028. - Céu x Inferno.

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Voltei! Espero que vocês gostem e que aproveitem a leitura. Boa semana.

Valentina Albuquerque.

Eu sempre acreditei na minha vida, que quando a esmola é demais o santo desconfia, mesmo que todas as coisas cooperarem para o certo, eu confio desconfiando. Pois bem, estávamos há um mês e meio com a Luiza na titularidade da delegacia, tudo funcionando perfeitamente bem, a equipe trabalhando melhor que antes. Tudo certo! Até eu ser atravessada por um problema que não é mais meu faz tempo: a casa e a loja de Teresópolis. O que eu quero dizer é que eu não preciso saber o que está acontecendo lá, eu não preciso ir até lá. Mas como quem gerencia essa parte é a mãe do Igor, ela pediu que eu fosse porque precisam fazer uma coisa que só será feita a partir da minha decisão e eu de antemão disse que não iria. No entanto, não existe essa possibilidade.

Luiza disse que se eu fosse iria aproveitar para ir em casa ver os pais e de quebra assinar os papéis do divórcio, que saiu mas ela não pode ir porque estava abarrotada de trabalho. Dentro dessas circunstâncias e com muito receio, aceitei ir lá visitar meus demônios, na esperança de que seja rápido, para que eu possa sair correndo sem olhar para trás. Voltar para casa não tem sentido para mim desde que eles se foram, a casa não é mais minha, eu não reconheci aquela vida, me entristece muito reviver o lugar, as pessoas me dizendo que sentem muito e me olhando com pena. O lugar que eu cresci e amava, hoje me trás angústia, medo e desespero.

Desembarcamos no aeroporto Santos Dumont e Pedro já nos esperava parecendo um segurança de famoso internacional. Luiza abraçou e beijou o irmão com carinho e saudade e eu cumprimentei o meu cunhado do mesmo jeito.

— Estava com saudade! — Pedro falou enquanto caminhávamos para o estacionamento. — Como estão as coisas por São Paulo? Vi o nome de vocês no jornais, muito trabalho?

— Agora vivemos nos jornais, — Luiza comentou com fastio, ela odiava simplesmente ter que dar declarações à imprensa — acho que em um mês nunca fiz tanto inquérito de fraude fiscal e quebra de sigilo bancário.

— Estamos vivendo na correria da polícia de São Paulo, eu disse a ela para se acostumar, Pedro.

Guardamos nossas coisas na mala e Luiza entrou no carona, eu atrás e meu cunhado logo deu a partida. Fomos o caminho todo vendo a orla da zona sul e conversando sobre amenidades, o tempo sempre passa muito rápido quando estamos com pessoas queridas.

— Lu, o pai perguntou o que você quer almoçar, que hoje ele vai bancar o rancho. — Pedro perguntou quando já estávamos na rua deles.

Não canso de dizer o quanto esse lugar é bonito. Me sinto muito confortável aqui.

— Churrasco. — Respondeu empolgada — Pode avisar aí pro chefe.

Pedro assim que estacionou apenas para nos deixar ainda no portão, pegou o celular e digitou algumas coisas nele, que eu acredito que tenha sido para Augusto. Terminou, guardou o aparelho e voltou a ligar o carro.

— Nos vemos! Eu tenho que encontrar a Bárbara agora, venho para o almoço. Beijos, aproveitem a casa vazia... — Eu e Luiza olhamos para ele com os olhos arregalados — Para descansar, eita como têm a mente suja. Descansem!

— Beijo, Pê. Obrigada, te amo.

— Valeu, cunha.

Pedro deu a ré e voltou rua abaixo, nós duas entramos carregando nossas malas e um cansaço chato. Luiza acionou o alarme da casa assim que entramos, e a porta já foi tirando os tênis, fiz o mesmo e senti o chão gelado do laminado. Definitivamente essa casa me é confortável demais, me sinto muito bem. A ponto de esquecer o que eu tenho que fazer em Teresópolis.

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