Capítulo 24

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Acordo com algo arranhando a minha porta, desço a escada devagar. O som se intensifica à medida que me aproximo da porta. Tento abrir uma pequena brecha mas a porta é empurrada com um solavanco e logo me encontro no chão com um cão em cima de mim, me lambendo.

-Noyo? Ele late uma vez como se confirmasse que era ele. -Noyo saia de cima de mim! Eu preciso levantar.

Noyo me observa por um minuto e logo se levanta, pondo-se ao meu lado. Me levanto, vou até o quintal, já é noite e não há sinal do Jayson, o que indica que Noyo fugiu... seja lá de onde.

-O que faz aqui, Noyo? Estava com saudades da casa? Ele late duas vezes. -Isso é um não? Ele late uma vez. Está bem, eu devo estar ficando louca mas estou interrogando um cão, melhor dizendo, um pastor alemão. -Então você estava com saudades de mim? Ele late uma vez e balança o rabo alegremente. Me lembro de Jayson dizendo a Noyo que eu era sua mãe. -Bom, agora você está com a mamãe, mas eu vou ter que avisar ao papai. Noyo se deita e esconde os olhos com as patas. E a quem diga que animais não entendem... - O que você fez foi errado! Você não pode fugir de casa, o papai deve estar preocupado. Digo à Noyo enquanto ligo para Jayson e o cão infrator solta um pequeno choro baixinho. Ao terceiro toque ele atende.

-Azy, aconteceu alguma coisa?

-Aconteceu... Digo olhando para o Noyo e ele se encolhe. -Aconteceu algo decepcionante.

-O que houve?

-Nosso filho fugiu de casa! Digo rápida e direta.

-O que?

-Nosso filho fugiu de casa!

-Nosso... Ah... O Noyo está aí! Me desculpe, acho que a culpa é minha.

-Foi você quem o trouxe aqui?

-Não! Mas disse à ele que nós iríamos na casa da mamãe depois. Ele não deve ter aguentado esperar.

-Você o mima demais!

-Fiz o melhor que eu pude. Eu estou resolvendo algumas coisas no restaurante, se incomoda de ficar um pouco com ele?

-De forma alguma. Vou aproveitar para conhecer melhor o meu filho.         

-Eu pego ele assim que puder.

-Não tenha pressa, só avisei para que não se preocupasse. Até mais tarde.

-Até mais tarde, Azy.

Desligo a ligação e olho para Noyo que me observa.

-O papai está trabalhando, então será só nós dois...  Ele se levanta abanando o rabo alegremente.  -Não pense que escapou da briga.   Ele abaixa a cabeça e choraminga. -Também não precisa ficar deprimido. Promete que não irá mais fugir e eu deixo passar dessa vez.   Ele late em concordância.

-Veja só, não passei nem dois minutos com você e já estou te mimando. Vamos Noyo, vamos ver televisão enquanto eu peço uma pizza.

-Au!     Ele late animado.

Estou sentada com Noyo descansando a sua cabeça em meu colo enquanto recebe um carinho atrás das suas orelhas, quando a campainha toca, trocamos olhares antes de nos levantar. Assim que abro a porta, Noyo pula em cima da pessoa que se encontra do lado de fora. Olho para ver quem é a pobre vítima e encontro Jayson rolando para proteger o seu rosto dos "beijos" (lambidas) de Noyo.

-Isso que é amor!

-Noyo a mamãe está com ciúmes.

-Ele sabe que é mentira.

-Vocês já estão íntimos a esse ponto?

-A conexão entre mãe e filho sempre serão íntimas.

O entregador chega com a pizza, passo por Jayson e Noyo para buscar a minha janta, não me preocupei em comprar ração para Noyo, já que tinha um saco na cozinha. Eu acredito que Jayson tinha esquecido de retirar da dispensa. Refaço o caminho até a porta.

-Vocês vão ficar aí no chão?          Noyo finalmente sai de cima de Jayson que se levanta. -Vamos comer.

Sigo para a cozinha com Noyo e Jayson. O olhar dele está tão fixo que meu corpo todo incendeia.

-Noyo se comportou?

-Sim, ele é muito educado.   Deixo as caixas da pizza na mesa e me viro para pegar uma faca e dois copos, quando vejo Jayson pondo ração e água para Noyo que aguarda pacientemente sentado.

-Como você sabia que tinha ração aqui?

-Eu deixei aqui. Noyo sempre teve o costume de fugir para cá, foi por isso que Renata e Grazi me alugaram a casa. Noyo fugia para dormir no seu quarto junto com o Noyo de pelúcia.

-Elas nunca me disseram. Nunca soube que você era meu inquilino.

-Eu pedi segredo para que elas.

-Traíras!

-Não, elas não são. Elas nunca revelaram nenhum segredo. São ótimas amigas e ótimas cunhadas.

-É eu sei.      Sorrio.

-Senti saudades desse sorriso.

-Jayson...

-Eu ainda lembro de quando ele era direcionado pra mim. 

-Jason, você poderia me esperar mais um pouco? A morte do Tom, toda descoberta, está tudo muito recente. E ainda tem a louca da Dandara...

-Dandara? O que ela fez? Ela te ameaçou?

-Ela tentou dizer alguma merda, só que eu não deixei. Na verdade, eu disse à ela o quanto ela é patética.

-Essa é minha guerreira Azy.

-Por falar em Azy a guerreira, eu ainda quero ler esse livro.

-Quando quiser é só pegar no seu quarto.

-Você o deixou aqui?

-Na gaveta do criado mudo.

-Eu ainda não consegui mexer em nada. Tudo aconteceu tão rápido, me sinto fora de mim.

-É compreensivo!

-Mas você acabou não me respondendo...

-Azy...     Diz se aproximando. -Eu te amo! A mulher da minha vida sempre foi e sempre será você. Esperarei para sempre se for preciso.    Seus braços me envolve em um abraço apertado, eu inalo seu perfume com uma necessidade insana de ser preenchida por ele.

-Por favor, não me solta.

-Nunca te soltei e não soltaria nem se me pedisse. Temos o futuro pela frente, vamos construi-los juntos.

-Gosto dessa visão do futuro.     Digo me soltando do seu abraço e o puxando para a mesa para finalmente comermos a pizza que nos aguardava em cima da mesa.


Amor Pra SempreWhere stories live. Discover now