capítulo 22.

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Seus olhos cintilavam por conta dos pequenos brilhinhos marejados que haviam se formado após chorar como uma criança. Pete encarava-o quase no fundo da alma, procurando algum vestígio que indicasse claro deboche naquele sorriso aconchegante e —após alguns segundos—, desistiu completamente ao que se aconchegou mais no abraço atrapalhado do outro.

“Por que você fala em outra língua? Não é sempre que vou entender.” questionou sereno, como se não tivesse entendido. “Pensei que fosse tailandês nativo, nascido e criado aqui.”

Vegas se mexeu minimamente para que conseguisse se sentar direito no estofado, ainda enlaçando seu corpo e não lhe dando data de previsão para largá-lo. Mas tudo bem, de todo modo não era ruim ser cuidado com toda apreciação mesmo que fosse por mãos masculinas e meio calejadas.

“Eu passei a minha adolescência inteira no México e mesmo que eu tenha vindo para a Tailândia há bons anos, não consigo me desapegar de algumas palavras em espanhol.” tentou disfarçar a surpresa com um assentir e deletou a imagem de Vegas morando longe de si. “Parou de chorar rápido demais, tem certeza de que não estava me chantageando emocionalmente?” 

Não lhe deu tempo de desviar, apenas ergueu o punho esquerdo e desferiu o soco contra o ombro direito do anfitrião, o moreno gemeu em reprovação e removeu uma das mãos de seu corpo para passar na região atingida no próprio.

Exibiu um enorme bico afastando centímetros para observar a expressão de divertimento de Vegas.

“Eu não estou chantageando ninguém, ainda mais sendo você. Não preciso chantageá-lo para conseguir o que quero.” recebeu um acenar positivo com direito a ar de deboche, Pete inflou as bochechas irritado. “Não consigo assimilar que Che me enganou por todo esse tempo, realmente pensei que aquela garota loira com peitos enormes existisse. Quer dizer, ele me contava da sua vida sexual uma vez por semana.”

Ambos os amigos dedicaram um dia da semana para fofocar sobre seus prazeres sexuais, tanto Pete quanto Porsche batiam altas conversas dizendo tudo o que passavam com garotas. Aquilo era normal entre eles, quer dizer, normal mas verdadeiro somente as frustrações e fofocas do Phongsakorn. O outro não passava de uma fraude enorme.

“Não sei se isso ajuda muito, meu primo é loiro. Talvez ele só tenha juntado o útil e agradável para não magoar.”

Magoar? Porsche jamais iria lhe magoar.

“Não ficaria magoado com Che, de jeito nenhum.”

Empinou o nariz como uma criança mimada no mesmo minuto que cruzava os braços sob o peito e estufava eles.  O Theerapanykul encarou parecendo avaliar a situação antes de suspirar e enlaçar —a que usou para aliviar a dor de ter apanhado—, jogando a palma firmemente na curva da sua cintura. Segurou o gemidinho de satisfação e derretimento ao sentir o aperto ser depositado exatamente ali, em uma ação como se fosse espremer-lo como limão.

“Pete, não estou falando sobre você ficar magoado com ele.” quis abrir a boca para respondê-lo e perguntar o que significaria então, mas antes que pudesse, Vegas deu mais um aperto deixando-o mais mole no colo. “Quero dizer que, provavelmente ou com toda certeza desse mundo Porsche não queria quebrar uma amizade pelo amigo dele não aceitar sua sexualidade, com medo de ouvir coisas ruins e homofóbicas da sua boquinha bonita.”

Estufou os lábios assim como o peitoral, foi um gesto automático ao escutar o elogio misturado e camuflado no meio de tantas palavras tensas.

"Jamais iria dizer coisas ruins pela sexua-" Pete parou de falar, observando atentamente a expressão impassível do outro. Embora não houvesse reação visível, podia sentir a vibração inquieta que emanava dele. "Fui criado pela minha mãe, Vegas."

moranguinho × vegaspeteOnde histórias criam vida. Descubra agora