Valentina nunca se recriminou tanto, nunca quis tanto gritar consigo mesma, estava se sentindo acuada, desconfortável, e a culpa era única e exclusivamente dela, não seria desonesta em culpar Luiza, sendo que ela é maior, vacinada e soube onde se meteu desde o início. Se não tivesse se deixado levar, não estaria passando por isso, e não é como fosse a sua primeira desavença amorosa, não foi, mas aquela lhe tocava em um ponto antes nunca alcançado. E também não é que de uma hora para outra, ela se tornou uma boa samaritana, rainha da moral e dos bons costumes a ponto de se incomodar com uma traição, ela não é nada disso, acontece que quando tudo era só brincadeira, estava tudo certo, depois Valentina sentiu que seus sentimentos pela porcaria de sua chefe estavam mudando e foi ali, que ela se incomodou profundamente, porque não era para acontecer, não era! Ah, mas coração não escolhe, simplesmente se apaixona, sim, no entanto por Luiza não era o certo, que seu coração calculasse a rota imediatamente, antes que ela fizesse esse movimento sozinha.Foi humanamente impossível não pensar no fato de que não tinha a quem gritar por socorro, estar sozinha nessas circunstâncias de situação de emergência amorosa, era horrível. A única pessoa que ela tinha era Igor, e ele já tinha alertado por um bom tempo, para que ela se cuidasse de não sair magoada com aquela história. Mas de que adianta? Ela já estava! E infelizmente sabia que Luiza estava também, mas em seu julgamento a morena tinha para onde correr e logo tudo isso ia acabar, e elas nunca mais iam se ver e que ótimo, seu coração ia parar de sentir, sendo muito mais fácil, porque nunca mais isso ter que vê-la. Por hora, coitado de Igor, ia ter que ser ele mesmo. Sua madrugada havia sido péssima, não pregou o olho, mas a primeira coisa que fez ao acordar e depois de fazer um café bem forte, foi ligar para o amigo.
— Quero desistir! — Foi a primeira coisa que disse assim que ouviu a respiração dele do outro lado.
— O que? — O grito estridente dele a fez afastar o celular — Como assim desistir? O que aconteceu?
— Problemas com a chefe. — Respondeu depois de dar um gole longo no seu café quente. — Eu vou pedir transferência.
— A chefe é a mulher que você estava transando? — Valentina murmurou uma confirmação — Então o problema eu sei qual é! E eu não concordo.
— Você não tem que concordar com nada! — Foi firme — Eu não sou obrigada a conviver com alguém que eu não quero ter por perto.
— Você é adulta Valentina! — Alterou o tom de voz — Está há anos na polícia, já enfrentou os piores bandidos com arma em punho, e não tem coragem de sustentar o fato de que está gostando da sua pseudo chefe?
— Eu não estou gostando, Igor! — Bradou — E eu posso mudar sim, desde que tenha local, eu posso trocar ou voltar para a base.
— Igor, ela é tão linda, está sendo tão querida comigo bla bla bla... — Imitou a voz dela — Desculpa, amor, mas se isso é odiar eu não sei mais de nada.
— Eu não quero mais conversar! — Respondeu em voz baixa. — Bom dia, tchau.
— Ei! Você vai conversar, presta bem atenção, você vai terminar esse trabalho que você está amando, e só depois que vai voltar para casa. — Diminuiu o tom de voz — Está tudo bem, Tina! Somos adultos, conseguimos resolver problemas de emergência amorosa como adultos. Vai dar tudo certo! Qualquer coisa me liga. Eu preciso ir trabalhar agora. Amo você!
— Amo você, bom trabalho!
Ela desligou a ligação e jogou o celular no sofá, não estava querendo lidar com aquilo. Precisava concentrar no trabalho, e apenas nele. Ligou o computador para mandar um e-mail para a central, ocupar a cabeça ia ser ótimo.
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Enigma.
FanfictionAté onde você iria em prol de um benefício próprio? Valentina e Luiza poderiam ir facilmente até o mais longe possível, para conquistar aquilo que lhes era desejado. Mesmo que isso lhes custasse a própria vida. A Polícia Federal nunca mais foi a m...