002. - Infiltrada.

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08 de Abril de 2023. Edifício Cerejeira. - Campo Grande - MS. 07h30am.

Eram sete da manhã e seu celular tocava incessantemente, tentando ignorar o mesmo, ela colocou o travesseiro sob a cabeça, o que de nada adiantou. Já estava na capital sul-mato-grossense há 3 dias, há 2 tinha ido na boate, na última noite foi dormir muito tarde, passou boa parte da madrugada escrevendo sobre as coisas que conseguiu saber sobre a casa com um barman, e uma dançarina, que não era Lua, porque ela ao final de seu horário na primeira noite, saiu sem dizer nada, quase como se não quisesse deixar rastros sobre si... Seu pensamentos foram abruptamente interrompidos pelo toque ensurdecedor de seu celular. Não era possível que as pessoas que ela não conhecia estavam a perturbando tão cedo, se fosse algum vizinho pedindo alguma coisa, maldito grupo de conversas do prédio, se fosse algum sistema de telemarketing, ela desejaria que a empresa explodisse. Xingando todos os palavrões do universo ela atendeu.

— Albuquerque! — bradou Felipe, do outro lado da linha.

— Seria possível gritar só após o meio dia? — tirando o travesseiro que tapava sua visão, ela espiou o relógio do criado e pode ver que se tratava de 7:40 da manhã. — Inferno, Felipe! Ainda é madrugada.

— Não me interessa, levante-se agora. Acabamos de chegar a Campo Grande e estamos indo até o seu apartamento, para começarmos a traçar um plano para a missão. Estou levando a agente infiltrada, que irá trabalhar com você. Tem dez minutos.

— Droga, Fel... — suspirou quando ouviu o sinal da ligação sendo desligada. — Merda!

Levantou na correia, jogando suas roupas espalhadas para dentro do armário, e não é como se alguém fosse até o seu quarto, mas de todo modo era melhor prevenir. Arrumando a cama da maneira que lhe era possível, foi até a sala, abriu as janelas, bateu no sofá para tirar a poeira, não ia dar tempo de lavar os copos sujos, porque diabos tinha que sujar tanto copo se era uma só pessoa? Desgraça! Jogou os copos sujos dentro do forno de seu fogão e foi tomar banho, conhecia bem seu chefe, para saber o quão pontual era. Às nove, em ponto, estava pronta colocou uma de suas camisas do uniforme, deixou os cabelos úmidos soltos, manteve-se descalça e, à sua porta, lá estavam eles.

— Exemplar a sua pontualidade. — Dando de ombros deu as costas ao chefe, jogando-se em seu sofá. — Esses são os agentes Barros e Dávila; E essa é a agente Luiza Campos, nossa agente infiltrada, como você. — Os olhos arregalaram no momento em que parou para reparar na mulher a sua frente, não podia ser. Aqueles olhos, aquela boca e aquele corpo... Com um sorriso de canto ela tombou a cabeça para o lado, esticando a mão para cumprimentá-la.

— Olá Albuquerque, já ouvi falar muito de você e de suas habilidades de persuasão nos casos. Acho que seremos ótimas companheiras nessa. — A voz... Como Valentina explicaria? É, talvez ela não precisasse explicar nada.

Exalando o ar que reteve pela surpresa, colocou em seus lábios seu sorriso mais sujo.

— Não tenho dúvidas disso. — A cumprimentou com um aperto de mãos sem tirar os olhos verdes dos dela. Sua mente voava, não era possível.

Ela tinha sua profissão como lema de vida, amava o que fazia e era idolatrada por todos, por ser uma das melhores, ainda mais sendo quem era, dentro daquele ambiente de trabalho. Digamos que com sua beleza, que ela não tinha pena de usar e astúcia conseguia arruinar os mais variados esquemas, se ela amava a Polícia Federal? Isso sem dúvida.

Luiza vem de uma família de policiais, pai, irmão e mãe advogada trabalhista, fugindo um pouco do óbvio. Ela sempre soube que queria estar na PF, ao contrário de seu pai e irmão que trabalham na polícia civil do Rio de Janeiro. Ela era conhecida entre os colegas como uma pessoa austera, para não dizer um tanto quanto cruel, a policial estava sempre em volta de casos de crimes de tráfico de seres humanos. Quase que especialista em desmantelar esse tipo de quadrilha, era o que ela gostava de fazer e não media esforços. E por isso entendemos um certo grau de crueldade empregado ali, isso ela não aprendeu em casa, mas sim ao longo da vida dentro da profissão.

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