Capítulo 19

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-Oi, amor cheguei.    Aviso.

- Oi, como foi o seu dia?

-Maravilhoso, tirei fotos incríveis. É o seu dia?       Ele suspira pesadamente. -O que foi, o que aconteceu Tom?    Digo o abraçando.

-Minha mãe morreu!       Dito isso ele finalmente solta as lágrimas que prendia, Tom desaba em meus braços como uma criança.

- Eu sinto muito...

Tia Tereza foi uma ótima mãe, à dois anos ela teve uma derrame e desde então era idas e vindas do hospital. Ela chegou a me dizer que morreria feliz pois conseguiu ver o nosso casamento. Tom e eu nos casamos no primeiro ano de faculdade, foi somente no civil em uma cerimônia simples. Minhas madrinhas, é claro que foram Renata e Grazi, e os padrinhos Felipe e Daniel. Depois do casamento, Tom e eu viajamos muito pelo mundo fazendo reportagens e juntando fotos para os meus livros. Porém o livro vai ter que esperar, o momento é de voltar para casa e cuidar das coisas. Cuidar do enterro de tia Tereza.   Após consolar meu marido, o levei para o quarto para descansar. Arrumei nossas malas, e comprei nossas passagens. Também aproveitei para mandar mensagem para as Maluquetes dizendo que vamos voltar e o motivo.

-Alice...

- Oi amor, estou aqui!

- Eu te amo!

- Eu sei!

-Me promete que sempre vai ser feliz.

- Eu vou, porque você me faz feliz.

- Eu estou falando se eu não estiver mais aqui, você promete que vai ser feliz.

-Amor eu sei que quando perdemos alguém nossos pensamentos ficam estranhos, mas não pense nisso. Vai demorar muito para um de nós partir.

-Meu Amor, apenas me prometa.

- Eu prometo!          Me deito me aconchegando em seus braços enquanto ele me abraça firme.

-Você se arrepende da escolha que fez?

- Não. Você sabe disso, sabe que não me arrependo. Por que quer se torturar? Não pense nisso.

-Tem razão, a morte da minha mãe, me fez questionar muitas coisas. Acho que realmente quero me torturar de alguma forma.

- Não fique assim, eu estou com você.

-Obrigado por me aturar por tanto tempo. Eu te amo tampinha!

-Detesto quando você me chama assim.

- Eu sei, mas você fica tão linda irritada.

-Idiota!

-Você ama esse idiota!

-Quem disse?

-Essa sua boca gostosa.

- Não sei de onde você tira isso. Certamente está delirando.

-Quer ver?

Ele puxa meu rosto para poder me beijar, seu beijo está diferente, um pouco possessivo, como se ele estivesse com medo de me perder. Desde a sua última viagem para ver tia Tereza ele anda estranho, quieto demais, possessivo demais, preocupado demais. Sempre que o questionei se estava havendo algo, ele mudava de assunto. Gostaria de saber o que o incomoda tanto. Mesmo em meio a tantos sentimentos confusos, temos uma conexão forte e única. Nós nos apoiamos sempre independente da tempestade que enfrentaremos. Descobri que Tom é o meu primeiro amor e Jayson é o amor da minha vida. Sim é possível amar duas pessoas, eu não me espanto mais com isso.  A vida me levou para os braços do meu primeiro amor. Porém amanhã posso estar frente a frente com o amor da minha vida. Fiz vários tipos de terapia para poder enfrentar esse dia de cabeça erguida.

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Acordo com carícias no meu ventre, beijos suaves que descem da minha barriga até a parte inferior da minha coxa. Ele descobriu o jeito de me acordar sem que eu reclame ou fique manhosa. Enterro minha mão no seu cabelo e ele sorri sob a minha pele.

-Bom dia.

- Eu amo te acordar assim, pena precisamos ir.

-Ok, fico pronta em cinco minutos.

-Cinco?

-Talvez dez...

-Banho rápido. Prometo te compensar depois......

Após nosso banho pegamos nossa coisas e fomos para o aeroporto, afinal não podemos perder o avião. Estou sentindo uma sensação estranha uma mistura de saudades, alegria e tristeza, voltar para a casa aonde tantas coisas aconteceram me deixa apreensiva. Tom parece saber o que estou sentindo, ele me lê como um livro, fico impressionada de como ele me conhece bem. Ele segura firme a minha mão, seus dedos entrelaçam os meus, abrindo um sorriso consolador.

-Está tudo bem. Você vai se sentir melhor depois de ver as meninas.

-Você tem razão. Vai ser bom voltar pra casa, rever o pessoal.

Depois que pousamos Tom foi para o hospital resolver toda burocracia necessária para realizar o sepultamento, enquanto eu vou para casa. Minha casa ficou alugada nos dois últimos anos, antes disso Renata e Grazi ficaram nela. Ainda bem que o inquilino compreendeu a quebra de contrato e conseguiu outro lugar para ficar. Desço do táxi na frente da casa que me trás tantas memorias, ela está bonita e conservada, sua frente está branca, agora há um pequeno jardim com flores de diversos tipos, vejo até uma pequena plantação de legumes e hortaliças. Esse inquilino realmente cuidou bem do lugar e até fez melhorias.  Bato na porta e escuto um latido, logo a mesma se abre e sou derrubada por um enorme cachorro, da raça Pastor Alemão, ele pula em cima de mim depositando várias lambidas no meu rosto.

-Noyo, stop!  Vai deitar!

Essa voz... O cachorro sai de cima de mim revelando o seu dono que está na minha frente estendendo a mão na minha direção. Fico petrificada ao vê-lo na minha frente. Jayson Kael está com um enorme sorriso nos lábios, seus olhos brilham como no dia que ficamos juntos na escola. Vendo que eu não tenho reação ele me levanta ficando muito, mas muito perto de mim.

-O que faz aqui?      Pergunto já tendo a noção da resposta.

-Sou seu inquilino, estou aqui para devolver seu imóvel.

-Você cuidou bem da casa, obrigado.

-Estava cuidando para nós.

-Não existe nós. Digo me afastando.

-Mesmo que você tenha desistido, eu não desisti.

-Foi você que não acreditou em mim, você que fez juras de amor para outra enquanto dormia com ela, é ainda teve coragem de me enviar o seu vídeo.

- Eu não dormi com ninguém, mas quando eu descobri a verdade não te encontrei. Eu te procurei, você estava no hospital da cidade mas eu não te achei, o Tom não te contou? Ele não...

-O que?

-Ele não te deu o envelope! Aquele filho da mãe.

-Ei, deixe os mortos fora do assunto. 

-Mortos?

-A mãe do Tom morreu. Mas que envelope é esse?

-O envelope que continha todas as provas da armação de Dandara e que tinha uma carta minha para você, ele nunca te entregou não foi? Por isso casou com ele, você não sabia que eu iria me divorciar?

-Nossas vidas se separaram, você foi para Londres com ela, nem se deu ao trabalho de conversar comigo. 

-Você não quis me ouvir antes, mas foi ficar com o Tom. 

-É. Eu estava confusa, eu não tinha planos para um relacionamento, até você aparecer. Eu errei ficando com o Tom antes de conversar com você, mas não me arrependo de ter casado com ele. Ele me faz feliz.

Amor Pra SempreWhere stories live. Discover now