capítulo 20.

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Seus pés pararam em frente aonde Vegas se alojava.

Havia feito o trajeto somente umas duas vezes, no entanto tinha sido o bastante para que decorasse o caminho como se passasse por ali recorrentemente. Como se aquele fosse o caminho que traçava todas as vezes que chegava da faculdade. A onda de pensamentos intrusivos dizendo-no que desse meia volta enquanto era tempo, lhe fazia tremelicar mais ainda os dedos da mão. Quem sabe, com medo da possibilidade de ser atracado em uma outra onda de agressividade.

Mas ele não iria lhe machucar mais, certo?

Veja bem, ao que parece, Vegas tinha praticamente acabado de tirar seu pescoço de um balde de água fria onde provavelmente se sentiria nojento o suficiente até que pensasse na possibilidade de que morrer e sumir daquele mundo não é ruim. Ele não iria o machucar depois de ter lhe salvado, certo?

Colocou o melhor sorriso que podia, suas bochechas doerem e quase cederam em uma careta horrenda quando tocou a campainha. Duas vezes para ser mais exato, como se fosse um ding-dong repetido. Passou minutos, tudo bem, havia se passado somente alguns mínimos segundos e Vegas nem mesmo fez barulho dentro do lugar indicando que estava ali.

Ele tinha saído?

Tocou mais duas vezes, três vezes e quando seu sorriso se encontrava quase desmanchando, algo lá dentro caiu antes que passos pesados fossem se aproximando. Ajeitou o cabelo nervosamente e sua postura ficou ereta, seus braços ergueram-se ficando em posição de como se fosse pegar algo. Puxou o ar entre os lábios entreabertos quando a porta abriu, Vegas apareceu e sem pensar muito, Pete pulou contra ele e o levou para o chão.

“O que pensa que está fazendo seu maluco!?” escutou o grito assustado e duas mãos tentando lhe arrancar de cima. “Me solta, chico loco!”

Negou veemente se agarrando mais ainda no pescoço de Vegas, como um filhote de coala pendurado na sua mãe irritada, entrelaçou os dedos um no outro impedindo-o de conseguir removê-lo de cima. O cheiro de morango bateu contra seu nariz e preencheu todo seu pulmão. O estômago vibrou em felicidade.

Droga, como tinha sentido falta daquele maldito cheiro de mulherzinha.

“Não vou soltar você, idiota!” gritou de volta sem se importar se estouraria os tímpanos alheios. “Não vou soltar nunca mais e é melhor aprender a conviver comigo em seu pescoço.”

Vegas gemeu irritado, desistindo de se livrar do pequeno corpo agarrado a si e colocou força nos pés ao tentar se erguer aos poucos mesmo tendo um peso extra rodeando sua cintura com as pernas e braços finos quase lhe enforcando. Levou um tempo até que estivessem de pé e uma porta batendo atrás de suas costas, pelo menos se manteve ali dentro sem ser jogado para fora.

Aquilo contava como vitória.

“Está me sufocando, Pete.” Sentiu dois pares de mãos circulando sua cintura, sem segundas intenções. Apenas deixando elas ali, paradas. “Pelo menos solte meu pescoço se não quer me largar.”

Mesmo desconfiado fez o que foi pedido, largando a nuca dele e notando as mãos se intensificarem até que estivessem prendendo-o no colo. O contentamento lhe tomou por inteiro até espalmar as suas no peito coberto por uma regata branca, não que tivesse sido proposital, mas eram tão firmes ao contrário dos seus.

“Quer parar de encarar meu peito e responder o que veio fazer aqui?” Pete fez biquinho, a voz de Vegas deixava bem claro o quão desquerido tinha sido vê-lo. Pelo menos, dava a entender isso. “Apenas para me dizer que não vai me soltar? Você não é meu filho recém-nascido e muito menos sou sua mãe, Pete.”

moranguinho × vegaspeteOnde histórias criam vida. Descubra agora