capítulo 03.

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A dignidade tinha ido pelo ralo no exato momento que somente se prontificou em fazer o que tinha sido ordenado, sentando comportadamente no estofado mais que macio.

Sua bunda parecia ter sido feita na medida para sentar-se naquele sofá, o alívio foi solto em forma de gemido baixo. Só quando Vegas sumiu da vista que deu-se por vencido e observou ao seu redor, não era assim que o apartamento de um gay deveria parecer ou era? De qualquer forma, não era assim que imaginava, imaginava paredes rosas e cheio de objetos frufru com glitter espalhados por aí, não cores neutras.

Deu de ombros e voltou a varrer a atenção nos objetos disponíveis. Uma estante cheia de livros que pareciam ser de época, um lustre acima da sua cabeça que parecia valer uma fortuna, quadros de fotos com acompanhamentos de provavelmente membros da família, Tom não era seu namorado pelo visto porque não havia nenhum rastro que indicasse isso. Palavras estrangeiras em outros livros depositados na mesinha pequena à frente, era espanhol? então era essa língua que Vegas dizia pra si toda vez que topavam nos corredores?

Franziu a sobrancelha percebendo uma bola de pelos jogada no canto do estofado, se inclinou e cutucou curiosamente escutando um miado abafado. Sorriu animado e começou a deixar carinhos no pelo do gatinho dorminhoco, em um ato de impulsividade o pegou no colo como um bebê vendo-o miar mais alto parecendo esperar por algo de Pete. Checou se estava realmente sozinho no cômodo e voltou a olhar o gato preguiçoso.

"Você quer um carinho, chamego?" Afinou vergonhosamente a voz escutando-o miar mais uma vez e dando um jeito de se aninhar contra suas mãos. "Como você consegue ser a coisinha mais adorável morando com esse brutamontes? Quer ir embora comigo?"

"Não vai roubar Grey de mim." 

Pete abraçou o gatinho que agora soube ser Grey e virou o rosto, fixando a visão em Vegas encostado na lateral da porta do que percebeu ser a cozinha já que ele carregava duas latinhas de coca-cola.

"Acho uma perda de tempo ele morar aqui." Desferiu, deixando Grey sair do colo e ir de encontro com a caixinha de areia perto de Vegas, ignorando a presença do dono. "Viu? Ele até mesmo prefere a caixa de areia do que você."

"Acho que eu realmente deveria repensar em te jogar do último andar." O Kornwit brincou enquanto se aproximava, se sentando espaçadamente ao lado e colocando uma das latinhas praticamente na sua cara. "Pega."

"Me chamou aqui pra beber coca-cola?" Pete perguntou desconfiado da simpatia repentina, hora atrás o homem estava praticamente disposto a vestir luvas para dar nocaute nele. "Colocou veneno nisso, Wegath?"

"Meu nome é Vegas com V e não, não coloquei veneno em uma lata fechada." Era uma péssima hora pra fazer piada com a letra, principalmente por não estar com condições de ter vantagens na fuga. "Mandei mensagem para Tom, ele vai vir aqui. Você vai pedir desculpas a ele." 

Definitivamente não iria. Mas que porra ele tinha feito?

Levantou subitamente derrubando a latinha que o Theerapanyakul segurava e passou reto, ignorando Grey que correu para a mesma direção que tinha se mantido achando ser novo carinho. Apertou o coração vê-lo miando baixo parecendo triste. O barulho de estofado sendo mexido também se fez presente e quando ousou encostar os dedos no trinco da porta, foi virado e prensado contra a porta. 

O cheiro de morango se intensificou conforme a aproximação se forçava mais e sua cintura foi segurada sem delicadeza por uma das mãos, o aquecimento nas bochechas foi inevitável.

Quem ele pensava que era para tocar seu corpo livremente e enfiar aquele cheiro terrivelmente doce no seu olfato?

"Me solta Wegath." Pediu enquanto separava as pernas e empurrava-se mais contra o objeto atrás de si, na tentativa clara de evitar qualquer novo toque em baixo igual aquele dia no elevador. 

moranguinho × vegaspeteOnde histórias criam vida. Descubra agora