capítulo 21.

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O silêncio ensurdecedor tomou conta após se separarem por falta de ar, ambos se entreolhando duramente esperando o outro quebrar o silêncio. Pete até tentou dizer algo, mas as palavras não conseguiram sair, fazendo com que ele recuasse e fechasse a boca novamente ao que via Vegas suspirar aborrecido com tanta enrolação.

“Não posso aceitar.” o arrendamento lhe atingiu, definitivamente deveria ter falado primeiro. “Você sabe o que está me oferecendo, idiota?”

Sabia, claro que sabia. Assentiu devagarinho com a cabeça ao mesmo tempo que afastava seus rostos mas não ousando se levantar do colo, estavam tão focados — secretamente distraídos com cada detalhes físicos um do outro—, que nem sequer se afastaram alguns centímetros para o vento quente dos dois narizes não se colidirem como um só.

“Pete, sempre disse que gostava de mulheres e agora me vêm com essa conversa logo após eu ter lhe tirado de uma enorme enrascada.” deu de ombros sem entender onde ele queria chegar com essa afirmação óbvia. “Não tem nenhuma dívida comigo, eu te salvei não foi por querer alguma coisa em troca.”

Retorceu o canto da boca ao ouvir a menção de dívida. Nem mesmo tinha pensado naquilo em momento algum, e não seria agora que iria criar uma.

“Não estou dizendo isso para quitar dívida, não imaginei nada disso.” rebateu cruzando os braços em frente ao peito, inflando-o para parecer sério, por um milésimo segundo Vegas olhou para eles e engoliu em seco voltando a mirá-lo meio perdido. “Já disse. Se for para manter você comigo e me manter por perto, estou disposto a ceder completamente.”

“Sabe que isso quer dizer que tenho permissão para te jogar nesse sofá agora mesmo e pedir para transarmos, não é? Ceder completamente não é o que pensou.”

Seu peito murchou e suas bochechas começaram a coçar, Pete tinha certeza de que elas evidentemente ficaram coradas e o entregando como alguém que nem teria reparado ou lembrado dessa questão quando disse sobre ceder totalmente para tudo. Sua ingenuidade às vezes poderia lhe matar.

Gostava do gênero feminino.

Deslizou o olhar para o Theerapanyakul, observando todos os seus traços masculinos e se prendendo um pouco na sobrancelha com uma cicatriz sem os pelinhos, logo em seguida no ossinho saltado do nariz dele e por último, os lábios finos molhados por sua saliva. A saliva de Pete. De certa forma, ele parecia atraente demais para não pensar em fazer uma grande burrada do tipo molhada.

Suas íris subiram teimosamente para fixar-se nos olhos dele, vendo-o mirá-lo como se estivesse prestes a atacá-lo terrivelmente naquela parte do apartamento. Tossiu secamente e forçadamente, botando uma das mãos na frente para evitar ser observado detalhadamente vermelho com os pensamentos intrusivos.

“Não tinha pensado nisso.” revelou. Era melhor ser taxado como burro falando a verdade do que dizendo que sabia e ser chamado de pervertido. “Podemos ter um relacionamento aberto. Você pode ficar com homens quando sentir necessidade e é claro que longe de mim, enquanto posso ficar com garotas quando também sentir a necessidade.”

Vegas riu, realocando suas mãos da cintura e prendendo-as nas coxas cobertas pelo short azulado que usava com estampas do Jerry, o ratinho de desenho animado. Estremeceu internamente ao que discretamente empinava a bunda, estranhamente tentando parecer atrativo para quem visse. Ou melhor, para que o pálido lhe achasse no mínimo bonitinho.

“Hipoteticamente então, seríamos namorados que não namorariam?”

Hipoteticamente, Pete queria evitar dar tantas explicações para não parecer estar colocando a própria heterossexualidade em jogo. Concordou meio relutante, a mente focando na pressão que era exercida em sua coxa. Kornwit tinha as mãos pesadas. 

moranguinho × vegaspeteOnde histórias criam vida. Descubra agora