CAPÍTULO 18

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   Dei graças a Deus por Alice ter me chamado para sair daquela reunião. Eu estava a ponto de explodir enquanto o advogado falava sobre processo e pronunciamentos que Guilherme terá que fazer.

   A secretária de Henrique nos trouxe uma caixa com duas saladas de frutas, alguns pães de queijo, duas fatias de torta de limão, dois cafés e dois sucos. Me pergunto por um segundo como deve ser ter tudo o que quer nas mãos em um estalo de dedos. Chega a ser um pouco engraçado...

— E então, você vai viajar conosco não é? — Ela pergunta comendo sua salada de frutas.

— Ainda estou decidindo. — Não quero que ela saiba que estou com vergonha de conhecer sua família.

— Espero que vá, minha mãe e minhas tias estão loucas para conhecer você!

— Vocês sempre foram unidos assim? Quero dizer... Eu sempre ouvi histórias sobre a família de vocês, e sempre, sem exceção, falam de vocês como uma cuida só. E como o seu pai sempre faz de tudo pela família... — Pergunto e ela sorri.

— Quem não nos conhece acha uma besteira essa nossa vontade de trazer nossos pais de volta para casa... Desde que eu era pequena eu sempre vi meu pai e meus tios nos colocando sempre acima deles. Não só suas esposas, ou só seus filhos, mas todos nós. Não sabemos como ser de outra forma, só funcionamos juntos. Morremos uns pelos outros, e com o tempo você vai perceber que matamos também...

   Henrique entra na sala sorrindo. Pelo bom humor acho que a reunião deve ter terminado bem...
   Terminamos de comer enquanto o cunhado de Guilherme faz de tudo para irritar a esposa. Os dois são um belo casal.

Deixo os dois na sala da presidência e subo até o último andar. As grandes portas com a sigla CEO estão fechadas, o que significa que meu namorado está imerso em seu trabalho.

— Bom dia, posso te ajudar? — Uma jovem de cabelos cacheados presos em um coque e pele morena me fala oferendo um sorriso.

— Bom dia, o Guilherme está ocupado?

— Ele está tendo uma reunião de última hora com a uma das sócias do novo projeto. Você tem horário marcado? — Ela pergunta digitando no computador.

— Não, na verdade eu...

— Se você poder esperar só mais uma dez minutos eu te agradeceria muito! É que ele não gosta de ser interrompido quando essa representante vem, se é que você me entende. — Ela pisca para mim e eu sinto um gosto amargo na boca.

  Antes que eu podesse responder qualquer coisa, o elevador se abre, revelando a entrada de Nathália, minha irmã, com uma pilha de papéis nos braços. Ela está com os cabelos presos em um rabo de cavalo bagunçado, um vestido preto ajustado em seu corpo e saltos finos. O rosto parece abatido e cansado, e se a conheço bem, ela está muito puta com alguém.

— Maya! O que faz aqui? — Ela me abraça com seu braço livre. — Bom dia Mônica, preciso da assinatura do Senhor Albuquerque em todas as páginas.

— É claro, eu já vou chamá-lo. A mocinha também está esperando. Toda vez que essa ruiva vem aqui eles ficam horas trancados! — Ela sorri maliciosamente para minha irmã, que me olha com os olhos arregalados.

   Ficamos as três em silêncio por alguns segundos. Mônica sem entender o porquê da nossa falta de humor, Nathália com um olhar de pena, e eu, com muita, muita raiva e vergonha.

  Somos arrancadas do nosso silêncio absoluto quando Guilherme sai da sala acompanhado de uma mulher com cabelos vermelhos em um corte chanel. Ela tem um corpo escultural abraçado pelo longo vestido marrom. Os dois estão rindo de alguma coisa, tão distraídos que demoraram quase dois minutos para notar a nossa presença.

— Bom dia senhoritas.— Ele fala sorrindo para nós. — Nina, esta é Mayara, minha namorada, e Nathália, a irmã dela. Meninas, essa é Nina Barros.

— Nina Barros, da Barros Comunicações? — Minha irmã pergunta.

— Sim. — Ela se vira para mim. — Mayara, você é ainda mais bonita do que Guilherme tinha dito. Se me permite dizer.

— Obrigada.

— Bom. Espero vê-la em um mês com os gráficos três vezes mais altos. — Guilherme fala enquanto os dois se abraçam. — E mande lembranças ao seu pai.

— Assim espero! E dê um beijo na sua mãe.

   Enquanto os dois terminaram sua despedida, bem íntima, diga-se de passagem, Nathália me olha com a sua típica "cara de nojo", enquanto Mônica, a secretária, fica com o rosto vermelho de vergonha, já que percebeu que eu mão estava esperando uma reunião com o dono da empresa...

   Quando a ruiva entra no elevador e finalmente vai embora, Guilherme assina os documentos que Nathália precisa e ela pode voltar ao seu trabalho depois de se despedir de mim.

— Infelizmente você terá que ir sem mim hoje. Tenho muito trabalho antes de viajar. — Ele fala assim que entramos na sala.

— Eu imagino. Como foi sua reunião? — Ele se encosta na mesa e me olha com a sobrancelha arqueada.

— Desde quando se interessa pelas minhas reuniões?

— Só mulheres executivas podem tratar de negócios com você? — Um sorriso travesso se forma em seus lábios. — Quer saber, esquece...

— Mayara, venha aqui.

— É melhor eu ir. — Falo caminhando em direção a porta.

— Venha até aqui. — Ele fala com a voz firme, me fazendo parar no lugar. — Não vou pedir outra vez.

   Eu caminho até ele lentamente, parando com alguns centímetros de distância entre nós. Guilherme me puxa pela cintura bruscamente, colando nossos corpos um no outro.

— Por acaso está com ciúme?

— Não seja ridículo. — Ele segura meu queixo com as mãos, fazendo com que minhas bochechas fiquem espremidas.

— Gosto de saber que tem ciúmes de mim. Mas tire isso da sua cabeça, Nina é uma velha amiga.

— Já dormiu com ela? — Sua expressão demonstra que ele ficou surpreso com a pergunta, mas mesmo assim ele ainda tem um traço de humor em seus lábios.

— Não.

— Você mente mal pra cacete. — Tentei me soltar dele, mas suas mãos ficaram mais firmes na minha cintura.

— Por mais que eu esteja adorando ver você com ciúmes, pare com isso. Nunca dormi com ela, eu não misturo trabalho com sexo. — Agora seu rosto está sério. — Nina disse que enquanto estava na sala de break, ouviu pelo menos cinco dos meus funcionários falando sobre uma linda mulher de cabelos pretos, vestido vermelho e um corpo escultural.

— Está falando sério? — Perguntei sorrindo, mas parece que ele não gostou da minha reação.

— Gosta de ser o centro das atenções? — Ele segurou meu pescoço com uma das mãos. — Gosta de outros homens reparando no seu corpo?

— O que você faria se eu dissesse que sim?

— Se eu te dissesse, você iria elaborar um plano de fuga pra longe de mim. — Sua voz é baixa e rouca, me fazendo arrepiar. — Precisa ir embora.

— Quer que eu vá embora?

— Eu estou prestes a foder você em cima da minha mesa e de todos os contratos que preciso assinar hoje. Então não é uma questão de querer, meu amor. — Ele solta meu pescoço e beija meus lábios com amor.

— Certo. Ah, afinal. A resposta é sim.

— Resposta?

— Preciso do meu passaporte? Eu nunca viajei em um jato particular. — Ele sorri quando se dá conta de que estou falando sobre a viagem para visitar sua família.

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