagar as minhas contas Guilherme. E eu não quero isso. — Falo com a cabeça apoiada nas mãos.

— É tão difícil pra você entender que eu quero cuidar de você? Não por obrigação ou por pena, mas porque te amo!

    Levanto minha cabeça rapidamente para olhar seus olhos, que se antes estavam abarrotados de raiva, agora estão repletos de, amor? Sim. Ele me ama! Foi a primeira vez que ouvi essas palavras vindas de Guilherme. Sinto meu estômago embrulhar.

— Eu te amo, Mayara. E eu quero e vou cuidar de você. — Ele se senta na cama, na minha frente. — Mas eu só consigo fazer isso, se você prometer que não vai mais mentir pra mim.

— Tudo bem. — Ele sorri e me dá um beijo suave.

— Eu vou cuidar de tudo... — Ele sussurra enquanto eu me acomodo em seu colo.

...

   Tomo um susto ao acordar e ouvir Guilhermina no telefone. De pé, na frente da enorme janela, ele veste apenas uma cueca box preta e fala com alguém sobre finanças e números.

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