moranguinho × vegaspete

capítulo 05.

Levantou rapidamente, ignorando a dor intensa que pulsava em seus joelhos, e se apoiou no batente da porta da cozinha com o cotovelo, tentando disfarçar o que estava fazendo momentos antes. Vegas semicerrou os olhos, estudando a forma como ele tinha ficado com a cabeça enquanto se mantinha no chão e desviando o olhar brevemente para a sala antes de voltar a encará-lo novamente.

"Estava nos espionando?" Vegas lhe perguntou diretamente com um tom um tanto quanto acusatório e divertido, Pete negou com a cabeça mas sua provável ruborização nas bochechas e orelhas por ter sido pego entregavam a mentira. "Estava quase se fundindo no chão para ver dois homens gays se beijando na sala?"

Definitivamente sentiu vontade de morrer.

Ele não estava quase se fundindo com o chão para ver a cena nojenta, só tinha ficado curioso com o barulho ecoando até seus ouvidos. Era normal ficar curioso, totalmente normal querer olhar.

"Eu achei que estava passando mal, então decidi olhar." Empinou o nariz, soltando de onde escorava-se e passou por Vegas sem se importar pela batida de ombros impulsiva. "Eu não queria ser testemunha de alguém morrendo, se eu vi dois brutamontes se beijando não foi por querer. Aliás, eu nunca ousaria presenciar por querer essas cenas de maricas."

"É engraçado você dizer isso, até porque me lembrei de algo que envolve um marica quase beijando um homem hétero na sala."

Pete paralisou no caminho, Grey abriu os olhos e sentou no sofá parando de dormir. Ter um olhar acusatório já era de família? O felino lhe olhava da mesma forma que observava-o na cozinha, examinando até mesmo sua alma.

"Minha pressão baixou naquela hora."

Falou a primeira coisa que veio na cabeça, tentando não dar pane em todo seu sistema cerebral. O Kornwit fez um pequeno som com a boca e passos também foram ouvidos, agora ele estava lado a lado, demonstrando um sorriso gengival.

"Isso não tem nada haver. Você teria um pequeno desmaio e não viria na minha direção olhando muito bem pra minha boca, senhor hétero."

O que ele queria? Um prêmio??

Ficou em silêncio, incapaz de articular uma frase coerente que pudesse escapar daquela maré de provocações. Tudo bem que por um deslize acabou se fixando nos lábios rosados do homem e só talvez tenha se inclinado para deixar um beijo no lugar, mas isso devia-se pelo fato da sua cabeça confundir a boca rosada com a de uma garota delicada. Era isso, seu cérebro se confundiu. Sorriu feliz por ter chegado nessa conclusão e ergueu a mão direita, descansando no ombro do maior e deixou tapinhas como mais cedo.

"Eu confundi sua boca com a de uma garota." Vegas fez careta desacreditado, sem mover nenhum músculo a mais do corpo. "Foi mal quebrar suas expectativas, mas eu definitivamente nunca beijaria um homem nem mesmo se eu tivesse precisando de respiração boca-a-boca na praia. Eu preferia morrer lá mesmo."

"Está falando sério?"

Balançou a cabeça positivamente sem deixar de mostrar as pequenas covinhas que se formavam nos dois lados dos lábios. Por qual motivo ele ainda perguntava? Achava que isso tinha se tornado meio óbvio desde o momento que se encontraram no elevador, ou nos corredores nas quais correu mais rápido que Usain Bolt para fugir do brutamontes purpurinado.

"Estou começando a me arrepender de ter compadecido com seu choro e mandado Tom embora." Deu de ombros, não tinha culpa se era um bom ator dramático e conseguiu lhe enganar direitinho. "Como não quero ter que explicar o motivo de ter mandado ele ir sabendo que você estava do lado da sala, vou deixá-lo sair por hoje. Mas ainda vai pedir desculpas a ele por ter sido homofóbico no elevador."

"Eu não sou homofóbico."

"Claro, agora pode sair do meu apartamento e voltar para Porsche."

Vegas sorriu, afastando a mão de Pete do ombro e entrelaçou a seu próprio braço na cintura dele enquanto exercia um gesto como se estivesse convidando-o para algo quando estendeu a outra em direção a porta. Ele estava lhe convidando a se retirar?

O sequestrador convidando a vítima a sair, onde esse mundo tinha parado?

Sem hesitar nem resistir, ele continuou em direção à porta e quando passou por Grey, seus passos pararam abruptamente. Com um biquinho nos lábios, o Phongsakorn começou a chamar o gatinho. Surpreendentemente, ele veio correndo, como se compreendesse o convite, e começou a esfregar seu pequeno corpo nos pés dele.

"O que pensa que está fazendo?" Foi questionado e deu de ombros, abaixando-se e buscando pegar do melhor jeito o felino rajado no colo. "O que vai fazer com o meu gato?"

"Vou levar comigo."

Se levantou e olhou debochadamente para Vegas, sentindo o braço ao redor apertar-lhe um pouco mais. Grey miou parecendo concordar com suas palavras.

"Você não vai levar meu único gato embora. Coloque no chão." Negou, prostrando-se a fazer biquinho e franzir a sobrancelha como uma criança mimada. "Não vai colocar no chão?" Mais uma vez negou, iria levar aquele pobre coitado embora antes que Vegas resolvesse purpurinar o gato. "Está arrumando pretexto para me ver novamente?"

Todos os homens gays tinham um ego tão elevado assim? Segurou a risada, gostaria de saber de onde aquela réplica de Golias tinha tirado essa tese de que Pete gostaria de lhe ver novamente. Qual é, ele estava querendo levar Grey antes que se tornasse mais uma vítima daqueles planos maquiavélicos de Vegas e Tom.

"Não seja tolo, idiota. Estou levando ele pra morar comigo antes que você o transforme em um dos seus!"

"Você quer dizer transformá-lo em gay?"

Ele não tinha dito aquilo diretamente, apenas comentou sobre transformar em um dos seus, então se a carapuça serviu não seria contra a fala.

"Está dizendo que se ele ficar perto demais de mim, vai virar um gato gay?"

Balançou positivamente a cabeça e Grey miou pelo desconforto em ficar muito tempo no colo sem movimentação alguma, Vegas lambeu os lábios fixando-se no seu rosto. O estômago embrulhou, por que ele estava lhe olhando daquela forma como se estivesse prestes a lhe atacar? Segurou a vontade de vomitar pela ansiedade começar a atacar e balançou nervosamente o felino no colo.

"O que foi...?"

Murmurou baixinho, aguardando qualquer movimento que pudesse ser semelhante a um soco desferido contra ele ou até mesmo uma bala atingindo seu crânio. No entanto, o que aconteceu em seguida o fez soltar o gato bruscamente, deixando-o cair em seu pé antes de ele correr em disparada pra outro canto. Instintivamente, colocou as mãos espalmadas sobre o peito de Kornwit tentando empurrá-lo para longe.

"O-o que está ten-tentando fazer!?"

Gaguejou insistindo em segurar o máximo que podia do peso do outro, impedindo-o de se aproximar mais. Sua boca estava quase tocando seu pescoço fazendo-o se arrepiar pelo vento quente sendo despejado contra a pele sensível e imaculada.

"Você disse que se Grey ficasse perto de mim, viraria gay." Segurou o gemidinho querendo escapar, ele tinha que sussurrar tão perto de sua orelha? Aquilo causava cócegas e para Pete, era uma área não tão favorável para chegar perto sem ser no momento certo e na hora certa. "Quero testar algo. Se eu ficar perto o suficiente de você, então isso quer dizer que também se descobriria gay."

Mas que porra aquele cara achava estar fazendo brincando daquele jeito?

"Você pode tentar de tudo, eu não sou gay e não vou virar do dia pra noite." Ignorou o friozinho na região pélvica ao perder as forças e vendo-o se aproveitando da fraqueza momentânea para encostar mais um pouco em si. "E-eu sou hétero e não sinto nada por homens. Nada mesmo, c-cara."

Tinha perdido a conta de quantas vezes teria dito sua sexualidade em voz alta só naquela semana e para a mesma pessoa, além de Porsche, que também lhe questionou estranhamente se ele não tinha sido abalado nenhum pouquinho com a proximidade quando contou sobre ter sido encurralado no elevador.

"Se não sente nada se tratando de homens, por qual razão está se arrepiando, gaguejando e ficando vermelho com um?"